Revista Estrutura - edição 3 - page 9

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lecer modelos físicos que permitam tratar
da forma mais geral, diferentes compor-
tamentos, dependendo dos casos. Esta
é uma política que vai se estender e se
desenvolver para poder atingir o objetivo
traçado. O Model Code 2010 implantou
um sistema de diferentes níveis de apro-
ximação que permite analisar com o mes-
mo modelo físico os problemas em dife-
rentes níveis. Em um nível mais conceitual,
quando não se necessita mais, e em um
nível muito mais elaborado, quando é im-
prescindível, mas mantendo intactos os
princípios do problema.
Tudo isso representa um desafio mag-
nífico. Devido à necessidade de dedicar
energias para a produção desse tipo de
documentos, a
fib
criou, recentemente,
a nova comissão 10 Model Codes. Ficou
decidido que o processo da produção do
novo Model Code deveria envolver toda a
organização e ser um processo realmen-
te internacional. Para garantir que pode-
ria cobrir as necessidades dos diferentes
países, foram organizados workshops em
diferentes continentes para difundir os
trabalhos realizados, e para obter infor-
mações sobre necessidades e possíveis
contribuições. O primeiro workshop foi
promovido em Tóquio, e o segundo na
Cidade do Cabo. O próximo será em Mas-
trich, em junho. O Brasil está organizando
um workshop para a América Latina, que
será realizado em setembro deste ano,
em São Paulo. Imediatamente depois,
será realizado outro workshop nos Esta-
dos Unidos. Também está programado
para outubro um workshop na Austrália e
na Índia. Por último, está previsto para o
próximo ano um workshop em Xangai, e
um evento de apresentação dos primeiros
resultados no Congresso da
fib
em Mel-
borne. A engrenagem está em movimen-
to e todos nós estamos muito motivados
com este projeto interessantíssimo e, ao
mesmo tempo seguramente muito útil.
ABECE –
O senhor esteve no Brasil al-
gumas vezes e também participou de
obras aqui. Qual é sua avaliação do
momento atual da engenharia estru-
tural no Brasil, comparado com a reali-
dade europeia?
Hugo Corres –
Tive a possibilidade de
visitar o Brasil em inúmeras ocasiões, e
pude trabalhar em alguns projetos bra-
sileiros, com FHECOR do Brasil e em co-
laboração com outras engenharias. Em
primeiro lugar, tenho que dizer que a en-
genharia brasileira tem o mais alto nível.
Sempre esteve alinhada com uma forma
de proceder muito próxima à
fib
, e conta
com uma normativa nacional muito pró-
xima dos princípios racionais que a
fib
preconiza há décadas. A engenharia bra-
sileira soube racionalizar esses concei-
tos, para adaptar-se às condições locais.
Além disso, ela tem profissionais dentro
do mundo estrutural que são extraordi-
nariamente bem formados e criativos.
O Brasil precisa de grandes investimen-
tos na infraestrutura e, portanto, exige
uma engenharia em boa forma, capaz
de responder às necessidades. Lamen-
tavelmente, a falta de continuidade na
atividade pode não ajudar, mas sabemos
que esse cenário não é novo e, portanto,
as empresas e os profissionais da área de
engenharia já desenvolveram mecanis-
mos de subsistência e de manter capaci-
dades imprescindíveis para por o motor
em marcha quanto necessário.
ABECE –
Do ponto de vista estrutural,
qual obra foi mais desafiadora? E em
termos de inovação?
Hugo Corres –
Sinceramente acho que
ninguém deve esperar enfrentar um gran-
de projeto. Nós devemos ser capazes de
transformar cada projeto em um grande
projeto. Dessa forma podemos inovar,
transformar, exercer a função de um en-
genheiro estrutural e, definitivamente,
podemos sentir uma grande satisfação,
fazendo esse trabalho gratificante.
ABECE –
Quais são as principais evo-
luções nas obras na engenharia e no
projeto estrutural? E em termos de
evolução dos materiais usados na cons-
trução? E nos sistemas construtivos?
Hugo Corres –
Efetivamente se nós co-
nhecêssemos bem nossa história, sabe-
ríamos que não existem grandes possibi-
lidades de criar muitas novas ideias. Em
qualquer caso, os avanços que acontece-
ram nos materiais e procedimentos cons-
trutivos nos permitem usar ideias boas e
excelentes, mas também velhos concei-
tos estruturais renovados e utilizando
os meios extraordinários e materiais de
contribuições insuperáveis. Esse proces-
so é verdadeiramente criativo também,
mas exige uma grande paixão e um gran-
de envolvimento.
ABECE –
Como o senhor compreende
a ATP - Avaliação Técnica de Projetos
(CQP - Controle da Qualidade do Proje-
to)? Quais são os benefícios? Como se
aplica na Espanha e em ouros países
da Europa?
Hugo Corres –
O controle de projetos é
uma atividade importante, complexa e
que se realiza de forma mais ou menos
geral no mundo todo. É importante por-
que permite dar garantias aos projetos
que se realizam, em uma etapa em que
os custos das correções são razoáveis e
as garantias são maiores. É uma tarefa
complexa porque exige pessoas expe-
rientes. Comprovar é verificar a idoneida-
de da solução, que é o mais importante.
Isso não pode ser feito por qualquer pes-
soa. Se a ideia for inadequada não há cál-
culo justificativo que possa dar um jeito
nela. Essa verificação não pode ser feita
no final do projeto. Deve ser realizada no
final da concepção. Em seguida, é preciso
verificar o projeto em si mesmo, desde o
ponto de vista normativo e desde o pon-
to de vista quantitativo. Aqui, novamente,
os cálculos são necessários, mas a cons-
tatação conceitual também é necessária,
e muito. Em todos os projetos grandes do
mundo é imprescindível fazer engenharia
A engenharia
brasileira tem o
mais alto nível e
sempre esteve
alinhada com
uma forma de
proceder da
fib
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