Revista Estrutura - edição 2 - page 33

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consideração a grande extensão territo-
rial do país, leva a especulação da cria-
ção de mais parques eólicos para um
melhor aproveitamento desse potencial
ainda pouco explorado.
O processo de escolha dos locais onde
serão instaladas as fazendas eólicas re-
quer muita atenção e vários aspectos de-
vem ser considerados quando se come-
ça a pensar em um projeto eólico. Sendo
eles o solo, condições para montagem
das turbinas, infraestrutura e local onde
esta energia será injetada. Estes são
pontos condicionais para o bom funcio-
namento de um parque eólico. É sempre
bom ressaltar que esses empreendi-
mentos requerem um acompanhamento
bem detalhado do potencial eólico de
cada região antes mesmo do início do
projeto (OCÁCIA, 2002). De acordo com
os dados de Ocácia, pode-se especular
que, em um pré-projeto de montagem, a
definição do potencial eólico juntamente
com a composição do solo local dar-se-á
na estruturação do projeto de fundação
que deve ser montado de acordo com
cada parque eólico.
Sendo uma forma de energia renovável,
a energia eólica tem seu uso potenciali-
zado no território nacional. Desta for-
ma, através de um estudo qualitativo,
descritivo e exploratório, este trabalho
teve como objetivo discutir fundações e
suas localizações no processo de cons-
trução de um parque eólico. Este estudo
evidencia a complexidade das análises
relativas à fundação de torres eólicas
bem como os pontos principais de seu
desenvolvimento, sendo um importante
guia inicial para o direcionamento dos
estudos e pesquisas.
INVESTIGAÇÃO
LOCAL
“Os solos são materiais geológicos
originados a partir da decomposição
das rochas e materiais orgânicos do
mundo natural”
BUDHU, 2015.
Um dos aspectos condicionantes num
projeto de um parque eólico é a sua lo-
calização, pois muito raramente o terre-
no apresenta as mesmas características
para uma determinada área, isto é, para
diferentes localizações existem solos
com parâmetros geotécnicos diferentes.
Um solo pode ser constituído por mais
ou menos extratos e cada extrato tem
valores distintos de resistência à defor-
mação, ao corte, à compressão, massa
volumétrica e tensão admissível. Assim,
dois aspectos cruciais a verificar ao ana-
lisar o tipo de solo são a sua capacidade
de suporte (definida pelo ângulo de atri-
to, coesão e resistência à compressão) e
a deformabilidade (constituída pelo mó-
dulo de Young e o módulo de cisalhamen-
to) (SILVA, 2014).
Em primeiro lugar, para obter-se as pri-
meiras informações é necessário con-
sultar fotografias aéreas (se existirem),
cartas geográficas da região, e fazer uma
inspeção preliminar da zona, para detec-
tar possíveis afloramentos que eviden-
ciem os diferentes materiais geológicos
envolvidos. O reconhecimento visual e os
levantamentos de campo a serem reali-
zados terão lugar em estações de pesqui-
sa na área onde se irá instalar o parque
eólico (SILVA, 2014).
Segundo a ABNT NBR 6122:2010, para
fins de projeto e execução de fundações,
as investigações do terreno de fundação
constituído por solo, rocha, mistura de
ambos ou rejeitos compreendem:
a) Investigações de campo:
Sondagens a trado, conforme a
NBR 9603, poços e trincheiras,
conforme a NBR 9604, de inspe-
ção ou de amostragem, sondagens
de simples reconhecimento à per-
cussão, sondagens rotativas e son-
dagens especiais para retirada de
amostras indeformadas conforme
a NBR 9820;
Ensaios de penetração quase está-
tica ou dinâmica, ensaios
in situ
de
resistência e deformabilidade, con-
forme a NBR 12069.
Ensaios
in situ
de permeabilidade ou
determinação da perda d’água;
Medições de níveis d’água e de pres-
sões neutras;
Medições dos movimentos das
águas subterrâneas;
Processos geofísicos de reconheci-
mento;
Realização de provas de carga no
terreno ou nos elementos de fun-
dação.
b) Investigações em laboratório sobre
amostras deformadas ou indeforma-
das, representativas das condições
locais, ou seja:
Caracterização: granulometria por
peneiramento com ou sem sedi-
mentação, limites de liquidez e plas-
ticidade;
Resistência: ensaios de compressão
simples, cisalhamento direto, com-
pressão triaxial;
Deformabilidade: ensaio oedométri-
co, compressão triaxial e compres-
são em consolidômetros especiais;
Permeabilidade: ensaios de per-
meabilidade em permeâmetros de
carga constante ou variável, ensaio
de adensamento;
Colapsibilidade e expansibilidade:
ensaios em oedômetros com en-
charcamento da amostra.
FUNDAÇÕES
Fundações são bases estruturais que em
muitos lugares também são conhecidas
como alicerce. Em um jargão popular, ali-
cerce é caracterizado pela estrutura ou
base para alguma obra ou projeto. De
acordo com o dicionário virtual Michae-
lis, alicerce tem seu significado como
“maciço de alvenaria que serve de base
às paredes de um edifício; escavação,
para assentar parede; base, fundamen-
to”. Essa definição não contradiz a pala-
vra fundação, que pode ser levada como
um sinônimo, uma vez que seu signifi-
cado é “conjunto de obras necessárias
para segurar e assentar os fundamentos
de uma edificação; fundamento alicerce;
princípio, origem de alguma coisa”.
Uma acepção voltada a construção civil,
de acordo com Azeredo (1988), discorre
que as fundações são elementos capa-
zes de transmitir as cargas da estrutura
ao terreno. Logo entende-se que a fun-
dação é de extrema necessidade para
FIGURA 2: POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO.
FONTE: ANEEL (2008).
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