Revista Estrutura - edição 3 - page 27

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vos no começo dos trabalhos, porém isso
foi desmistificado ao longo do processo.
Em relação aos escritórios de verifica-
ção, o primeiro contato foi feito com o
de Portugal, contratado pela constru-
tora igualmente portuguesa. Essa em-
presa tomou como base os eurocódigos
para aferição dos dimensionamento e
imprimiu uma tendência mais conser-
vadora nas propostas de melhoria, com
bastante foco na estabilidade das peças
de concreto armado, no embasamento
e nos núcleos rígidos.
O segundo escritório, israelense e con-
tratado pelos investidores do edifício,
aferiu o projeto com base nas normas
americanas AISC e ASCE, e focou bas-
tante na otimização da estrutura. In-
clusive, foi um dos maiores apoiadores
e simpatizantes da idéia em se contar
com estrutura mista concreto e aço
escorada contra núcleos rígidos, tendo
em vista que sua experiência em edifí-
cios de grandes alturas indicava essa
ser uma solução bastante competitiva.
O terceiro verificador, agora francês
e contratado pela seguradora do em-
preendimento, fez suas análises pelo
código internacional IBC (International
Building Code) e focou exclusivamen-
te na segurança do empreendimento,
especialmente nas redundâncias que
o sistema estrutural previa em caso de
acidentes ou catástrofes. A experiência
com esse escritório foi bastante positi-
va para entender as preocupações de
uma seguradora internacional, muitas
vezes óbvias, como por exemplo, a ins-
talação de sistemas contra fogo, po-
rém outras não tão óbvias, como por
exemplo, atingir acelerações de pico
inferiores a determinado percentual
da aceleração da gravidade no topo do
edifício, de modo a garantir conforto
humano adequado. Todas essas e di-
versas outras análises foram realiza-
das e devidamente verificadas.
É possível perceber, que a essa altura do
projeto, a pluralidade de conhecimen-
tos, normas e escolas proporcionou ao
trabalho uma riqueza ímpar de detalhes
e uma segurança de suma importância a
nós projetistas, que nos sentimos mui-
to confortáveis quanto ao produto final
que estávamos entregando ao cliente.
Destaca-se, especialmente nesse caso, a
grande importância e naturalidade com
que esses escritórios envolvidos lidaram
com a atividade de inspeção de projetos.
A maturidade ética e profissional que to-
dos demonstraram ao longo do proces-
so, deveria servir de reflexão e inspira-
ção a todos os nossos projetistas, para
que pudéssemos elevar, ainda mais, a
qualidade da engenharia brasileira.
A conclusão que pudemos tirar dessa
experiência internacional, que muito en-
riqueceu os profissionais envolvidos, foi
de que há muito espaço para que a en-
genharia brasileira evolua, tanto em téc-
nica, quanto em produtividade. Primei-
ro, é necessário valorizar o bom projeto
e exigir uma verificação adequada, pau-
tada na ética e visando a contribuição ao
trabalho, para que possamos oferecer
produtos cada vez melhores ao cliente
final. Cita-se, ainda, a necessidade de in-
vestir em tecnologia e melhores técnicas
construtivas, aprimorar o conhecimento
técnico tendo como base a facilidade
com que temos acesso à informação
após a globalização e a era digital.
É preciso, ao invés de temer a globali-
zação e vê-la somente como ameaça,
aprender a aproveitar as oportunida-
des que ela nos traz e aliar as novas
informações obtidas com nossa grande
capacidade de solucionar problemas.
FIG. 5 – IMAGEM MODELO DE
CÁLCULO 3D DA TORRE 01
FIG. 6 – IMAGEM MODELO DE
CÁLCULO 3D DA TORRE 02
FIG. 7 – IMAGEM MODELO DE CÁLCULO 3D DA
TORRE 03
FICHA TÉCNICA
Engenheiro de estrutura:
André Luiz de Mattos Andrade
Empresa responsável pelas
fundações:
Tecnasol Fundações e Geotecnia
Arquiteto:
Manoel Doria, do
Escritório Doria Lopes e Fiuza
Construtora:
Consórcio
Soares da Costa/Mota Engil
(Construtoras Portuguesas)
Localização da obra:
Luanda (Angola)
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