Revista Estrutura - edição 2 - page 54

REVISTA ESTRUTURA
| OUTUBRO • 2016
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COMPROVAÇÃO SE A
ESTRUTURA FOI BEM
EXECUTADA E SE
SEGUIU O PROJETO
O terceiro nível de compro-
vação é saber se a estrutura
foi bem executada e se obe-
deceu ao que estava previs-
to no projeto original. Nessa
fase, que é de competência
da construtora, ainda não
existe uma sistematização
de quem e nem de como se
faz isso. O que tem ocorrido
é que a função de checar se
a execução seguiu o projeto
estrutural original tem ficado
a cargo de estagiários, que
não tem bagagem profissio-
nal suficiente para detectar
problemas ou até mesmo
ainda nem aprendeu no cur-
so de engenharia a matéria
necessária para entender se
o que está sendo executado
é o correto.
Tenho dito que a melhor for-
ma de fazer essa verificação
é por meio de registros fotográficos das
várias etapas da obra, para eventual
checagem posterior, até para se conse-
guir descobrir a origem de futuros pro-
blemas que venham a ocorrer na obra.
Nesse caso, há certa resistência cultural
e corporativa em relação a esse regis-
tro de imagens, pois ele pode apontar
falhas que não se deseja admitir, mas
o mercado caminha para esse nível de
rastreabilidade. Uma consequência po-
sitiva de se fazer um acompanhamento
fotográfico do andamento da obra é ob-
ter um comprometimento maior de toda
a equipe em fazer exatamente o previsto
no projeto.
Acompanhar fotograficamente as diver-
sas fases da obra é uma iniciativa que
deve complementar todos os registros
de verificação de serviços executados,
que já é feito regularmente pela maioria
das construtoras. Muitos dos proble-
mas que ocorrem nas obras são decor-
rentes de a estrutura não ter sido fis-
calizada na hora da execução. E temos
uma coleção grande de problemas re-
gistrados, que vão desde uma laje que
foi concretada com um excesso de con-
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
| NÃO BASTA SABER
duítes colocados de forma inadequada,
colocação incorreta de barras de aço
em pilares e vigar, ou ainda em bitolas
diferentes da prevista orginalmente no
projeto estrutural.
Todos esses são fatores que comprome-
tem a segurança da estrutura. Um aper-
feiçoamento do processo de rastreabilida-
de é catalogar, por lote, data de chegada
e até por cor, as amostras de concreto
retiradas dos caminhões para mapear e
saber exatamente em qual parte da obra
cada uma das remessas foi utilizada.
COMPROVAÇÃO SOBRE
A ADEQUADA FORMA DE
UTILIZAÇÃO DO EDIFÍCIO
Outro cuidado a se tomar é em relação
a comprovação e certificação de como
os usuários estão utilizando o edifício.
Nesse aspecto, é preciso aumentar o ri-
gor em relação a laudos para reformas
que possam vir a comprometer a estru-
tura do prédio. Hoje, com determinados
equipamentos e ferramentas utilizadas
em reformas e adaptações, é possível fa-
zer todo tipo de perfuração e, com isso,
comprometer a integridade de pilares ou
de vigas que podem comprometer toda a
estrutura da edificação.
COMPROVAÇÃO DA
ADEQUADA MANUTENÇÃO
DOS PRÉDIOS
Por fim, no caso da manutenção rotineira
de edifícios, o grande vilão é lavar a fa-
chada com produto a base de cloro, que
pode penetrar na parede e iniciar, preco-
cemente, o processo de corrosão das ar-
maduras por cloretos, caso haja fissuras
e presença de umidade. Lavar a fachada
sem o devido cuidado pode acelerar a
deterioração da estrutura do edifício.
Em razão de todo esse contexto de risco,
ganha importância um apelo para uma
constante política de contínuo aprimora-
mento profissional de todos que atuam
na engenharia estrutural do país. Não de-
vemos ter a esperança de conseguir um
avanço expressivo no curto prazo, mas
trata-se de um trabalho de longo prazo.
Devemos plantar para, no futuro, termos
cada vez mais segurança em todas as
etapas das nossas obras.
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