Revista Estrutura - edição 4 - page 8

REVISTA ESTRUTURA
| SETEMBRO • 2017
08
com o Labgene – Laboratório de Geração
de Energia Nucleoelétrica, em obras es-
truturais da Marinha do Brasil que estão
relacionadas a instalações nucleares, um
trabalho em comum acordo com a CNEN
– Comissão Nacional de Energia Nuclear,
de modo a obter estruturas seguras e ao
mesmo tempo pioneiras.
ABECE – Relate um pouco sobre sua
experiência internacional e qual a
importância dela em sua carreira
profissional?
ERNANI DIAZ –
Comecei a minha vida
profissional na Alemanha na Dyckerhoff
und Widmann atuando com o professor
Herbert Kupfer durante quatro anos.
Aprendi concreto protendido lá utilizan-
do o
know how
alemão. Trouxe para o Bra-
sil na época várias ideias novas criadas na
Alemanha e que agora são padrões aqui,
tais como: armadura de estribos verti-
cais, barras superiores e inferiores de
flexão retas e cabos de protensão com
configuração retilínea, entre outras.
ABECE – Como avalia o atual estágio
do ensino da engenharia de estrutu-
ras no Brasil? Pode comparar com a
praticada em países europeus ou nos
Estados Unidos?
ERNANI DIAZ –
O curso de engenharia
civil praticado na UFRJ - Universidade
Federal do Rio de Janeiro tem um cará-
ter muito adequado adotando a espe-
cialização já na graduação. Os alunos
já saem com uma bagagem tecnológica
bem adequada nas várias áreas de es-
truturas, construção, mecânica dos so-
los, obras hidráulicas, transportes. Creio
que esta especialização da engenharia
civil na UFRJ suplanta o ensino em ou-
tras universidades estrangeiras. Já em
outras universidades brasileiras o nível
generalista do curso de engenharia civil
não consegue acompanhar o desenvol-
vimento tecnológico existente na co-
munidade profissional. É praticamente
impossível poder ministrar disciplinas
que ao mesmo tempo pretendem dar
uma base tecnológica e ao mesmo tem-
po conferir bagagem tecnológica para
acompanhar o que se faz na prática com
o volume de informação e desenvolvi-
mento existente.
ABECE – Que análise faz de alguns epi-
sódios recentes envolvendo colapsos
estruturais ocorridos no Brasil?
ERNANI DIAZ –
Os problemas ocorri-
dos poderiam simplesmente ser evita-
dos com a atuação de revisores compe-
tentes de projeto. Uma firma importante
de construção chega a exigir dois revi-
sores quando um projeto começa a ficar
muito sofisticado. Alguns erros seriam
detectados por meio de uma verifica-
ção simples. A firma construtora só tem
a ganhar com a atuação destes reviso-
res. Por outro lado, alguns acidentes
não seriam evitados com a atuação de
um revisor. Um exemplo clássico é o da
ciclovia na avenida Niemeyer no Rio de
Janeiro. Nenhum engenheiro poderia
imaginar que a construção de uma pla-
taforma inferior (para piqueniques) nas
décadas passadas na encosta rochosa
poderia provocar uma onda que se pro-
jetasse para cima derrubando o viaduto
pré-moldado.
ABECE – Fora sua atuação na enge-
nharia, quais são seus outros interes-
ses, hobbies ou atividades que prati-
ca em horários de folga?
ERNANI DIAZ –
Além de engenheiro
civil o meu interesse é amplo com um
leque que abrange várias especialida-
des: a botânica (publiquei um livro so-
bre Figueiras no Brasil), a arquitetura,
a música (fui aluno do curso de violino
na UFRJ), leitura de revistas científicas
(Scientific American, Recherche, Science
et Vie), medicina (tenho inúmeros livros
de medicina de várias especialidades).
Também sou vidrado em filmes e ope-
ras, que assisto sempre ao lado de mi-
nha mulher.
ABECE – Qual sua mensagem para jo-
vens que estejam pensando em iniciar
o curso de engenharia civil? E, especi-
ficamente, para quem pretende come-
çar na área de estruturas o que diria?
ERNANI DIAZ –
A crise brasileira vai passar.
Os alunos precisam aproveitar a época de
“vacas magras” e se preparar muito, para
quando chegar a hora da euforia de de-
senvolvimento na indústria de construção,
eles estaremaptos a enfrentar o desafio. Os
especialistas de estruturas podem atuar de
forma adequada em todas as áreas da en-
genharia civil. É a atividade de projetista de
estrutura que dá uma melhor base para en-
frentar qualquer desafio na profissão.
O especialista em estruturas pode
atuar em todas as áreas da engenharia,
pois ela é o ramo da engenharia
civil que dá a melhor base
para o profissional enfrentar
qualquer desafio
NOSSO CRAQUE
| BENJAMIN ERNANI DIAZ
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