REVISTA ESTRUTURA
          
        
        
          |  ABRIL • 2017
        
        
          
            64
          
        
        
          8.666, o avanço nas licitações de obras
        
        
          demandando BIM nos estados do Sul e
        
        
          em São Paulo, o lançamento da versão
        
        
          em português do BIM Dictionary
        
        
          4
        
        
          , a pu-
        
        
          blicação de novos Guias BIM e da pla-
        
        
          taforma de componentes BIM da ABDI,
        
        
          além do lançamento de novos cursos de
        
        
          especialização em BIM no Brasil.
        
        
          Ainda assim, o conceito de BIM como pro-
        
        
          cesso ainda não foi completamente assi-
        
        
          milado pelos empresários do setor da
        
        
          construção. Com frequência ainda alta,
        
        
          depara-se com casos falhos de implan-
        
        
          tação de BIM. O prognóstico de fracas-
        
        
          so, na maioria destes casos, é evidente
        
        
          para os iniciados, mas certamente não
        
        
          era para aqueles que investiram tempo e
        
        
          recursos significativos na expectativa de
        
        
          obter o salto qualitativo em seus resulta-
        
        
          dos prometido pelo BIM.
        
        
          Para esses, o prejuízo é duplo, já que BIM
        
        
          mal feito é muito pior que CAD mal feito: é
        
        
          mais caro – altos custos em novo softwa-
        
        
          re, em hardware mais potente, em novo
        
        
          treinamento e consultoria –, mais demo-
        
        
          rado – modelagem, bibliotecas, busca de
        
        
          informação, queda de produtividade pela
        
        
          mudança –, e induz a mais erros – con-
        
        
          fiança em informações erradas, quanti-
        
        
          tativos errados, representações erradas,
        
        
          interferências não detectadas, etc.
        
        
          Uma das armadilhas mais comuns é o
        
        
          que os implantadores neófitos chamam
        
        
          de “projeto piloto”, onde se desenvolve
        
        
          um modelo BIM “em paralelo” ao proje-
        
        
          to convencional (2D). Na verdade, neste
        
        
          caso, o modelo BIM vem sempre depois,
        
        
          atrasado em relação ao projeto 2D, pois
        
        
          os projetistas desenvolvem os projetos
        
        
          em CAD cujos documentos devem ser
        
        
          convertidos
        
        
          
            posteriormente
          
        
        
          para BIM (3D).
        
        
          A correta acepção de “piloto” é “o primeiro
        
        
          de uma série”.  Como esse processo pode
        
        
          ser considerado “piloto” de uma rotina fu-
        
        
          tura, se BIM não se faz junto com o CAD,
        
        
          mas sim o substitui? Este tipo de aborda-
        
        
          gem não agrega efetivamente
        
        
          
            nada
          
        
        
          para o
        
        
          cliente – via de regra, o modelo BIM deve
        
        
          ser desenvolvido diretamente pelo proje-
        
        
          tista, não convertido a partir de uma re-
        
        
          presentação 2D. Por isso não serve para
        
        
          treinar equipes, nem aferir ganhos ou
        
        
          produtividade. Ao contrário, atrasa o em-
        
        
          preendimento e aumenta seus custos e
        
        
          riscos. Modelo BIM desatualizado na obra
        
        
          também traz resultados desastrosos, ou
        
        
          nem é usado.  É comum as equipes saí-
        
        
          rem traumatizadas deste processo equi-
        
        
          vocado, com total descrença “nesse tal de
        
        
          BIM”, resistindo a novas tentativas de ado-
        
        
          tá-lo em empreendimentos futuros. Usar
        
        
          essa estratégia para a equipe “aprender
        
        
          a modelar em BIM” também não se justi-
        
        
          fica – melhor usar um projeto anterior, já
        
        
          encerrado, que já até disponha de dados
        
        
          para se confrontar alguns resultados, sem
        
        
          atrapalhar o desenvolvimento de um pro-
        
        
          jeto em execução.
        
        
          Um verdadeiro “projeto piloto” pode sim
        
        
          ser desenvolvido com um empreendi-
        
        
          mento em andamento (escolhido criterio-
        
        
          samente), porém executado da mesma
        
        
          forma como se pretende que sejam todos
        
        
          os demais: com projetistas modelando
        
        
          diretamente em BIM e seguindo as dire-
        
        
          trizes pré-estabelecidas num Plano de
        
        
          Execução BIM acordado por todos. Sim,
        
        
          pode-se adotar com sucesso uma estra-
        
        
          tégia de treinamento da equipe durante o
        
        
          piloto (
        
        
          
            on-the-job training
          
        
        
          ) especialmente
        
        
          com a aprendizagem
        
        
          
            just-in-time
          
        
        
          (p. ex.,
        
        
          trabalho no projeto BIM pela manhã e
        
        
          treinamento com consultor/instrutor BIM
        
        
          na parte da tarde, onde as dúvidas da ma-
        
        
          nhã são resolvidas na aula vespertina) que
        
        
          evita afastamento do trabalho e motiva e
        
        
          consolida a aprendizagem. Neste caso, ao
        
        
          analisar métricas, é essencial considerar a
        
        
          natural queda de produtividade durante a
        
        
          fase de treinamento e de adaptação inicial
        
        
          aos novos processos e ferramentas.
        
        
          Outro erro muito comum é a compra de
        
        
          software e treinamento antes de uma
        
        
          etapa de diagnóstico e
        
        
          
            planejamento es-
          
        
        
          
            tratégico
          
        
        
          . Isso geralmente ocorre quando
        
        
          se adota o próprio representante/forne-
        
        
          cedor de software como consultor BIM. A
        
        
          meta deste é vender seus próprios soft-
        
        
          wares e serviços, ligados a fabricantes
        
        
          pré-determinados. Com raras exceções,
        
        
          sua análise carece da isenção/neutralida-
        
        
          de necessária neste momento preliminar.
        
        
          As recomendações costumam não ser na
        
        
          direção do que é melhor para o cliente,
        
        
          que muitas vezes acaba por comprar
        
        
          aplicativos de que não necessita e desen-
        
        
          volver processos sem a visão estratégica
        
        
          ampla e de longo prazo (e alinhada com
        
        
          a missão da empresa) que o BIM requer.
        
        
          Assim como a aquisição da última versão
        
        
          do melhor processador de texto não ga-
        
        
          rante a escrita de um
        
        
          
            best seller
          
        
        
          , a simples
        
        
          compra dos melhores softwares BIM não
        
        
          assegura, por si só, resultados positivos
        
        
          com o BIM no empreendimento. O plane-
        
        
          jamento – tanto da implantação dos no-
        
        
          vos processos ligados ao BIM na empresa,
        
        
          quanto da implementação do BIM num
        
        
          empreendimento específico – é essencial.
        
        
          A forma correta de se fazer isso está bem
        
        
          documentada em diversos guias, nacionais
        
        
          e internacionais, e inúmeros estudos de
        
        
          caso de sucesso embasam esta estratégia.
        
        
          Em seu recentemente lançado Guia Na-
        
        
          cional de BIM para Proprietários
        
        
          5
        
        
          o NIBS
        
        
          6
        
        
          destaca aos proprietários a necessidade
        
        
          
            ESPAÇO BIM
          
        
        
          |  BIM BEM FEITO