REVISTA ESTRUTURA
| SETEMBRO • 2017
66
AVALIAÇÃO TÉCNICA DE
PROJETO É NECESSÁRIA?
“Uma pessoa inteligente aprende com os
seus erros, uma pessoa sábia aprende com os
erros dos outros”, escreveu o psiquiatra e escri-
tor Augusto Cury, contrapondo-se ao pensa-
mento de Otto van Bismarck: “Os tolos dizem
que aprendem com os seus próprios erros; eu
prefiro aprender com os erros dos outros”.
Ambos, no entanto, reconhecem que os
erros cometidos, por nós mesmos ou por
outros, podem nos servir de proveitosa li-
ção. A condição necessária para que isso
aconteça é que nos aproximemos deles com
humildade, convencidos de que errar é hu-
mano e, por isso, eles estão sempre presen-
tes em todas as nossas atividades.
Os engenheiros que se uniram para es-
crever essa coletânea de casos, em que
aprendemos com erros dos outros, não são
nem sábios nem tolos, mas apenas cons-
cientes de que uma experiência adquirida,
se partilhada por muitos colegas, elevará a
competência coletiva de sua profissão.
São ao todo 27 coautores engenheiros a
relatar 50 casos distintos, que pontificam,
justamente, por sua diversidade de assun-
tos e de estilos. Os assuntos permeiam por
erros em diversas áreas de conhecimento:
geotecnia, concreto armado, concreto pro-
tendido, estruturas de aço, patologia das
estruturas. Abordam problemas de estru-
turas sob ações estáticas, dinâmicas e si-
tuações de incêndio. Falam das edificações,
das pontes, das adutoras, dos reservató-
rios, da chaminé de equilíbrio, dos muros,
da proteção costeira. Os casos referem-se
à fissuração exagerada, à deformações in-
convenientes, à corrosão, à vibrações ex-
cessivas e ao colapso.
Os coautores impõem seu próprio estilo
de linguagem, de narrativa e diversificam
o formato do texto, impedindo assim que
a leitura se torne monótona ao passar de
um caso para outro.
Todos os coautores desejam que essa
coletânea de casos, rica em ensinamen-
tos, tenha divulgação tão ampla quanto
as virtudes que contém. Essa divulgação
é livre, mas deverá ser sempre gratuita.
Se alguma instituição desejar editar esse
trabalho, está autorizada a fazer, desde
que mantenha integralmente a coletânea
como está e sem auferir benefícios finan-
ceiros. Se alguém desejar divulgar casos
isolados que o faça, desde que forneça a
referência.
Boa leitura e bom aprendizado.
POR EDUARDO BARROS MILLEN
APRENDENDO COM O ERRO
| A FINALIDADE DA ATP
T
emos vivido nos últimos quinze
ou vinte anos uma oscilação sig-
nificativa no mercado da enge-
nharia civil.
Passamos por uma fase de pouco traba-
lho, com perda de mão de obra, engenhei-
ros se formando para trabalhar em áreas
financeiras e fuga dos jovens da atividade
de engenharia civil. A fase passou e muda-
mos para uma situação de pleno trabalho,
com carência de mão de obra especializa-
da em todos os segmentos da cadeia da
construção civil – engenheiros, arquitetos,
projetistas, desenhistas, técnicos, oficiais
de obras e muito mais, ocasionando falta
de pessoal nos escritórios de projetos de
estruturas, arquitetura, instalações, nas
ATP DEVE SER REALIZADA, DE PREFERÊNCIA, JUNTO COM A FASE DE PROJETO,
REQUER UM PROFISSIONAL HABILITADO E É UMA GARANTIA DE MENOS FISSSURAS,
DEFORMAÇÕES E COLAPSOS NAS OBRAS
construtoras, nos laboratórios, nas fisca-
lizadoras de obras, nos fornecedores de
materiais. Faltava pessoal especializado,
com experiência e conhecimento. Depois
novo pequeno período de recessão, em
seguida retomada do crescimento e ago-
ra, nos últimos três anos, convivemos com
uma crise significativa.
A ABECE, para atender demanda de
seus associados, criou em 2010 um cur-
so de pós-graduação, lato sensu, para
formação de engenheiros projetistas
estruturais.
A situação de falta de pessoal resultou
que os projetos, obras e demais serviços
começaram a ser delegados a recém-for-
mados, com pouca ou nenhuma expe-