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construção. A Figura 1 resume as prin-
cipais causas de problemas em constru-
ções em alvenaria no país.
FISSURAS NA ALVENARIA
O aparecimento de fissuras na superfície
da alvenaria é uma indicação visual da
existência de defeitos que prejudicam
o seu desempenho. Grimm[3] ressalta
que as fissuras são a primeira causa de
três ocorrências: penetração de água,
inconveniências estéticas, problemas
estruturais. Além dessas implicações,
ocorrem ainda prejuízos significativos
ao isolamento acústico, à durabilidade e
à resistência ao fogo das alvenarias em
situação de incêndio.
A prevenção do processo de fissuração
é certamente a atitude mais indicada
para enfrentar o problema. Essa pre-
venção pode e deve ser feita, conce-
bendo-se todo o processo de constru-
ção, começando pelo planejamento e
terminando pela manutenção. Thomaz
[4] assinala que a prevenção está rela-
cionada com muitos aspectos, como os
resumidos na figura 2.
Como o problema da fissuração é com-
plexo, podendo-se identificar várias e
simultâneas causas, diferentes aspectos
da prevenção e do reparo da alvenaria
podem ser considerados, como assina-
lado por Souza et al [5]. Os problemas
mais comuns observados no Brasil são
causados por: a) recalques diferenciais
de fundações; b) deformações de ele-
mentos estruturais que servem de apoio
para paredes ou que com elas intera-
gem; c) deficiências de projeto ou proce-
dimentos de execução inadequados; d)
movimentações das lajes de cobertura
em contato com as paredes sobre as
quais se apoiam.
O presente artigo trata das fissuras que
costumam aparecer em paredes sob la-
jes de cobertura, que estão relacionadas
aos dois últimos subgrupos assinalados
no parágrafo anterior.
FISSURAS JUNTO À LAJE DE
COBERTURA
Esse processo de fissuração geralmente
não compromete a segurança estrutural.
Ainda assim, são enormes os prejuízos
causados, por serem fissuras de difícil
reparação e que acarretam problemas
estéticos e de permeabilidade de água.
Como as juntas de argamassa constituem
os planos de fraqueza da alvenaria, o pro-
cesso de fissuração costuma ocorrer se-
gundo as duas configurações geométricas
esquematizadas na figura 3. A primeira,
constituída por fissuras horizontais, cos-
tuma acompanhar a junta de assenta-
mento localizada logo abaixo da laje de
cobertura. A segunda é constituída por
fissuras que acompanham juntas verticais
e horizontais, produzindo uma configura-
ção inclinada em formato de escada.
A ocorrência dessas fissuras está relacio-
nada à deficiência de resistência ao cisa-
lhamento, o que pode ser entendido com
base no critério de Coulomb. Segundo
esse critério, adotado pelas atuais nor-
mas brasileiras de alvenaria estrutural
[7] [8], a resistência ao cisalhamento da
interface junta/unidade está associada a
uma aderência inicial e ao atrito mobili-
zado por pré-compressão. A pior conju-
gação desses fatores ocorre logo abaixo
da cobertura, uma vez que as paredes
estão sujeitas a baixas compressões e
a laje está submetida à maior tendência
de variação dimensional. Essa tendência
ocorre por efeito da retração adicionado
à variação de temperatura, o que é um
problema bastante acentuado em países
tropicais como o nosso.
Como destacado por Corrêa e Ramalho
[6], as paredes que apresentam a maior
tendência à fissuração são: a) as que se
encontram mais afastadas das regiões
centrais do pavimento, por seremmaiores
os deslocamentos dos pontos da laje loca-
lizados junto às suas bordas; b) as paredes
que chegam de topo na fachada, por apre-
sentarem variações de temperatura muito
diferentes das que ocorrem nas lajes.
Execução
8%
Projeto
11%
Tecnologia
17%
Gestão
8%
Planejamento
44%
FIG. 1 – CAUSAS DE DEFEITOS NAS CONSTRUÇÕES BRASILEIRAS.
FIG. 2 – PREVENÇÃO DE FISSURAS [4].