Revista Estrutura - edição 4 - page 7

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resistências muito elevadas; a possibili-
dade de efetuarmos análises não linea-
res com o material solo (um desenvolvi-
mento recente); e também o fato de ser
possível fazer dimensionamento com-
putacional de estruturas sem necessi-
dade de nos atermos às simplificações
restritivas de normas.
Soma-se a esses avanços, o uso de equi-
pamentos sofisticados e poderosos para
a construção de obras de estruturas
(equipamentos estes ainda de uso inci-
piente no Brasil em alguns casos); a mo-
dernização dos conceitos das teorias de
dimensionamento dos diversos materiais
utilizados; a possibilidade de obtermos
os dados tecnológicos de publicações e
de novas pesquisas em questão de se-
gundos pela Internet, sem esquecer da
elevada qualidade e elevada capacidade
de processamento dos computadores
atualmente disponíveis para o projeto e,
finalmente, a facilidade em preparar os
relatório de projeto em processadores
de texto.
ABECE – Quais os principais avanços
registrados nesse campo da enge-
nharia brasileira desde em que o se-
nhor iniciou suas atividades profis-
sionais?
ERNANI DIAZ –
Todos estes avanços
citados são válidos também no Brasil
em vista da facilidade de se trocar in-
formações e de participarmos também,
em âmbito internacional, dos organis-
mos internacionais de divulgação da
tecnologia avançada em estruturas.
O único desenvolvimento que deixa a
desejar no Brasil é o emprego de equi-
pamentos de construção sofisticados,
o que condiciona muitas vezes a con-
cepção de obras com projetos simpló-
rios e dispendiosos. A diferença básica
de hoje em relação ao passado, como
todos sabem, é o uso do computador
em todas as fases do projeto, da con-
cepção até à construção. Mas o mais
importante é o uso da técnica do CAD
na preparação de desenhos e na facili-
dade de analisar e dimensionar as es-
truturas. Me formei em 1959, passei al-
gum tempo no exterior e quando voltei
e comecei a atuar no projeto da Ponte
Rio Niterói, em 1970, criamos o primei-
ro grupo de projeto com uso de com-
putadores no Brasil na firma Noronha
Engenharia, com Antonio de Noronha
Filho. Este foi o marco decisivo de tudo
do que aconteceu depois na engenha-
ria de estruturas.
ABECE – A seu ver, qual foi o mais
significativo?  Quais as áreas da en-
genharia de estrutura onde houve
maior evolução nas últimas décadas?
ERNANI DIAZ –
Em termos de projetos
de estruturas dois grandes desenvolvi-
mentos ocorreram na concepção de pro-
jetos. Um foi o uso de lajes protendidas
sem necessidade dos apoios em vigas e o
outro foi a utilização de pontes estaiadas
de forma quase corriqueira.
ABECE – Como avalia o atual momen-
to da engenharia brasileira na área
estrutural, do ponto de vista técnico?
ERNANI DIAZ –
O trabalho de projeto
envolve engenheiros e projetistas com
experiência em CAD. No passado já so-
fremos hiato no desenvolvimento tecno-
lógico destes profissionais importantes.
Vai haver sem dúvida nenhuma um outro
hiato atual em que a formação destes
técnicos vai sofrer de novo uma interrup-
ção importante.
ABECE – Poderia relacionar obras
marcantes da quais participou, deta-
lhando os principais desafios venci-
dos com sua realização?
ERNANI DIAZ –
Participei de grandes
obras, entre elas a da Ponte Rio Niterói,
na qual atuei como chefe de projeto da
Noronha Engenharia. Concebemos uma
obra capaz de trazer para o Brasil várias
tecnologias modernas de projeto e de
construção: uso maciço de computado-
res, pré-fabricação de estruturas, funda-
ções em estacas escavadas até a rocha,
montagem de peças estruturais com
equipamentos especializados, colagem
de aduelas com epóxi, etc.
No caso da obra da Central Nuclear de An-
gra 2, atuando como chefe de projeto na
Promon Engenharia, usamos maciçamen-
te o computador com a utilização da téc-
nica de elementos finitos e conseguimos,
junto com Eduardo Thomaz, levar adiante
este projeto complexo e pioneiro no Bra-
sil. Na Ferrovia do Aço, como consultor
para a Engefer, resolvemos, junto com a
equipe da empresa e também da firma Fi-
gueiredo Ferraz, os inúmeros problemas
de projeto e de construção. No caso das
pontes e viadutos conseguimos, atuando
com vários projetistas, todos excelentes,
obter obras seguras e que satisfizeram a
todos os envolvidos nos projetos. Atual-
mente, estamos atuando, juntamente
Uso de laje protendida sem
apoios em vigas e utilização de
pontes estaiadas de forma quase
corriqueira foram dois dos
grandes desenvolvimentos que
ocorreram na concepção de projetos
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