EDIFÍCIO
SAN SIRO
POR MARIO FRANCO,
DA JKMF ENGENHEIROS CIVIS
P
or volta de 1962, o arquiteto Ale-
xandre Danilovic tinha um grande
desafio: estacionar 300 carros
grandes num terreno com 9,35m
de frente e 26,06m de fundo no início da
Rua da Consolação. A solução arquitetô-
nica encontrada consistiu numa garagem
mecânica com 1 subsolo (9 carros) + tér-
reo (entrada + 3 carros) + 32 andares (32
x 9 carros) = 300 carros. Resolvido este
primeiro desafio, a grande altura (90,35m
acima do solo) e a esbeltez (1:10) do edi-
fício, bem como as dimensões reduzidas
do terreno geraram outros desafios:
- ao engenheiro de estruturas;
- ao engenheiro de fundações;
- ao engenheiro construtor.
A estrutura do Edifício San Siro não tem
núcleo central rígido, já que todo o es-
paço interno é dedicado ao elevador e
às vagas de garagem (3 no
fundo e 3 + 3 na frente). A
estrutura resistente para o
vento transversal V
t
(atuan-
do perpendicularmente às
fachadas maiores), é cons-
tituída unicamente pelos
dois pórticos muito esbeltos
paralelos ao plano do vento,
situados nas fachadas me-
nores. Os primeiros cálcu-
los, efetuados considerando
apenas esses pórticos, indicavam, para
as combinações das cargas gravitacio-
nais mais vento transversal (G ± V
t
) um
esforço excessivo de compressão nos 2
pilares de sotavento, e um grande esfor-
ço de tração nos dois pilares a barlaven-
to. Além disso resultavam deslocamen-
tos horizontais excessivos. Ficou claro
então que seria preciso dimensionar a
estrutura como uma caixa fechada for-
mada pelos 2 pórticos menores e pelos 2
maiores atuando em conjunto, de modo
que parte das forças normais nos pila-
res de fachada fosse transferida para os
pilares dos lados maiores da caixa. Não
existiam ainda programas capazes de
analisar pórticos, ainda mais tridimensio-
nais. Recorreu-se portanto à análise dos
esforços pelo “método do meio elástico
contínuo”, que já havia sido utilizado em
outras estruturas, generalizando-o para
estruturas tridimensionais simétricas.
MUSEU DO PROJETO
| EDIFÍCIO SAN SIRO
REVISTA ESTRUTURA
| ABRIL • 2017
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