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riência e até a estagiários, e profissionais
de outras áreas.
Não adianta ter uma Ferrari se o piloto
não sabe nem dar a partida. Não adianta
termos excelentes softwares se o enge-
nheiro não conhece as normas.
O que aconteceu, sabemos: insuces-
sos, colapsos de estruturas e o mais gra-
ve, mortes de pessoas.
Caros amigos leitores, essas e várias
outras obras que poderíamos relembrar
e enumerar, ruíram, principalmente, por
falhas de projeto:
Falha da consideração de cálculo ade-
quada do efeito do vento, falha no dimen-
sionamento e no detalhamento adequa-
dos na punção de lajes, falhas de cálculo
e de detalhamento da armação do bloco
de fundação.
Essas falhas poderiam ter sido evitadas?
Vidas poderiam não ter sido ceifadas?
Resposta: Sim.
Como?
Me responda você, caro leitor.
A comissão de revisão da norma ABNT
NBR 6118:2014, numa decisão sensata e
pensando nas vidas humanas, alterou o
item da norma de 2003 que previa a ve-
rificação de projetos estruturais somente
para “obras de grande porte”, retirando
essas palavras do texto.
Assim o capítulo 5 em seu parágrafo
5.3 que fala sobre a avaliação da confor-
midade de projeto, diz que a ATP “deve
ser realizada por profissional habilitado”
e também que “deve ser realizada antes
da fase de construção e, de preferência,
simultaneamente com a fase de projeto”.
Com isso, diferentemente da versão de
2003 da norma, a ATP deve ser feita
para todo tipo de projeto estrutural.
Uma edícula de uma casa, se ruir, pode
matar alguémque esteja dentro dela.
É muito importante numa ATP a postura
ética do avaliador. Sobre este assun-
to e outros relacionados à ATP, reco-
mendo o texto de Recomendações
ABECE 002:2015 – Avaliação, Técnica
do Projeto de Estruturas de Concre-
to, disponível para
download
no site
da ABECE
). Vá-
rios escritórios dos mais notáveis da
engenharia estrutural brasileira, tem
passado pela ATP e o comentário
que se houve é que a ATP foi positiva,
sempre agregando algo ao trabalho.
O projetista estrutural, hoje em dia, de-
pois do advento do ”Código de De-
8. Armaduras mínimas em geral.
No caso de estruturas pré-moldadas,
acaba de ser publicada a versão 2017 da
ABNT NBR 9062, com muitas alterações
em relação à norma de 2006, que deve-
rão ser consideradas nos novos projetos,
além das exigências já obrigatórias. Para
essas estruturas é importante conside-
rar, entre outras coisas:
1. Fases transitórias da estrutura.
2. Especificações nas fases de fa-
bricação, desforma, estocagem,
transporte.
3. Posição das alças ou furos para ma-
nuseio de peças pré-moldadas.
4. Alças não podem usar aço CA25,
CA50, CA60.
5. Espessura de capeamento mínimo
de 5 cm.
6. Critérios para ligações articuladas,
semi-rígidas e rígidas.
7. Critérios de resistência ao fogo.
A ATP não é uma exclusividade brasi-
leira. Inúmeros outros países de primeiro
mundo já praticam essa atividade há algu-
mas décadas. E nossos contratantes terão
maiores garantias de haver menos fissu-
ras, deformações, colapsos, refazimentos
e futuras onerosas manutenções.
fesa do Consumidor”, está sujeito a
processos judiciais em casos de insu-
cessos de obras, que podem ter tido
outra causa, mas se o projetista es-
trutural não estiver estritamente de
acordo comas normas umadvogado
esperto, pode induzir o juiz a conde-
nar o projetista, como já ocorreu.
Por isso, mesmo escritórios renoma-
dos, estão sujeitos a pequenas não
conformidades, por estarem acos-
tumados a um certo tipo de deta-
lhamento há anos e não se aperce-
beram que a norma mudou.
Exemplos:
1. Armadura mínima transversal de
pilares.
2. Armadura mínima transversal nas
emendas por transpasse em pilares.
3. Armadura de distribuição sob ar-
maduras negativas de lajes.
4. Armadura inferiores de blocos de
fundação na direção das estacas.
5. Armadura de pele nos blocos de
fundação.
6. Armadura superiores nos blocos
de fundação.
7. Armadura negativa em bordas de
lajes.
ALGUNS EXEMPLOS
PORQUE CAIU O
EDIFÍCIO REAL
CLASS EM BELÉM
NO PARÁ EM 2011?
PORQUE CAIU
O VIADUTO EM
BH EM 2014?
PORQUE CAIU O
SHOPPING TERESINA
EM 2013?