Revista Estrutura - edição 6 - page 7

receita decorrente de sua venda construi
mais três novas habitações populares nos
mesmos moldes. A venda das três casas
gerou recursos para a compra de dois lo-
tes para a construção de outras 10 habi-
tações, em um bairro da periferia de Belo
Horizonte. Foi emmeio a esse crescimento
exponencial que, em 1979, ao se associar
ao primo Mário Menin, e a um ex-chefe
na Vega Engenharia, Homero Matos, que
fundamos a MRV Engenharia, empresa
que transformaria o segmento imobiliário
brasileiro nas décadas seguintes. MRV é a
inicial dos três sócios fundadores.
ABECE – Já na casa dos 40 anos de ati-
vidade e tendo passado por todas as
oscilações da economia brasileira,
qual balanço que faz da MRV?
Rubens Menin –
Apesar dos desafios im-
postos pelas inúmeras crises econômicas
enfrentadas ao longo dos anos, como a de
1982, o foco na população de baixa ren-
da nunca deixou de ser prioridade para a
MRV. Sempre enxerguei nas crises as opor-
tunidades para enxugar gastos desneces-
sários e investir em inovação e tecnologia,
tornando os processos ainda mais eficien-
tes. Além de manter os custos sob con-
trole, para garantir escala apostamos em
grandes obras e na construção de prédios
padronizados, com os mesmos materiais
e acabamentos nas diferentes unidades.
Dessa forma, conseguimos desenvolver
uma estruturada cadeia de fornecedores
de aço, tinta, tubos, metais e outros ma-
teriais oferecendo um produto de baixo
custo e alta qualidade para o cliente. Com
escala, a empresa ganhou maior poder de
barganha com os fornecedores. Houve ou-
tras melhorias. O processo de “construção
industrializada” permitiu que a MRV en-
tregasse, atualmente, a chave de um novo
apartamento a uma família no Brasil a cada
dois minutos e meio. Com uma média de
18 mil empregados nas obras, entregamos
mais de 320 mil casas e apartamentos no
Brasil até 2017, realizando o sonho da casa
própria de mais de um milhão de pessoas.
Atualmente administramos um total de 214
canteiros de obra, com uma média de 398
unidades em cada canteiro. A MRV está
presente hoje em 150 municípios em 22
estados. Nestas cidades, uma em cada 80
pessoas é cliente da MRV. Então posso di-
zer que, apesar das crises, fomos vitoriosos
em nossa empreitada.
ABECE – Quais os principais fatores
que levaram a empresa a se manter
atuante e com um elevado volume de
obras?
Rubens Menin –
Além de manter os
custos sob controle, para garantir escala
apostamos em grandes obras e na cons-
trução de prédios padronizados, com
os mesmos materiais e acabamentos
nas diferentes unidades. O processo de
construção industrializada nos permitiu
crescer exponencialmente.  Outro ponto
importante é que uma grande empresa
só se faz com gente e estou convencido
de que o sucesso da companhia se deve
ao time diferenciado de mais de 20 mil
colaboradores envolvidos com o proje-
to da MRV. Uma equipe dedicada, ética
e apaixonada pelo que faz. Verdadeiros
realizadores de sonhos.
ABECE – Quantos m
2
construído a
empresa já acumula ao longo de sua
história?
Rubens Menin –
Somente nos últimos
seis anos construímos 40.395.855 m
2
.
Em nossa história temos 340 mil clientes
ativos o equivale a um milhão de brasilei-
ros, sendo que um a cada 200 brasileiros
mora em um imóvel construído pela MRV.
ABECE – Como uma empresa que sem-
pre inova, observa os modernos avan-
ços do setor de construção? Como
avalia, por exemplo, os avanços em
termos de industrialização do proces-
so construtivo? O que acha do BIM? Já
o emprega nos seus projetos?
07
ex-chefe para fundar a MRV Engenharia,
hoje um colosso nacional que já entre-
gou, até o final de 2017, cerca de 320 mil
casas e apartamentos em todo o Brasil.
“Atualmente administramos um total
de 214 canteiros de obra, com uma mé-
dia de 398 unidades em cada canteiro.
A MRV está presente em 150 municípios
de 22 estados. Nestas cidades, uma em
cada 80 pessoas é cliente da MRV”, conta
Menin, um dos fundadores e presidente
do Conselho de Administração da MRV
Engenharia. A receita do sucesso: custos
controlados como no exemplo da primei-
ra casa, garantia de escala de produção,
padronização de itens, construções in-
dustrializada, inovação tecnológica e forte
investimento em capacitação profissional
para formar um time envolvido, dedicado
e “apaixonado pelo que faz”. Acompanhe
a seguir, na entrevista à revista ESTRUTU-
RA, outras opiniões e avaliações de Menin
sobre engenharia, construção e negócios:
ABECE – O que o fez decidir pelo curso
de engenharia civil?
Rubens Menin –
A engenharia corria em
minhas veias desde cedo. Meu avô pater-
no, Asdrubal Teixeira de Souza, era enge-
nheiro e comandava uma empresa que
montava barragens e Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs). Meus pais, Geraldo
e Maura, começaram a namorar ainda na
faculdade de engenharia, em Belo Hori-
zonte – no caso de minha mãe era um
fato incomum no Brasil, especialmente
na década de 50. Minha mãe foi a ter-
ceira mulher a se formar em engenharia
no Estado de Minas Gerais. Minha base
familiar moldou minha educação e, con-
sequentemente, meu futuro. Fui treinado
desde cedo para ser engenheiro. A enge-
nharia sempre fez parte da minha vida.
ABECE – Como nasceu a MRV?
Rubens Menin –
Antes mesmo de me for-
mar, identifiquei uma oportunidade não
apenas de ganhar algum dinheiro, mas de
começar a concretizar o sonho pessoal
de construir um Brasil mais justo e so-
cialmente inclusivo: a construção de uma
casa popular, aquela mesma localizada na
Rua dos Maçaricos, 96, e que continua em
pé até hoje.  Sem dinheiro no bolso, fiz o
que muitos empreendedores novatos e
sem recursos estão acostumados: recorri
a meu pai. Construí a casa com metade
do valor solicitado inicialmente e como a
A construção
industrializada tem
permitido que a
MRV entregue um
novo apartamento
a cada dois
minutos e meio
1,2,3,4,5,6 8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,...68
Powered by FlippingBook