Revista Estrutura - edição 7 - page 4

REVISTA ESTRUTURA
| MAIO • 2019
de uma perspectiva de sustentabilidade.
Os planos de controle da qualidade cons-
tituem basicamente uma modernização
e aperfeiçoamento dos Sistemas de Ge-
renciamento de Pontes criados ao longo
dos últimos 30 anos em diversos países.
Estima-se que o Brasil possua mais de
120 mil pontes rodoviárias, entre rodo-
vias federais, concessionadas, estaduais
e nos municípios.
O SGO – Sistema de Gerenciamento de
Obras de Arte do DNIT, constitui-se numa
iniciativa pioneira com vistas a promover
a gestão das pontes brasileiras, apoiado
nas informações obtidas, com base na
NORMA DNIT 010/2004 – PRO, Inspeções
em pontes e viadutos de concreto armado
e protendido – Procedimento e da ABNT
NBR 9452:2016 – Vistoria de Pontes, Via-
dutos e Passarelas de Concreto. Contudo,
EDITORIAL
04
O
s recentes acidentes em
obras-de-arte especiais (pon-
tes e viadutos), além do caso
das barragens, tanto no Brasil
quanto no exterior, têm levado a comuni-
dade técnico-científica a ser questionada
sobre a eficácia da gestão das condições
de serviço e segurança. Ainda que de im-
portância fundamental, a estimativa da
vida útil em si, é apenas um dos fatores
que pode vir a resultar em falhas e/ou
colapsos.
Existem diversos outros fatores para
perda de
performance
das obras de in-
fraestrutura. Dentre estes destacam-se
o aumento dos níveis de carregamentos,
as falhas na concepção do projeto e na
construção, a falta de controle dos dados
de projeto e parâmetros de controle de
funcionamento, e ausência de manuten-
ção adequada. Todos estes aspectos,
influenciam também na operação das
obras de infraestrutura. Qualquer inter-
rupção dessas pode representar impac-
tos na economia, na sociedade e, em si-
tuação extrema, gerar tragédias.
Cabe citar na área de obras-de-arte
especiais (pontes, passarelas, viadutos) a
rede de investigação e inovação europeia
ACTION TU1406, criada em 2014, que tra-
ta do desenvolvimento instruções para o
desenvolvimento de planos de controle
da qualidade para pontes rodoviárias.
Por planos de controle da qualidade
entende-se a especificação do conjunto
de atividades e ferramentas necessárias
para propiciar a garantia das condições
de segurança e de utilização de uma
ponte ou obra de infraestrutura, dentro
PONTES: É URGENTE
TER PLANEJAMENTO
apesar dessas iniciativas, o Brasil ainda
não dispõe de um Sistema de Gestão de
Pontes (ou um Plano de Controle de Qua-
lidade de Pontes Rodoviárias) unificado e
dotado de um banco de dados uniforme
e com Índices de Performance similares e
bem definidos, de um módulo de degra-
dação baseado em técnicas estocásticas
de previsão, de um módulo de custos
atualizados que permita a quantificação
dos riscos e de um módulo de otimização
para apoio às decisões de gestão, seja no
âmbito público, seja no privado.
Portanto, a situação atual demanda,
de forma urgente, e demandará ainda
mais no futuro, ações para gerenciar
dados relativos a projetos estruturais,
documentos relacionados à construção,
dados de inspeção e manutenção, de for-
ma integrada e contínua. Caso o dever de
casa não seja feito de maneira eficiente
e integrada, e com a urgência necessária,
o setor de infraestrutura pagará o preço
das ações emergenciais com seus altos
custos diretos e indiretos, o que pode
inclusive ter efeitos na própria expansão
da infraestrutura atual, prejudicando o
crescimento do nosso país. A ABECE está
ciente da situação e tem contribuído, por
meio de várias ações, para fomentar a
discussão e a conscientização sobre esse
tema, tanto no meio técnico, quanto nos
setores público e privado. Neste número
da Revista Estrutura poderão ser encon-
trados alguns artigos importantes para
este fim.
Boa leitura a todos!
Túlio Nogueira Bittencourt
Diretor da ABECE
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