Revista Estrutura - edição 2 - page 14

REVISTA ESTRUTURA
| OUTUBRO • 2016
14
MATÉRIA
| O QUE ELES QUEREM DE NÓS
N
os últimos anos, sucedendo a
euforia de um mercado extre-
mamente aquecido, a constru-
ção civil brasileira tem vivido
momentos bastante desafiadores, exi-
gindo de cada profissional da engenha-
ria um esforço adicional no sentido de
alcançar novos patamares de eficiência e
excelência.
Neste contexto, apesar de muitas variá-
veis estarem fora do alcance de quem
atua na área, tais como a oferta de cré-
dito, estabilidade do emprego, nível de
renda e programas de desenvolvimento
governamental, cabe uma reflexão: quais
as oportunidades que podem ser apro-
veitadas no curto, médio e longo prazos
pelos profissionais da área e quais as
competências e/ou formas de atuação
que deverão ser aprimoradas para isto?
Nesse sentido, ao fazer um balanço do
mercado imobiliário, julgo que uma das
lições aprendidas com o crescimento de-
sordenado que marcou os últimos anos,
é a necessidade de se fazer um ajuste em
procedimentos e práticas, de maneira
a aprimorar os controles de qualidade.
Com isso, acredito será possível também
diminuir os riscos de engenharia nas fa-
ses de projeto, execução e manutenção
de obras. A construção civil brasileira
precisa estar realmente preparada para
um novo ciclo de expansão, de forma
mais planejada, controlada e eficiente.
Além da formatação e controle da apli-
cação de procedimentos mais rígidos,
há outras oportunidades de melhoria no
segmento, uma delas, a adoção de uma
visão mais abrangente na fase de projeto.
Em alguma medida, ficamos condiciona-
dos a seguir regras e requisitos particu-
lares à determinada disciplina de projeto,
sem considerar, em profundidade, uma
visão sistêmica.
Na interação da estrutura com a veda-
ção, por exemplo, as rupturas de blocos
que surgiram nos últimos dois anos,
ilustram e justificam esta afirmação. Ao
procurar pelas causas destas manifesta-
ções patológicas, realizando verificações
técnicas nota-se que os requisitos das
normas de projeto estrutural, de veda-
ções e instalações, apesar de terem sido
atendidos, isoladamente, não evitaram a
falta de desempenho no funcionamento
conjunto, fazendo com que a vedação
deixasse de cumprir as funções básicas
ao ser levada à ruptura. Na fase de pro-
jetos é importante considerar em maior
profundidade a interação e a influência
combinadas de diferentes variáveis, no
caso em questão, a deformação lenta
da estrutura, encurtamento de pilares,
eventuais deficiências na cura do con-
creto, procedimentos de execução de
estruturas e vedações, módulo de defor-
mação das paredes, enfraquecimento
da vedação em interligações de instala-
ções, tipo de componente utilizado nas
paredes, entre outros.
Assim, penso que a atividade de projeto
poderia ser, além de coordenada em seu
sequenciamento, cada vez mais integra-
da e colaborativa, com a participação
mais efetiva dos construtores.
Esta aproximação do projetista e do
construtor é fundamental também na
etapa de apresentação do projeto, o que
deveria acontecer preferencialmente nos
canteiros de obra, com a participação de
Divulgação
POR MAURÍCIO BERNARDES
INTEGRAÇÃO:
PROJETO X OBRA
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