Revista Estrutura - edição 2 - page 73

73
As cargas de construção em uma es-
trutura de concreto, onde os pavimen-
tos superiores são escorados nos pa-
vimentos inferiores, podem exceder as
cargas de serviço do projeto de manei-
ra significativa. Um método para de-
terminar essas cargas de construção é
apresentado para lajes lisas ou cogu-
melo. É discutido também o efeito do
escoramento de diferentes números
de pavimentos e o efeito das cargas no
projeto.
Palavras-chaves
: Carga de construção;
deformações; projeto; laje cogumelo;
formas; edifício multipavimentos; esco-
ramento.
Na construção de edifícios multipavi-
mentos em concreto armado, a prática
usual é escorar o pavimento recém con-
cretado em diversos pavimentos con-
cretados. As cargas de construção nos
pavimentos de apoio podem exceder as
cargas das condições de serviço. Essas
cargas dependem da sequência da exe-
cução e não podem ser determinadas
por ensaios.
Neste artigo, as cargas da edificação se-
rão determinadas analiticamente, com
referência particular a lajes lisas ou co-
gumelo. Será demonstrado que com al-
gumas premissas simplificadoras, que
não deverão afetar significativamente o
resultado final, essa análise é muito sa-
tisfatória.
São discutidos também o efeito da quan-
tidade de pavimentos escorados e o efei-
to das cargas da construção no projeto.
DESCRIÇÃO
DA SEQUÊNCIA DA
CONSTRUÇÃO
Em um ciclo típico de construção existem
duas operações alternadas que contro-
lam as cargas que são aplicadas nas lajes:
1. A concretagem de uma nova laje, e
2. A remoção do último lance de escora-
mento.
Por exemplo, uma obra típica que sobe
um pavimento por semana e que traba-
lhe com no máximo três lances de esco-
ramentos, terá, no dia em que a laje do
nível ‘p’ for concretada (Operação A), es-
coras posicionadas sob as lajes ‘p’ (0 dia),
‘p-1’ (7 dias), e ‘p-2’ (14 dias) e a carga das
quatro lajes mais as formas que serão
distribuídas entre as três lajes (lajes ‘p-1’,
‘p-2’ e ‘p-3’) de uma maneira que será de-
terminada.
Cerca de 5 dias depois, as escoras sob a
laje ‘p-2’ serão removidas (Operação B) e
o peso anterior nesse escoramento será
distribuída entre as Lajes ‘p’ (5 dias) ‘p-1’
(12 dias, e ‘p-2’ (19 dias).
As formas, que pesam cerca de 10% da
laje que elas suportam, são incluídas no
peso da laje. O transporte da forma de
um nível a outro tem apenas um peque-
no efeito nas cargas dos escoramentos
acima daquele especificado nas Opera-
ções A e B. E não tem qualquer efeito nas
cargas suportadas pelas lajes, estando
de acordo com a principal premissa de
simplificação desta análise.
Esta premissa é que os escoramentos
são infinitamente rígidos em compa-
ração com as lajes no deslocamento
vertical. Para as escoras de aço isso
é perfeitamente justificado, pois o
encurtamento da escora submetido
a uma carga unitária é significativa-
mente menor em comparação com a
deformação de uma laje recebendo a
mesma carga, exceto por uma peque-
na região na cabeça dos pilares. As es-
coras de madeira tem uma flexibilidade
suficientemente grande para modificar
significativamente a distribuição da
carga entre as lajes, mas os resultados
de escoramentos rígidos permanecem
esclarecedores e, é obtido, na reali-
dade, um indicador conservador das
cargas. O comportamento dos escora-
mentos de madeira e as complicações
matemáticas da interação da rigidez da
laje com a rigidez do escoramento fo-
ram tratados mais detalhadamente por
Neilson. ¹
Há também a premissa de que o espa-
çamento entre as escoras é suficiente-
mente pequeno para que suas reações
sejam consideradas como carga distri-
buída. Com escoramentos rígidos, to-
das as lajes conectadas por eles apre-
sentam uma deformação idêntica. Uma
carga aplicada ao sistema é, portanto,
distribuída entre as lajes proporcional-
mente à rigidez relativa à flexão. Para
demonstrar a análise, a rigidez a flexão
será assumida constante para todas as
lajes, e o efeito da rigidez à flexão au-
mentando com o passar do tempo será
considerado posteriormente.
ANÁLISE DE LAJES
COM RIGIDEZ CONSTANTE
À FLEXÃO
Voltando ao típico ciclo de construção
mencionado, com no máximo de três
lances de escoramentos (
m
= 3). Na Fi-
gura 1, as cargas aplicadas pelas esco-
ras e pelas lajes são expressas como
fatores pelos quais o peso próprio mais
a forma devem ser multiplicados. Esse
fator é denominado como o índice da
carga. Até a forma “sair do chão” todas
as cargas são transmitidas através dos
escoramentos para a fundação rígida,
como é indicado pela condição de 21
dias na Figura 1. Aos 26 dias, o peso do
escoramento (3.0) é distribuído igual-
mente entre as lajes dos Níveis 1, 2 e 3.
Aos 28 dias o peso da laje no nível 4 (1.0)
é distribuído igualmente entre as lajes
dos níveis 1, 2 e 3. Aos 33 dias o peso
do escoramento no nível 1 (0,33) é dis-
tribuída igualmente entre as lajes dos
níveis 2, 3 e 4, e assim por diante.
A análise mostra que os índices de carga
máxima ocorrem em todos os estágios
na laje no nível 3, a última laje concretada
antes das escoras do nível do solo serem
removidas, antes da remoção dos esco-
ramentos no nível do solo. O índice máxi-
mo absoluto da carga foi 2,36 aos 42 dias.
Paul Grundy
é um engenheiro proje-
tista da Hardcastle & Richards, uma
empresa de consultoria estrutural e
engenheiros civis de Melbourne, Austrá-
lia. No momento em que este paper foi
redigida, o Dr. Grundy era engenheiro
da Victorian Branch of Civil and Civic
Pty., Limitada, de Melbourne. Em 1959
ele obteve o diploma de MS da Univer-
sidade de Melbourne por sua pesquisa
sobre a resistência última de estruturas
trianguladas de aço. Recebeu seu PhD
por suas pesquisas sobre estruturas em
Cambridge, Inglaterra.
A.Kabaila
é um professor universitá-
rio, Departamento de Engenharia Civil
da Universidade de New South Wales,
em Sydney. Antes de assumir seu cargo
atual, o Professor Kabaila foi engenhei-
ro chefe da Victorian Branch of Civil and
Civic Pty., Limitada, de Melbourne, e
antes dessa nomeação foi professor no
1...,63,64,65,66,67,68,69,70,71,72 74,75,76,77,78,79,80,81,82,83,...84
Powered by FlippingBook