Revista Estrutura - edição 3 - page 7

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econhecido mundialmente como
um dos mais conceituados proje-
tistas de estrutura da atualidade,
o engenheiro espanhol Hugo Cor-
res Peiretti tem participado ativamente da
concepção e execução de grandes obras
em diversas regiões do planeta. Exemplos
não faltam: assinou ou coordenou, por
meio do CORRES, escritório de projeto e
consultoria que fundou e preside desde
1979, projetos como o do Terminal 4 do
Aeroporto de Barajas; do Auditório de
Tenerife; viadutos ferroviários para o TAV
(Trem de Alta Velocidade) da Espanha, en-
tre outros, incluindo obras que levaram
a assinatura de consagrados arquitetos
como Santiago Calatrava, Renzo Piano,
Zaha Hadid, Norman Foster e Jean Nouvel.
Bastante atuante também na esfera aca-
dêmica, pois é professor da Universida-
de Politécnica de Madri, Corres mantem
proximidade com instituições que atuam
no estudo e estímulo à engenharia. Em
função disso, está sempre percorrendo o
mundo proferindo palestras, com cons-
tantes passagens também pelo Brasil a
convite de entidades como a ABECE, AB-
CIC e IBRACON, onde aliás também par-
ticipou da elaboração do projeto para a
construção da Arena Corinthians. A todas
essas atividades, ele acumulou mais uma,
pois acaba de assumir a presidência da
fib
(Federação Internacional do Concre-
to), a mais importante entidade técnica
do concreto no mundo. Na entrevista a
seguir, Corres fala de seus planos à frente
da instituição e de sua avaliação sobre a
necessidade de um permanente renovar
do conhecimento sobre engenharia:
ABECE –
Quais serão suas prioridades
e seus planos em sua gestão na
fib
?
Hugo Corres –
A
fib
inicia minha presi-
dência em um estado muito bom e com
projetos importantes que vamos realizar.
O novo Model Code 2020 é, sem dúvida,
um projeto importantíssimo que temos
em mãos. Acho que, não obstante, há
lugar para novos objetivos que podem
melhorar nossa organização. Nesse sen-
tido, eu me proponho a tentar uma maior
integração de todas as contribuições que
fazemos e, portanto, possivelmente um
melhor desenvolvimento e a difusão de
todos os resultados científicos e técnicos
que são produzidos pela
fib
, que é uma
associação internacional, aspecto que se
tornou mais visível nos últimos anos. Com
a elaboração do novo Model Code 2020,
foram dados passos importantes no
sentido de propiciar a participação inter-
nacional. Países de todos os continentes
pertencem à
fib
. Em todos os órgãos de
governo participam membros de distin-
tos países. No Presidium, por exemplo,
temos um membro eleito do Brasil, que é
Iria Doniak, presidente executiva da Abcic.
Em todos os órgãos de produção técnica,
a presença de membros de todos os con-
tinentes é um fato. É necessário fortalecer
essa faceta da
fib
.
Os diversos agentes do mundo do con-
creto estrutural atuam sem uma grande
integração. Os construtores, projetistas,
acadêmicos e pesquisadores têm uma
comunicação inadequada. Inclusive den-
tro do mundo acadêmico, os especialis-
tas nas distintas disciplinas não estão
conectados, não têm um léxico comum.
Isso não ajuda no desenvolvimento do
concreto estrutural. Não se pode avan-
çar sem que os novos conhecimentos se-
jam conhecidos e, também, que possam
ser interpretados adequadamente pelos
agentes que têm a missão de utilizá-los
tanto nos projetos como na construção. É
necessário mudar essa tendência. É pre-
ciso integrar diversos agentes em comis-
sões e grupos de trabalho liderados por
especialistas, mas acompanhados por
membros de outros setores.
A
fib
foi integrando, ao longo de sua histó-
ria, as novas gerações, geralmente a par-
tir de membros ativos que se aproxima-
vam de novos integrantes. Sempre houve
mudança de geração. Em todo caso, a
nova dinâmica do mundo moderno exige
uma reflexão sobre esse tema para revi-
sar a integração dos jovens e para garan-
tir a reposição de gerações, assegurando
a manutenção da produção excepcional
que a
fib
sempre teve.
ABECE –
Quais são as diretrizes para a
fib
nos próximos anos?
Hugo Corres –
As diretrizes da
fib
são
sempre as mesmas, definidas na missão
da organização: desenvolver, em nível
internacional, estudo de matérias cientí-
ficas e práticas, capazes de avançar o de-
sempenho técnico, econômico, estético e
ambiental da construção em concreto. O
que evolui são as estratégias para fazer
com que esses objetivos tornem-se rea-
lidade. Além disso, cada presidente, em
função de sua experiência e especializa-
ção, deve deixar seu legado específico,
transformando mais aqueles aspectos
que lhes são mais próximos e familiares.
ABECE –
Qual é sua opinião sobre a
participação dos representantes do
Brasil na
fib
?
Hugo Corres –
Desde sua fundação, nos
anos 1950, quando foram criados o CEB e
a FIP, a
fib
foi considerada como uma fede-
ração internacional de países, representa-
dos por suas respectivas associações ou
instituições vinculadas, de uma forma ou
de outra, ao concreto estrutural. Embora
Não se pode avançar sem que
novos conhecimentos sejam
interpretados e possam ser
utilizados nos projetos
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