Revista Estrutura - edição 2 - page 46

o que deve se passar com o material
concreto submetido a um carregamento
de longa duração, se êle possui, como já
se demonstrou, características plásticas
e elásticas? Aumentando a deformação
com a permanência da carga, até que
tensão poderemos solicitar um concre-
to para que o carregamento possa ser
mantido sem se atingir a ruptura? As
respostas a essas perguntas vêm sendo
o motivo de pesquisas que já a alguns
anos vêm se realizando no Laboratório
de Munique. A Fig. 14 indica o que tem
sido essa pesquisa. A curva a direita
corresponde a um teste normal com
duração de 20 min. E cada linha hori-
zontal corresponde a um “grau de carre-
gamento” que foi mantido. A depender
dêsse grau, a duração de carregamento
poderá conduzir para uma ruptura ou
para um estado de repouso. O grau no
estado limite entre o repouso e a rup-
tura, define a resistência do concreto a
carregamento de longa duração.
Se observarmos a variação de volume
de um corpo de prova a compressão (ver
Fig. 10) verificamos que nas proximida-
des da sua ruptura não se verifica mais
unia esperada diminuição mas sim um
sensível aumento de seu volume. Êsse
aumento de volume indicava alteração
na estrutura do material pela criação de
fugas e destruições de ligações. Êsse fato
foi muito melhor observado com a utili-
zação de um transmissor de ultra sons. A
energia emitida pelo transmissor através
um lado do corpo de prova era captada
do lado oposto. Nas proximidades da
ruptura observava-se sempre uma forte
absorção da energia pelo corpo de pro-
va, absorção que poderia ser explicado
através um fenômeno de destruição de
ligações na estrutura do material. A dimi-
nuição de resistência do concreto com a
manutenção do carregamento poderia
ser explicada, em principio, através êsse
fato, ou seja pela destruição progressiva
das ligações na estrutura do material,
sob cargas elevadas.
8. CONCLUSÃO
Foram abordados alguns aspectos do
problema da relação entre tensão e de-
formação no concreto. Não foram abor-
dadas aqui influências independentes
de cargas externas como as devidas à
variação de temperatura e à retração.
Não foram também abordadas aqui as
influências dos carregamentos dinâmi-
cos enquanto que os carregamentos es-
táticos mencionados sempre foram do
tipo compressão simples. Sôbre essas
relações entre tensões e deformações
para um carregamento de traição infe-
lizmente, pouco se sabe. Infelizmente,
pois esse conhecimento poderia estar
prestando relevantes serviços. Sabe-se
p. ex., que em uma viga, na região das
armaduras longitudinais de tração o con-
creto só se romperá após atingir valôres
relativamente elevados de deformação.
Mikhailov utilizou êsse conhecimento e
conseguiu que peças tracionadas apre-
sentassem fissuras sob cargas em que
o alongamento correspondente do con-
creto já atingia duas vêzes o valor da de-
formação correspondente à ruptura por
tração. Está a se exigir um conhecimento
melhor das propriedades de deformação
do concreto. Tanto mais agora quando se
deseja, inclusive entre nós, utilizar me-
lhor essas propriedades para a determi-
nação de grandezas hiperestática.
9. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. RUSCH, H. — Der Einfluss der Defor-
mations — eigenschaften des betons
auf den Spannungsverlauf. Schweiz-
erische Bauzeitung, 77 (9): 119-126,
Feb. 1959.
2. HANSEN, T. C, — Creep of Concrete.
Cement och Betonginstitut, CBI Bulle-
tin Nr. 33, Stockholm, 1958.
3. GLANVILLE, W. H. — Creep or Flow of
Conecrete under Load. Building Re-
search Technical Paper, N. 12, 1930.
4. DAVIS, R. E. & DAVIS, H. E. — Flow of
Concrete under the Action of Sus-
tained Loads. Proc. ASTM, V, 37, parte
2, 1937 p. 317.
5. KORDINA, K. — Physikalische Grund-
lagen der Festigkeit und der Verfor-
mung der Weskstoffe. In: Deutscher
Beton-Verein E. V. Arbeitstagung,
Muenchen, Okt. 1959, p. 22-35.
6. RASCH, C. — Einfluss der Belas-
tungsgeschwindigkeit auf die Span-
nungsverteilung. In: Dtsch. Bet-
on-Verein. E. V, Arbeitstagung,
Muenchen, Okt. 1959, p. 86-94.
7. SELL, R. — Investigations into the
Strength of concrete under sustained
load. RILEM Bulletin. New Series N. 5,
Dec., 1959, p. 5-13,
8. KNITTEL, G. — Der Einfluss der Quer-
schnittsform und der Lage der Null-
inie auf die Spannungsverteilung una
auf die Randstauchung des Betons,
Einfluss der Druckbewehrung. In:
Dtsch. Beton-Verein. E. V,,
9. SELL, R. — Der E Modul des Betons.
Muenchen, 1958, 100 p., A5.
10. MIKHAILOV„ O. V. - Latest research
on how nonstressed concrete works
in precast monolithic constructions.
Vorbericht zum. 3. Kongress der FIP,
Berlin 1955.
11. RUESCH, H. — Researchs Toward a
General Flexural Theory for Structur-
al Concrete. ACI Journal, 32 (1): 1-28,
July 1960.
FIG. 14 – DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO DO CONCRETO SOB CARREGAMENTO DE CURTA E
LONGA DURAÇÃO
REVISTA ESTRUTURA
| OUTUBRO • 2016
46
ARTIGO RETRÔ
| REVISTA 47 - 1962
1...,36,37,38,39,40,41,42,43,44,45 47,48,49,50,51,52,53,54,55,56,...84
Powered by FlippingBook