A forma da curva que
caracteriza a deforma-
ção lenta depende de
um grande número de
fatores. Destacamos
a composição do con-
creto e a umidade do
meio ambiente entre
os mais importantes.
Em 1937 Davis publica-
va resultados de pes-
quisas que sugeriam
ter o tipo de “agrega-
do graúdo” emprega-
do grande influência
sôbre a deformação
lenta. Davis testou
corpos de prova que
diferiam apenas nas
características minera-
lógicas dos agregados
e obteve diferentes
comportamentos com
relação à deforma-
ção lenta. Êsse fato suscitou discussões
e apresentava-se como absurdo. Se o
“agregado graúdo”, devido a sua consti-
tuição de rocha apresenta fenômenos
de deformação lenta apenas de ordem
de grandeza desprezível, como poderá
influenciar tão fortemente sôbre a de-
formação lenta do concreto apenas pela
mudança de suas características minera-
lógicas! Tornou-se necessário um reestu-
do do problema. Executou-o o Laborató-
rio de Munique, nos últimos anos e não
só foram confirmados os resultados de
Davis como foram também esclarecidas
as suas causas.
O concreto é em princípio constituído de
2 componentes: a pasta de cimento e o
agregado, o primeiro a envolver o segun-
do. A pasta de comportamento predomi-
nantemente viscoso junta ao agregado
de comportamento quase que puramen-
te elástico. Imaginemos êsses 2 compo-
nentes representados agora no modelo
reológico, onde o comportamento elásti-
co do agregado é representado pela mola
e o comportamento predominantemente
viscoso da pasta é representado por um
êmbolo cheio de um fluido e um pistão
impulsionado por uma mola.
Com a introdução da carga provoca-se um
encurtamento nas molas — a deformação
elástica. A deformação lenta que se se-
gue vem representada pelo lento correr
do êmbolo até o seu estado de repouso.
Será fácil entender através o modêlo que
essa deformação lenta será tanto menor
tanto menos deformáveis forem as molas
que representam o agregado. Ou seja, um
agregado com alto módulo de elasticida-
de “E” conduzirá o concreto a menores
deformações lentas. As pesquisas no La-
boratório do Prof. Ruesch comprovaram
experimentalmente êsse fato (Ver Fig. 9). A
utilização dêsse conhecimento é imediata.
Uma pavimentação de concreto fissurará
tanto menos tanto maior fôr a sua defor-
mação lenta. Seria vantajoso nesse caso o
emprêgo de agregados com baixo módulo
de elasticidade. Pelo menos para as cama-
das de concreto não sujeitas diretamente
à ação de desgaste pelo tráfego. Por outro
lado em estruturas em que a presença da
deformação lenta é prejudicial, como es-
truturas em arcos ou abóbodas ou de con-
creto protendido, recomenda-se o emprê-
go de agregados com altos módulos “E”.
Uma outra causa para êsse fato foi tam-
bém encontrada. O agregado quando da
confecção da mistura absorve uma parce-
la de água que, com o secamento, poderá
ser devolvida à argamassa que lhe envol-
ve. Um concreto com baixo fator água/
cimento apresentará MENOR deformação
lenta se o “clima úmido” no seu interior
FIG. 6 – RELAÇÃO EMPÍRICA ENTRE E E
s
K
OBTIDA POR SACHNOWSKI
FIG. 7 – DETERMINAÇÃO SEGUNDO GLANVILLE DO MÓDULO
E
POR EXTRAPOLAÇÃO, ATRAVÉS DAS
DEFORMAÇÕES MEDIDAS COM CARREGAMENTOS DE DIFERENTES VELOCIDADES
ARTIGO RETRÔ
| REVISTA 47 - 1962
REVISTA ESTRUTURA
| OUTUBRO • 2016
42