 
          
            REVISTA ESTRUTURA
          
        
        
          |  ABRIL • 2017
        
        
          
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          Relacionar as posturas com o sucesso
        
        
          da engenharia estrutural não é fácil,
        
        
          provavelmente porque é o menos es-
        
        
          tudado. Mas ter postura é provavel-
        
        
          mente a característica mais importan-
        
        
          te a considerar.
        
        
          Ao contrário do conhecimento e das
        
        
          habilidades, as posturas de um enge-
        
        
          nheiro não podem ser medidas con-
        
        
          tra algum padrão definido. Qualquer
        
        
          tentativa de fazê-lo provavelmente
        
        
          falhará, pois, qualquer padrão será
        
        
          subjetivamente criado e levará consi-
        
        
          go muitas ambiguidades.
        
        
          As posturas podem ser ensinadas?
        
        
          Alguns respondem a esta pergunta,
        
        
          “não” e outros respondem, “sim”. Mas,
        
        
          podemos ensinar e orientar sobre
        
        
          posturas, assim como podemos ensi-
        
        
          nar e orientar sobre qualquer assun-
        
        
          to. A questão essencial é: “As posturas
        
        
          podem ser aprendidas?” A maioria,
        
        
          particularmente os membros seniores
        
        
          da profissão, observaram que as pos-
        
        
          turas mudam e acreditam que as pos-
        
        
          turas podem ser aprendidas e evoluir
        
        
          com a prática e a experiência.
        
        
          Agora que temos um esqueleto con-
        
        
          ceitual e algumas características iden-
        
        
          tificadas, qual característica melhor se
        
        
          correlaciona ao sucesso como enge-
        
        
          nheiro estrutural?
        
        
          Nós já reconhecemos que a compreen-
        
        
          são da equação de Euler-Bernoulli é
        
        
          conhecimento necessário, provavel-
        
        
          mente aprendido no início do currí-
        
        
          culo de engenharia como uma das
        
        
          ferramentas essenciais na caixa de
        
        
          ferramentas de um engenheiro es-
        
        
          trutural. No entanto, um engenheiro
        
        
          estrutural bem-sucedido precisa de
        
        
          mais conhecimento para projetar com
        
        
          sucesso uma viga, ou mais apropriada-
        
        
          mente, precisa saber quando as equa-
        
        
          ções de Euler-Bernoulli simplificadas
        
        
          não se aplicam mais.
        
        
          Em 1922, Stephen Timoshenko expan-
        
        
          diu a equação de Euler-Bernoulli para
        
        
          incluir deformação por cisalhamento.
        
        
          O comportamento de vigas curtas, vi-
        
        
          gas compostas e vibrações de vigas,
        
        
          pode não ser adequadamente previs-
        
        
          to sem a consideração da deformação
        
        
          por cisalhamento. No entanto, a ex-
        
        
          pansão de Timoshenko na equação de
        
        
          viga de Euler-Bernoulli muitas vezes
        
        
          não é ensinada no currículo de gradua-
        
        
          ção ou se ensinada não é lembrada.
        
        
          A história da teoria de viga serve como
        
        
          exemplo. Observa-se que os enge-
        
        
          nheiros estruturais bem-sucedidos
        
        
          exibem uma paixão pelo aprendiza-
        
        
          do contínuo e o aprendizado contí-
        
        
          nuo quase sempre se correlaciona
        
        
          com uma postura de ser curioso. En-
        
        
          genheiros estruturais bem-sucedi-
        
        
          dos querem saber por que e como, e
        
        
          muitas vezes irritam os outros com a
        
        
          sua persistência para expandir a dis-
        
        
          cussão para questões, percebido pelo
        
        
          ouvinte como não relacionados com o
        
        
          problema em questão.
        
        
          Aprendizagem contínua e curiosidade
        
        
          proporcionam ao engenheiro o co-
        
        
          nhecimento para compreender o nível
        
        
          de qualidade e detalhe exigido para o
        
        
          projeto. Essa é uma parte crítica do
        
        
          sucesso. O projeto de uma asa para
        
        
          um avião comercial requer um nível
        
        
          diferente de qualidade e detalhe do
        
        
          que uma terça típica [exceto, talvez,
        
        
          uma terça em forma de Z em um edi-
        
        
          fício em estruturas metálicas]. O nível
        
        
          de qualidade e detalhe exigido para o
        
        
          projeto determina as ferramentas a
        
        
          serem empregadas [Euler-Bernulli ou
        
        
          Timoshenko] e tomar a decisão corre-
        
        
          ta é a chave para ser bem-sucedido.
        
        
          Mais do que no passado, os engenhei-
        
        
          ros estruturais de hoje trabalham em
        
        
          um ambiente nebuloso onde os princí-
        
        
          pios fundamentais da mecânica estão
        
        
          escondidos da vista. Eles estão ocultos
        
        
          dentro das ferramentas codificadas que
        
        
          estão sendo usadas, geralmente inten-
        
        
          cionalmente ocultas à vista por razões
        
        
          empresariais proprietárias. É quase im-
        
        
          possível para um engenheiro extrair da
        
        
          documentação do software até mesmo
        
        
          do código do programa as suposições
        
        
          necessárias para determinar o nível
        
        
          apropriado de qualidade e detalhe.
        
        
          Para não ser desencorajador, essa não
        
        
          é uma situação sem esperança. Os
        
        
          engenheiros precisam fazer o que os
        
        
          engenheiros de sucesso fazem, seja
        
        
          curioso. Quando confrontado com
        
        
          uma nova ferramenta de projeto, ex-
        
        
          perimente. Crie modelos simples que
        
        
          forneçam visibilidade nas suposições
        
        
          fundamentais feitas. Experimente
        
        
          os limites das entradas do progra-
        
        
          ma. Encontre a fraqueza. Isso exigirá
        
        
          geralmente mais conhecimento dos
        
        
          fundamentos da mecânica do que no
        
        
          passado. Aplique os fundamentos e
        
        
          observe a resposta. Isso pode ser de-
        
        
          morado, mas se você é curioso, deve
        
        
          ser divertido.
        
        
          Em resumo, é minha opinião que a ca-
        
        
          racterística que melhor se correlacio-
        
        
          na com ser um engenheiro estrutural
        
        
          bem-sucedido é a curiosidade, levan-
        
        
          do a uma postura de aprendizagem
        
        
          contínua e experimentação.
        
        
          
            (*) Tradução: Guilherme Parsekian
          
        
        
          
            A versão em inglês do artigo está
          
        
        
          
            disponível em
          
        
        
          
            abece.com.br/pdf/JournalArticle-gap.pdf
          
        
        
          A característica que melhor
        
        
          se correlaciona com ser
        
        
          um engenheiro estrutural
        
        
          bem-sucedido é a curiosidade
        
        
          
            “
          
        
        
          
            “
          
        
        
          
            O QUE ELES QUEREM DE NÓS
          
        
        
          |  COMO É UM ENGENHEIRO DE SUCESSO