Revista Estrutura - edição 3 - page 65

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de não exigir apenas BIM em suas obras,
mas demandar o BIM BEM FEITO
7
(“
BIM
DONE RIGHT
”), se pretendem ter sucesso
em sua aplicação no empreendimento. A
publicação destaca 3 áreas que o cliente
deve entender para direcionar a equipe
do empreendimento ao rumo certo: o
processo, a infraestrutura e padrões, e a
execução. Nada de novo, por que, em es-
sência, é a mesma estratégia preconiza-
da pelos principais guias de implementa-
ção de BIM disponíveis em todo o mundo,
mas vale a pena repassar:
O
processo
: definição clara de requisitos
de usos de BIM – no caso do proprietá-
rio, registrado nos contratos – incluindo
responsabilidades pela modelagem das
informações;
Infraestrutura
e
padrões
: definição
de ferramentas, tanto de autoria quanto
de colaboração, bem como dos padrões
(formatos, arquivos, bibliotecas,
templa-
tes
, documentação, modelagem, etc.) a
serem adotados no empreendimento;
Execução
: criação de um Plano de Execu-
ção BIM do Empreendimento (que inclui
e detalha os dois itens anteriores) docu-
mentando, em comum acordo entre o
proprietário e os demais participantes,
o como, por quem, quando, por que, até
que nível e quais informações no modelo
serão usadas.
Apesar do
processo de implementação de
BIM
ser
muito bem definido
, como mos-
trado acima, é essencial entender que o
processo de execução de BIM
em si
é único
para cada empreendimento
assim como
o de implantação em cada empresa. As
variações nas respostas às perguntas
feitas no processo de implementação
levam a diferentes processos BIM a se-
rem efetivamente executados. Isso traz
uma implicação importante: não adianta
esperar para ver o que dá certo e copiar
o concorrente. O que funcionou para ele,
provavelmente não funcionará para você
(diferentes culturas, processos construti-
vos, tipologia de empreendimentos, por-
te, parceiros, maturidade, etc.). Começar
a trilhar o próprio caminho é a melhor
maneira de auferir os benefícios do BIM.
Para os que começam mais cedo, ele é fa-
tor de vantagem competitiva; para os re-
tardatários, será fator de sobrevivência.
Outro aspecto do BIM é sua complexida-
de. Por abarcar potencialmente todos os
profissionais em todas as fases do ciclo
de vida da construção – da viabilidade à
demolição, passando pelo projeto, plane-
jamento, construção, operação e manu-
tenção – o BIM é um processo complexo
e de larga extensão. Um estudo apontou
mais de 70 usos diferentes para o BIM
8
. A
implantação “completa” do BIM demanda
anos de desenvolvimento e maturidade
em cada estágio. Não há quem desen-
volva internamente BIM 5D se ainda não
dominou o 3D. Esta é outra razão para
começar a caminhada na implantação de
BIM o quanto antes. Também é a razão
por que é má ideia desestruturar equipes
BIM em razão da crise – quando mais se
precisa de eficiência e quando mais serão
úteis na retomada dos negócios.
Planejamento e capacitação (seja na
forma de cursos formais ou educação
informal – leitura de publicações técni-
cas, frequência a palestras e seminários,
participação em comunidades de prá-
tica, etc.), com o apoio de consultores
especializados com comprovada expe-
riência e preparação (neutros e isentos,
na fase de planejamento estratégico e
especializados nos processos e aplicati-
vos específicos, na fase operacional) são
ingredientes essenciais para a implanta-
ção correta do BIM.
Frente às várias definições para o BIM
(processo, ferramenta, tecnologia, polí-
tica, software, metodologia, ...) a de
pro-
cesso
é a que deixa mais clara a neces-
sidade de implantação, de mudança, de
capacitação, de ferramentas de suporte
e de planejamento, por isso é nesta que
sempre insistimos. Quem pensa em BIM
como mera ferramenta começa errado e
termina errado. O BIM que funciona é o
BIM BEM FEITO
.
–––––––––––––––––
1 ht tp: // v iejournal.springeropen.com/
articles/10.1186/s40327-016-0038-6
2 A buildingSMART (buildingsmart.org) é a
instituição internacional responsável pelo
desenvolvimento do IFC e outros padrões
neutros e abertos de interoperabilidade
para o BIM.
3
-
b r a s i l - e - r e i n o - u n i d o - a s s i n a m -
memorandos- de - entendimento -nas-
areas-de-construcao-civil-e-propriedade-
intelectual
4
5 NIBS,
National BIM Guide for Owners
,
2017. Disponível em: <
.
org/?nbgo>. Acesso em 27 jan 2017.
6 NIBS – National Institute for Building
Sciences
é o órgão
americano responsável pela Norma BIM
Americana (NBIMS-US National Building
Information Modeling Standard – USA).
7 Tradução livre
8
episode-24-understanding-model-uses.
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