Revista Estrutura - edição 3 - page 24

REVISTA ESTRUTURA
| ABRIL • 2017
24
INTERNACIONAL
| ESTRUTURA MISTA
diferentes partes do mundo resultou
em muitas viagens para três continen-
tes – Europa, África e Ásia –, além de
centenas de reuniões e audioconfe-
rências que exigiram aprimorar um
pouco mais o inglês, além de desen-
volver um considerável aprendizado
sobre normas internacionais.
A elaboração dos projetos seguiu si-
multaneamente com o trabalho de
verificação e, com o avanço dos traba-
lhos, foram-se revelando as necessida-
des e particularidades do empreendi-
mento como um todo. Primeiramente,
o objetivo da edificação era o de abri-
gar os colaboradores e funcionários
do cliente final, uma petrolífera fran-
cesa que residiam em Luanda ou nas
proximidades. A edificação deveria
possuir infraestrutura capaz de ga-
rantir autossuficiência e segurança
para essas pessoas. Sob esse premis-
sa, Luanda Towers foi projetada para
comportar, além de dezenas de apar-
tamentos, também shopping center,
hospital dia, academia, áreas para
recreação, geradores e cisternas (que
garantirão o fornecimento de energia
elétrica e água potável mesmo que
haja suspensão da rede pública), além
de salas de pânico (denominadas
Unit
Crisis
, que nada mais são que
bunkers
totalmente seguros e com reservas
de água e comida para abrigar seus
moradores por algumas semanas). O
projeto original contava ainda com um
heliponto, que foi suprimido ainda na
fase inicial, por conta das legislações
locais que proibem voo de helicópte-
ros particulares.
Do ponto de vista arquitetônico, a con-
cepção previa plantas assimétricas e
diferentes entre si, com fachadas em
vidro e caixas de escadas e elevadores
bastante excêntricas, ou seja, distantes
dos centros de massas das torres. Tam-
bém foi colocado como desafio técnico
a proximidade entre as torres, princi-
palmente para as análises de segurança
estrutural e de conforto humano quan-
to a ação dos ventos.
Do ponto de vista estrutural, algumas
necessidades de determinação das
cargas na estrutura exigiram pesqui-
sas mais aprofundadas, especialmente
para levantamento de ações sísmicas e
de ventos.
Como em Angola não há registros de
históricos sismológicos nem normas
técnicas que compilem informações
sobre as ações naturais em seu terri-
tório, foi necessário investigar a ativi-
dade sísmica da região, com base em
informações coletadas em órgãos inter-
nacionais como a USGS (United States
Geological Survey), um prestigiado ins-
tituto norte-americado especializado
em geologia, e que dispõe de bases de
dados de atividades sismológicas em
todo o mundo. Com base nos valores
de aceleração obtidos junto a esses ins-
tituto, foi possível definir as ações sís-
micas atuantes na estrutura.
Para as ações de vento, na completa
ausência de isopletas ou normas em
Angola, fez-se um estudo a partir dos
ventos em localidades próximas, com
na África do Sul e em outras regiões
do mundo com a mesma latitude e
longitude, como o nordeste brasileiro,
aliado ainda às prescrições das nor-
mas ASCE e Eurocode. Essa avaliação
teve o respaldo e aprovação dos res-
ponsável pela verificação de projeto,
que colocaram suas opiniões e, no fim,
validaram o trabalho de determinação
dos esforços.
Na sequência, seguiu-se no conceito da
edificação, que consistiu inicialmente
no desenvolvimento de uma estrutura
monolítica de concreto armado
,
abai-
xo do nível +29,15m, onde se localizam
as áreas comuns às três torres, como
por exemplo, o shopping center e as
garagens. Essa estrutura contou com
paredes diafragma no perímetro dos
130.000 m² de área construída, laje es-
pessa sobre solo utilizando técnica de
jet grouting,
sete níveis de laje nervura-
das, pilares e contrafortes. Tal premissa
teve por objetivos a obtenção de um
embasamento rígido capaz de controlar
deformações diferenciais entre os pila-
res das torres e a contenção lateral dos
empuxos hidrostáticos oriundos dos
FIG. 2 – PLANTA TIPO DA TORRE 02
FIG. 3 – PLANTA TIPO DA TORRE 03
1...,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23 25,26,27,28,29,30,31,32,33,34,...80
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