REVISTA ESTRUTURA
| ABRIL • 2017
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ções tipo “H” conformados através de
chapas soldadas.
A estabilidade horizontal do edifício, es-
pecialmente para as cargas de vento, foi
concebida para ser garantida exclusiva-
mente pelos núcleos rígidos, tendo como
premissa que os pilares metálicos funcio-
nariam essencialmente a esforços axiais.
Para isso, as vigas e lajes foram devida-
mente ancoradas às paredes dos núcleos,
e os esforços foram transmitidos pelo
efeito diafragma das lajes, que tiveram
sua rigidez adequada para tal finalidade.
Os pisos foram compostos por vigas
primárias e secundárias, essencialmen-
te bi-apoiadas, responsáveis por dar su-
porte às lajes. Estas vigas foram ligadas
às lajes através de conectores tipo “
stud
bolt
”, criando assim um sistema misto
de concreto e aço. Este método cons-
trutivo contribuiu para o aumento da
rigidez de todo o conjunto estrutural.
Para otimizar o consumo de aço, consi-
derou-se que todas as vigas seriam es-
coradas e, portanto, trabalhariam com
a rigidez plena aço-concreto para 100%
dos esforços atuantes.
As vigas metálicas, nesse caso, foram
concebidas como seções tipo “I” tam-
bém conformadas através de chapas
soldadas. Essa condição inclusive, de
se utilizar chapas para construir os ele-
mentos estruturais, foi definida pelo
fornecedor das estruturas. Nessa obra,
portanto, não foram utilizados quais-
quer perfis laminados.
Para os pisos, utilizaram-se as fôrmas
de aço incorporado tipo “
steel deck
”, que
dentre várias vantagens construtivas,
também funcionam como armaduras
positivas para as lajes. A fim de garantir
todas exigências de normas e do cader-
no de especificações do cliente, a espes-
sura da laje foi definida não somente com
base na rigidez desejada para questões
de resistência e deformação, mas tam-
bém para conceber conforto térmico e
acústico. As armaduras negativas foram
projetadas para resistir ao momento ne-
gativo em balanços, assim como para evi-
tar fissuras devido a retração.
Previram-se, ainda, armaduras adicio-
nais para costurar pontos de tração na
laje, como por exemplo, no contorno de
pilares e em possíveis locais que ocasio-
nassem efeitos de continuidade em vi-
gas. Para essa análise, modelos de ele-
mentos finitos foram criados e diversas
hipóteses de carga foram consideradas,
de modo a cobrir diferentes possibilida-
des de uso e ocupação das unidades.
Para as situações de incêndio, previ-
ram-se armaduras positivas adicionais
nas lajes. Já os elementos metálicos
principais, como vigas e pilares, foram
protegidos passivamente com arga-
massa projetada.
Do ponto de vista de economicidade, o
empreendimento foi um sucesso. Além
de viabilizá-lo ao investidor, a solução
mista concreto e aço também conse-
guiu números muito interessantes. Foi
possível construir as edificações metá-
licas com consumo médio de 40 kg/m²
de aço. As cargas nas fundações tiveram
redução de 30% aproximadamente e a
mão de obra foi 20% menor que a pre-
vista inicialmente. Essas informações
foram repassadas pelos gerenciadores à
época, que se mostraram extremamen-
te satisfeitos com a performance obtida.
No entanto, dentre todas as atividades
acima citadas, a verificação de projeto
é a que merece destaque especial. Ao
contrário do que estamos habituados
no Brasil, esse empreendimento contou
com três diferentes escritórios dedicados
somente para a inspeção dos projetos
desenvolvidos, o que nos deixou igual-
mente surpresos e um pouco apreensi-
FIG. 4 – PLANTA TIPO DAS GARAGENS – ÁREA COMUM
INTERNACIONAL
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