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          vos no começo dos trabalhos, porém isso
        
        
          foi desmistificado ao longo do processo.
        
        
          Em relação aos escritórios de verifica-
        
        
          ção, o primeiro contato foi feito com o
        
        
          de Portugal, contratado pela constru-
        
        
          tora igualmente portuguesa. Essa em-
        
        
          presa tomou como base os eurocódigos
        
        
          para aferição dos dimensionamento e
        
        
          imprimiu uma tendência mais conser-
        
        
          vadora nas propostas de melhoria, com
        
        
          bastante foco na estabilidade das peças
        
        
          de concreto armado, no embasamento
        
        
          e nos núcleos rígidos.
        
        
          O segundo escritório, israelense e con-
        
        
          tratado pelos investidores do edifício,
        
        
          aferiu o projeto com base nas normas
        
        
          americanas AISC e ASCE, e focou bas-
        
        
          tante na otimização da estrutura. In-
        
        
          clusive, foi um dos maiores apoiadores
        
        
          e simpatizantes da idéia em se contar
        
        
          com estrutura mista concreto e aço
        
        
          escorada contra núcleos rígidos, tendo
        
        
          em vista que sua experiência em edifí-
        
        
          cios de grandes alturas indicava essa
        
        
          ser uma solução bastante competitiva.
        
        
          O terceiro verificador, agora francês
        
        
          e contratado pela seguradora do em-
        
        
          preendimento, fez suas análises pelo
        
        
          código internacional IBC (International
        
        
          Building Code) e focou exclusivamen-
        
        
          te na segurança do empreendimento,
        
        
          especialmente nas redundâncias que
        
        
          o sistema estrutural previa em caso de
        
        
          acidentes ou catástrofes. A experiência
        
        
          com esse escritório foi bastante positi-
        
        
          va para entender as preocupações de
        
        
          uma seguradora internacional, muitas
        
        
          vezes óbvias, como por exemplo, a ins-
        
        
          talação de sistemas contra fogo, po-
        
        
          rém outras não tão óbvias, como por
        
        
          exemplo, atingir acelerações de pico
        
        
          inferiores a determinado percentual
        
        
          da aceleração da gravidade no topo do
        
        
          edifício, de modo a garantir conforto
        
        
          humano adequado. Todas essas e di-
        
        
          versas outras análises foram realiza-
        
        
          das e devidamente verificadas.
        
        
          É possível perceber, que a essa altura do
        
        
          projeto, a pluralidade de conhecimen-
        
        
          tos, normas e escolas proporcionou ao
        
        
          trabalho uma riqueza ímpar de detalhes
        
        
          e uma segurança de suma importância a
        
        
          nós projetistas, que nos sentimos mui-
        
        
          to confortáveis quanto ao produto final
        
        
          que estávamos entregando ao cliente.
        
        
          Destaca-se, especialmente nesse caso, a
        
        
          grande importância e naturalidade com
        
        
          que esses escritórios envolvidos lidaram
        
        
          com a atividade de inspeção de projetos.
        
        
          A maturidade ética e profissional que to-
        
        
          dos demonstraram ao longo do proces-
        
        
          so, deveria servir de reflexão e inspira-
        
        
          ção a todos os nossos projetistas, para
        
        
          que pudéssemos elevar, ainda mais, a
        
        
          qualidade da engenharia brasileira.
        
        
          A conclusão que pudemos tirar dessa
        
        
          experiência internacional, que muito en-
        
        
          riqueceu os profissionais envolvidos, foi
        
        
          de que há muito espaço para que a en-
        
        
          genharia brasileira evolua, tanto em téc-
        
        
          nica, quanto em produtividade. Primei-
        
        
          ro, é necessário valorizar o bom projeto
        
        
          e exigir uma verificação adequada, pau-
        
        
          tada na ética e visando a contribuição ao
        
        
          trabalho, para que possamos oferecer
        
        
          produtos cada vez melhores ao cliente
        
        
          final. Cita-se, ainda, a necessidade de in-
        
        
          vestir em tecnologia e melhores técnicas
        
        
          construtivas, aprimorar o conhecimento
        
        
          técnico tendo como base a facilidade
        
        
          com que temos acesso à informação
        
        
          após a globalização e a era digital.
        
        
          É preciso, ao invés de temer a globali-
        
        
          zação e vê-la somente como ameaça,
        
        
          aprender a aproveitar as oportunida-
        
        
          des que ela nos traz e aliar as novas
        
        
          informações obtidas com nossa grande
        
        
          capacidade de solucionar problemas.
        
        
          FIG. 5 – IMAGEM MODELO DE
        
        
          CÁLCULO 3D DA TORRE 01
        
        
          FIG. 6 – IMAGEM MODELO DE
        
        
          CÁLCULO 3D DA TORRE 02
        
        
          FIG. 7 – IMAGEM MODELO DE CÁLCULO 3D DA
        
        
          TORRE 03
        
        
          
            FICHA TÉCNICA
          
        
        
          
            Engenheiro de estrutura:
          
        
        
          André Luiz de Mattos Andrade
        
        
          
            Empresa responsável pelas
          
        
        
          
            fundações:
          
        
        
          Tecnasol Fundações e Geotecnia
        
        
          
            Arquiteto:
          
        
        
          Manoel Doria, do
        
        
          Escritório Doria Lopes e Fiuza
        
        
          
            Construtora:
          
        
        
          Consórcio
        
        
          Soares da Costa/Mota Engil
        
        
          (Construtoras Portuguesas)
        
        
          
            Localização da obra:
          
        
        
          Luanda (Angola)