Revista Estrutura - edição 2 - page 10

REVISTA ESTRUTURA
| OUTUBRO • 2016
10
ENTREVISTA
| ALEXANDRE COUSO
cesso colaborativo, o não cumprimento
dos objetivos por um departamento (ou
mesmo indivíduo) pode por em cheque o
sucesso de todo um investimento e esfor-
ço da equipe. Além disso, o fato de o BIM
ter sido implantado na Edalco de forma
colaborativa permite a contínua motiva-
ção dos profissionais envolvidos e, conse-
quentemente, o aprimoramento do pro-
cesso. Assim sendo, o investimento nas
pessoas e em sua capacitação foi essen-
cial para o sucesso da implementação do
BIM na Edalco.
ABECE –
Comparando uma obra de igual
porte com uso do BIM e sem a ferra-
menta, qual o ganho de produtividade?
E redução do custo final?
Alexandre Couso –
Todas as obras são di-
ferentes, com diferentes complexidades e
dimensões e, portanto, a definição de uma
percentagem de ganho de produtividade
ou de redução de custo deve ter isso em
conta. Nas nossas implementações, temos
avaliado váriasmétricas de forma a analisar
o sucesso do ponto de vista de performan-
ce ao nível dos custos, tempo e qualidade.
Podemos, assim, exemplificar os ganhos
obtidos por meio de nossas experiências:
– Cerca de 30% das revisões de projetos
são relativos a problemas de incompati-
bilidades não detectados devidamente.
Com o BIM temos conseguido diminuir o
número destas revisões devido ao pro-
cesso rápido e automático de checagem
de interferências.
– Em média, a duração dos levantamentos
dos quantitativos realizados manualmente
dura em torno de 20 dias trabalhados. A
partir do edifício modelado, a extração de
quantitativos é instantânea. Assim sendo,
temos uma diminuição no tempo de orça-
mentos, pois se aproveita o trabalho reali-
zado na modelagem para compatibilização
dos projetos, eliminando-se o trabalho de
medição manual usando o Autocad e o Ex-
cel com os respectivos erros associados.
Testes comparativos demonstraram que
as diferenças entre quantidades levanta-
das manualmente e quantidades geradas
do modelo foram inferiores a 1%, reforçan-
do a confiabilidade no uso do BIM.
– Relativo à redução de custos, a nossa ex-
periência demonstra que é possível uma re-
dução de aproximadamente 55% dos cus-
tos de horas trabalhadas dos profissionais
envolvidos nas fases de Projetos, Orçamen-
tos e Planejamento.
ABECE –
Atualmente, todos os projetos
são desenvolvidos em BIM?
Alexandre Couso –
Todos os novos proje-
tos estão a ser desenvolvidos em ambiente
BIM. Esta foi a opção estratégica tomada.
Consideramos que não justificaria o inves-
timento migrar projetos já em curso.
ABECE –
Quais os principais benefícios
com sua utilização?
Alexandre Couso –
Além dos benefícios
referidos anteriormente em termos de pro-
dutividade e redução de custos, o modelo
BIM, quando integrado com o orçamento
e o planejamento (com linha de balanço),
traz objetividade ao processo. Ele torna o
planejamento físico mais detalhado e mais
assertivo, cria um banco de dados de pro-
dutividade e deixa visíveis as folgas que no
planejamento em Gantt deixa as atividades
da obra mais parecidas com uma linha de
produção. Por outro lado, como lado, como
o acompanhamento é feito no mesmo am-
biente BIM, a metodologia imprime inteli-
gência ao planejamento de forma que seja
possível projetar a produtividade realizada
nos pavimentos já executados, sobre os pa-
vimentos seguintes. Dessa forma, ele rea-
justa a produtidade e produz uma previsão
do que irá acontecer na obra permitindo
tomar ações corretivas com antecedência.
É ainda promovida uma eliminação do
trabalho de execução do cronograma fi-
nanceiro, uma vez que devido à integração
do orçamento com o planejamento físico,
qualquer alteração nele ou ao modelo (es-
copo da obra) se reflete no cronograma
financeiro.
Por fim, uma situação positiva identificada
no processo de implantação do BIM foi a
oportunidade que os profissionais de dife-
rentes áreas dentro da empresa tiveramde
conhecer os processos de outros departa-
mentos, ou seja, motivada pelo objetivo
principal de integração do BIM, a empresa
teve a oportunidade de renovar seu olhar
sobre o processo como um todo.
ABECE –
Qual sua opinião sobre a siner-
gia necessária entre o construtor/incor-
porador e o projetista de estrutura nas
diversas etapas de desenvolvimento do
empreendimento: concepção, desen-
volvimento do projeto, durante a execu-
ção da obra e após a entrega?
Alexandre Couso –
A integração entre
construtor, incorporador e projetista de
estrutura é fundamental para o bom de-
senvolvimento do empreendimento em to-
das as etapas. A participação do projetista
de estrutura junto com a construtora na
concepção do produto e desenvolvimen-
to do projeto é extremamente necessária,
pois acreditamos que a técnica e a criação
precisam andar juntas, objetivando a viabi-
lidade técnica e econômica, a racionaliza-
ção da construção, o desempenho do pro-
duto e a facilidade da manutenção.
Na fase de execução da obra podemos,
através do acompanhamento e controle da
execução, garantir a aplicação dasmelhores
práticas, orientando a equipe técnica para
garantir o desempenho previsto em proje-
to e evitar patologias futuras possíveis ao
incorporador. Os benefícios dessa sinergia
se evidenciam na finalização do empreendi-
mento, no custo, no prazo planejado e com
a qualidade e desempenhos projetados.
Na fase após a entrega, entendemos a
necessidade de ouvir nosso cliente atra-
vés de pesquisa e acompanhar a vida do
empreendimento, fazendo uma análise
crítica do trabalho realizado, corrigindo
procedimentos usados na elaboração do
projeto, desde a sua concepção até sua
manutenção, melhorando os custos e
buscando no futuro desenvolver melho-
res projetos que vão ao encontro dos an-
seios do nosso público consumidor.
ABECE –
Qual sua opinião sobre a am-
pliação do escopo do projetista estrutu-
ral, passando a incluir uma participação
no planejamento da execução da estru-
tura junto à equipe de execução?
Alexandre Couso –
Entendo como ne-
cessária a ampliação do escopo de con-
tratação do projetista de estrutura, com a
finalidade de acompanhar todas as fases
do projeto e do empreendimento, princi-
palmente na sua concepção, implantação e
no seu planejamento, onde fazemos simu-
lações de vários sistemas estruturais, ana-
lisando seus impactos, no prazo e no custo,
buscando a racionalização e a viabilidade
técnica mais adequada.
ABECE –
Quais são os fatores mais im-
portantes para a concepção do projeto
estrutural na construtora?
AlexandreCouso –
Os fatores são o atendi-
mento às normas técnicas, a elaboração de
uma estrutura que atenda as necessidades
do produto e da arquitetura, de forma mais
racional possível para a execução da obra e
menor custo para o empreendimento.
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