o que deve se passar com o material
concreto submetido a um carregamento
de longa duração, se êle possui, como já
se demonstrou, características plásticas
e elásticas? Aumentando a deformação
com a permanência da carga, até que
tensão poderemos solicitar um concre-
to para que o carregamento possa ser
mantido sem se atingir a ruptura? As
respostas a essas perguntas vêm sendo
o motivo de pesquisas que já a alguns
anos vêm se realizando no Laboratório
de Munique. A Fig. 14 indica o que tem
sido essa pesquisa. A curva a direita
corresponde a um teste normal com
duração de 20 min. E cada linha hori-
zontal corresponde a um “grau de carre-
gamento” que foi mantido. A depender
dêsse grau, a duração de carregamento
poderá conduzir para uma ruptura ou
para um estado de repouso. O grau no
estado limite entre o repouso e a rup-
tura, define a resistência do concreto a
carregamento de longa duração.
Se observarmos a variação de volume
de um corpo de prova a compressão (ver
Fig. 10) verificamos que nas proximida-
des da sua ruptura não se verifica mais
unia esperada diminuição mas sim um
sensível aumento de seu volume. Êsse
aumento de volume indicava alteração
na estrutura do material pela criação de
fugas e destruições de ligações. Êsse fato
foi muito melhor observado com a utili-
zação de um transmissor de ultra sons. A
energia emitida pelo transmissor através
um lado do corpo de prova era captada
do lado oposto. Nas proximidades da
ruptura observava-se sempre uma forte
absorção da energia pelo corpo de pro-
va, absorção que poderia ser explicado
através um fenômeno de destruição de
ligações na estrutura do material. A dimi-
nuição de resistência do concreto com a
manutenção do carregamento poderia
ser explicada, em principio, através êsse
fato, ou seja pela destruição progressiva
das ligações na estrutura do material,
sob cargas elevadas.
8. CONCLUSÃO
Foram abordados alguns aspectos do
problema da relação entre tensão e de-
formação no concreto. Não foram abor-
dadas aqui influências independentes
de cargas externas como as devidas à
variação de temperatura e à retração.
Não foram também abordadas aqui as
influências dos carregamentos dinâmi-
cos enquanto que os carregamentos es-
táticos mencionados sempre foram do
tipo compressão simples. Sôbre essas
relações entre tensões e deformações
para um carregamento de traição infe-
lizmente, pouco se sabe. Infelizmente,
pois esse conhecimento poderia estar
prestando relevantes serviços. Sabe-se
p. ex., que em uma viga, na região das
armaduras longitudinais de tração o con-
creto só se romperá após atingir valôres
relativamente elevados de deformação.
Mikhailov utilizou êsse conhecimento e
conseguiu que peças tracionadas apre-
sentassem fissuras sob cargas em que
o alongamento correspondente do con-
creto já atingia duas vêzes o valor da de-
formação correspondente à ruptura por
tração. Está a se exigir um conhecimento
melhor das propriedades de deformação
do concreto. Tanto mais agora quando se
deseja, inclusive entre nós, utilizar me-
lhor essas propriedades para a determi-
nação de grandezas hiperestática.
9. REFERÊNCIAS
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FIG. 14 – DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO DO CONCRETO SOB CARREGAMENTO DE CURTA E
LONGA DURAÇÃO
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| REVISTA 47 - 1962