Revista Estrutura - edição 3 - page 48

REVISTA ESTRUTURA
| ABRIL • 2017
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Relacionar as posturas com o sucesso
da engenharia estrutural não é fácil,
provavelmente porque é o menos es-
tudado. Mas ter postura é provavel-
mente a característica mais importan-
te a considerar.
Ao contrário do conhecimento e das
habilidades, as posturas de um enge-
nheiro não podem ser medidas con-
tra algum padrão definido. Qualquer
tentativa de fazê-lo provavelmente
falhará, pois, qualquer padrão será
subjetivamente criado e levará consi-
go muitas ambiguidades.
As posturas podem ser ensinadas?
Alguns respondem a esta pergunta,
“não” e outros respondem, “sim”. Mas,
podemos ensinar e orientar sobre
posturas, assim como podemos ensi-
nar e orientar sobre qualquer assun-
to. A questão essencial é: “As posturas
podem ser aprendidas?” A maioria,
particularmente os membros seniores
da profissão, observaram que as pos-
turas mudam e acreditam que as pos-
turas podem ser aprendidas e evoluir
com a prática e a experiência.
Agora que temos um esqueleto con-
ceitual e algumas características iden-
tificadas, qual característica melhor se
correlaciona ao sucesso como enge-
nheiro estrutural?
Nós já reconhecemos que a compreen-
são da equação de Euler-Bernoulli é
conhecimento necessário, provavel-
mente aprendido no início do currí-
culo de engenharia como uma das
ferramentas essenciais na caixa de
ferramentas de um engenheiro es-
trutural. No entanto, um engenheiro
estrutural bem-sucedido precisa de
mais conhecimento para projetar com
sucesso uma viga, ou mais apropriada-
mente, precisa saber quando as equa-
ções de Euler-Bernoulli simplificadas
não se aplicam mais.
Em 1922, Stephen Timoshenko expan-
diu a equação de Euler-Bernoulli para
incluir deformação por cisalhamento.
O comportamento de vigas curtas, vi-
gas compostas e vibrações de vigas,
pode não ser adequadamente previs-
to sem a consideração da deformação
por cisalhamento. No entanto, a ex-
pansão de Timoshenko na equação de
viga de Euler-Bernoulli muitas vezes
não é ensinada no currículo de gradua-
ção ou se ensinada não é lembrada.
A história da teoria de viga serve como
exemplo. Observa-se que os enge-
nheiros estruturais bem-sucedidos
exibem uma paixão pelo aprendiza-
do contínuo e o aprendizado contí-
nuo quase sempre se correlaciona
com uma postura de ser curioso. En-
genheiros estruturais bem-sucedi-
dos querem saber por que e como, e
muitas vezes irritam os outros com a
sua persistência para expandir a dis-
cussão para questões, percebido pelo
ouvinte como não relacionados com o
problema em questão.
Aprendizagem contínua e curiosidade
proporcionam ao engenheiro o co-
nhecimento para compreender o nível
de qualidade e detalhe exigido para o
projeto. Essa é uma parte crítica do
sucesso. O projeto de uma asa para
um avião comercial requer um nível
diferente de qualidade e detalhe do
que uma terça típica [exceto, talvez,
uma terça em forma de Z em um edi-
fício em estruturas metálicas]. O nível
de qualidade e detalhe exigido para o
projeto determina as ferramentas a
serem empregadas [Euler-Bernulli ou
Timoshenko] e tomar a decisão corre-
ta é a chave para ser bem-sucedido.
Mais do que no passado, os engenhei-
ros estruturais de hoje trabalham em
um ambiente nebuloso onde os princí-
pios fundamentais da mecânica estão
escondidos da vista. Eles estão ocultos
dentro das ferramentas codificadas que
estão sendo usadas, geralmente inten-
cionalmente ocultas à vista por razões
empresariais proprietárias. É quase im-
possível para um engenheiro extrair da
documentação do software até mesmo
do código do programa as suposições
necessárias para determinar o nível
apropriado de qualidade e detalhe.
Para não ser desencorajador, essa não
é uma situação sem esperança. Os
engenheiros precisam fazer o que os
engenheiros de sucesso fazem, seja
curioso. Quando confrontado com
uma nova ferramenta de projeto, ex-
perimente. Crie modelos simples que
forneçam visibilidade nas suposições
fundamentais feitas. Experimente
os limites das entradas do progra-
ma. Encontre a fraqueza. Isso exigirá
geralmente mais conhecimento dos
fundamentos da mecânica do que no
passado. Aplique os fundamentos e
observe a resposta. Isso pode ser de-
morado, mas se você é curioso, deve
ser divertido.
Em resumo, é minha opinião que a ca-
racterística que melhor se correlacio-
na com ser um engenheiro estrutural
bem-sucedido é a curiosidade, levan-
do a uma postura de aprendizagem
contínua e experimentação.
(*) Tradução: Guilherme Parsekian
A versão em inglês do artigo está
disponível em
abece.com.br/pdf/JournalArticle-gap.pdf
A característica que melhor
se correlaciona com ser
um engenheiro estrutural
bem-sucedido é a curiosidade
O QUE ELES QUEREM DE NÓS
| COMO É UM ENGENHEIRO DE SUCESSO
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