Revista Estrutura - edição 7 - page 9

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engenheiros estruturais brasileiros –, a
ABNT NBR 6118 - Projetos de estrutura
de concreto, segue sendo a referência
brasileira e reconhecida, em 2014, como
“Norma Padrão Internacional” pela
In-
ternational Standardization Organization
,
ISO, maior e mais importante organismo
internacional de normalização*.
Por fim e para sustentar ainda mais a
atualidade e qualidade dos profissionais
e seus projetos estruturais, cria-se em
1994 a ABECE, que neste ano comemora
seu Jubileu de Prata, reunindo a catego-
ria e atuando intensamente no aprimo-
ramento dos projetistas estruturais. Em
resumo: nada devemos ao mundo em
qualidade profissional e de projetos.
ABECE – Qual sua análise técnica so-
bre os recentes episódios de colapsos
de estrutura de pontes e viadutos
ocorridos no país?
Paulo Camillo –
Pontes e viadutos são
também chamados de obras de arte, e to-
dos sabemos que qualquer obra de arte
requer cuidados. Em outras palavras: rea-
lizar inspeções e manutenções com o ob-
jetivo de perpetuar ao máximo a vida útil.
A meu juízo e o que depreendo é que os
acidentes decorreram da inexistência do
que acabo de comentar. Ainda que as es-
truturas de concreto apresentem vida útil
bem acima da de projeto, esse comporta-
mento não exclui as inspeções periódicas
dessas obras.
O SINAENCO, Sindicato Nacional das
Empresas de Arquitetura e Engenharia
Consultiva, desenvolve desde 2005, a
campanha pela Manutenção do Ambien-
te Construído, cujo objetivo é alertar so-
ciedade e governos sobre a importância
de políticas permanentes de manuten-
ção de equipamentos públicos e obras
de arte urbanas. A campanha tem como
ação central a elaboração de estudos –
intitulados
Infraestrutura: prazo de
validade vencido
(PVV) –, nos quais é
avaliado o estado aparente de conserva-
ção de pontes, viadutos, estradas, gale-
rias pluviais, entre outros. Neste estudo
realizado em 2006, a equipe do Sinaenco
constatou irregularidades em diversas
obras da cidade e de municípios vizinhos,
constatação que recentemente vimos
novamente nos jornais por força dos aci-
dentes dos viadutos da Marginal Pinhei-
ros na Zona Oeste da cidade e Marginal
Tiete na Zona Norte.
Em recentíssimo workshop promovi-
do pelo SINAENCO sobre a questão, o
secretário municipal de Infraestrutura
Urbana e Obras, Vitor Aly, durante sua
apresentação destacou que a Prefei-
tura de São Paulo, planeja investir até
fins de 2019 cerca de R$ 80 milhões em
inspeções, vistorias e laudos técnicos,
contemplando 185 pontes e viadutos
da capital. A própria ABECE em fins de
fevereiro promoveu, em parceria com
Poli-USP e IBRACON, evento similar des-
tacando a importância da inspeção e
manutenção das obras de arte, evento
que foi finalizado com palestra do pró-
prio secretário Vitor Aly.
ABECE – Que avaliação faz da recém
aprovada Norma ABNT NBR 16697,
que unificou normas relacionadas ao
cimento Portland?
Quais as razões
para essa unificação?
Paulo Camillo –
As atualizações das nor-
mas são uma necessidade, em face da
constante evolução das técnicas e das tec-
nologias, incorporando o que há de mais
atual da normativa internacional aplicá-
vel ao País, além de regulamentar o que
foi pesquisado e aplicado com sucesso. A
nova norma de especificação de cimento
Portland recebeu a identificação de ABNT
NBR 16697 e unificou 8 normas, a saber:
1 - Cimento Portland Comum – CP I e CP
I-S (ABNT NBR 5732); 2 - Cimento Portland
Composto – CP II (ABNT NBR 11578); 3 -
Cimento Portland de Alto Forno – CP III
(ABNT NBR 5735); 4 - Cimento Portland
Pozolânico – CP IV (ABNT NBR 5736); 5 - Ci-
mento Portland de Alta Resistência Inicial
– CP V ARI (ABNT NBR 5733); 6 - Cimento
Portland Resistente a Sulfatos – RS (ABNT
NBR 5737); 7 - Cimento Portland de Bai-
xo Calor de Hidratação – BC (ABNT NBR
13116); 8 - Cimento Portland Branco – CPB
(ABNT NBR 12989).
E todos os requisitos para os tipos de ci-
mentos citados foram contemplados na
nova norma. A sugestão de se ter uma
norma unificada veio de exemplos inter-
nacionais que já adotam essa prática,
como é o caso da Argentina, do México e
países da União Europeia, beneficiando
principalmente os consumidores pela
facilidade de consulta e diferenciação
dos vários tipos de cimento. Não há
impacto dessa nova norma nas ativi-
dades de projeto estrutural porque os
níveis de resistência à compressão dos
cimentos contemplados nessa nova nor-
ma seguem inalterados. Quanto à qua-
lidade, o consumidor não deve verificar
mudanças significativas, pois não houve
alterações nos requisitos de desempe-
nho, representados pelos valores de
resistência à compressão nas diferentes
idades de controle, nem tampouco com
relação aos tempos de pega, finura e ex-
pansibilidade. Saliente–se que o cimento
é um dos produtos com maiores índices
de conformidade no Programa Setorial
da Qualidade do PBQP-H do Ministério
das Cidades.
ABECE – Quais são seus planos à fren-
te da ABCP? Pode relacionar os prin-
Ganhos de resistência e
durabilidade dos novos tipos de
cimento resultam em projetos
estruturais mais esbeltos sem
risco à segurança
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