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Já a segunda fundação suportará o piso
do hall experimental e a blindagem dos
aceleradores. Além de suportar o piso
e componentes sobrepostos, ela tem
a função de evitar os recalques dife-
renciais e a propagação de vibrações,
sejam elas geradas internamente ou
provenientes dos ambientes externos.
A fundação será composta por uma
camada de 2,85 metros de profundi-
dade de solo modificado, obtido a par-
tir da remoção do solo local, seguida
pela mistura com cimento e aplicação
em pequenas camadas, com alto grau
de compactação. O processo confere
maior resistência (especificado 2 MPa)
e rigidez, mitigando vibrações propa-
gadas pelo solo. Na região da blinda-
gem dos aceleradores, a camada de
solo modificado será apoiada em 1322
estacas, com 40 centímetros de diâ-
metro e 15 metros de comprimento. A
interface entre o solo modificado e as
estacas será feita por duas camadas de
solo-cimento (seixo-cimento), contidas
por geogrelhas e apoiadas em capiteis
sobre as estacas. Todas as estacas de
fundação serão do tipo hélice continua
(monitorada), o que confere à fundação
grande uniformidade construtiva.
PISO CRÍTICO
Denomina-se assim o piso onde se-
rão instalados os aceleradores e as
linhas de luz. A sua concepção é re-
sultado de estudos e simulações que
incluíram a construção de pisos e es-
tacas-protótipos para a escolha do mo-
delo com melhor desempenho quanto
à estabilidade e vibrações. Apoiado
sobre uma camada com 15 centímetros
de espessura de BGTC (brita graduada
tratada com cimento), que reveste o
solo modificado, o piso dos acelerado-
res foi feito com concreto armado de
90 centímetros de espessura. Executa-
do em 20 segmentos entre os quais se
deixará uma faixa com dois metros de
largura. O piso destinado às linhas de
luz terá espessura de 60 centímetros e
estará ligado ao dos aceleradores por
meio de barras de transferência. Entre
seus segmentos estão previstas juntas
de dilatação especiais, que permitam
a circulação de dispositivos, sem que
sofram desgaste prematuro ou causem
vibrações indesejadas. Tanto o piso dos
aceleradores quanto os das linhas de
luz serão separadas (dos pisos do res-
tante das edificações) por juntas veda-
das por elastômeros. Dessa maneira
será garantida a total separação entre a
área experimental e o restante da edi-
ficação.
A EDIFICAÇÃO
Sua estrutura será feita em concreto
armado fundido in loco e todos os seus
pisos, incluindo o térreo, serão também
construídos em lajes de concreto ar-
mado. Assim, a estrutura apresentará
grande rigidez, reduzindo a propaga-
ção de vibrações provenientes da ação
dos ventos, da circulação de pessoas e
do funcionamento dos equipamentos e
das instalações. A cobertura será feita
em telha zipada de perfil cônico com
isolamento de baixa transmitância tér-
mica. Isso confere grande estanqueida-
de térmica e economia de energia, ga-
rantindo o controle de temperatura de
alta estabilidade exigido pelo ambiente.
A estrutura de sustentação da cobertu-
ra será construída em aço, com as vigas
principais treliçadas com seção triangu-
lar. As paredes internas, em sua maio-
ria, serão do tipo
dry-wall
preenchidas
com lãs de vidro. Já a fachada externa
do prédio será feita em pele de vidro
sombreada por brises.
BLINDAGEM DOS
ACELERADORES
Construída sobre um
piso monolíti-
co de concreto com 90 centímetros
de espessura
, suas paredes e cober-
turas espessas, também em concreto,
abrigarão os três aceleradores (Linac,
Booster e anel de armazenamento) e
linhas de transporte, proporcionando
a devida estabilidade dimensional e
mecânica aos equipamentos, garan-
tindo que a área externa esteja livre
de radiação durante à operação dos
aceleradores.
Toda a blindagem será
construída sem juntas de dilatação
e constituirá, ao término da con-
cretagem, em uma peça única com
mais de 500 metros de comprimen-
to médio.
A blindagem principal terá
20 aberturas em seu teto, as quais per-
mitirão a movimentação de qualquer
componente dos aceleradores com o
uso de pontes rolantes com capacidade
para 20 toneladas, instaladas sobre a
região das blindagens e hall experimen-
tal (
com piso de concreto de 60 centí-
metros de espessura
). Tais aberturas
serão cobertas por vigas de concreto
em duas camadas, com 50 centímetros
cada uma, que poderão ser removi-
das sempre que houver necessidade.
O acesso de pessoal aos aceleradores
será feito pelas 10 chicanes localizadas
na parede interior da blindagem. Por
elas também se fará o acesso de parte
das utilidades do Interior da blindagem
(ar condicionado, iluminação e outras).
Todo o cabeamento de potência, sinal
e controle dos aceleradores adentra-
rão na blindagem através de passagens
por canaletas sob o piso e a parede in-
terna. Por canaletas semelhantes será
também feita a transposição das tubu-
lações dos circuitos hidráulicos de es-
tabilização térmica, de gases e ar com-
primido. Aberturas na parede interna
estão previstas para os guias de onda
das cavidades, as linhas de transferên-
cia de hélio líquido e linhas de visada
para referenciamento externo da ma-
lha de alinhamento. Na parede externa,
em cada face de saída de linha de luz
estão previstos furos para a passagem
dos aparatos para a linha e suas insta-
lações. Esses furos são especialmente
desenhados de forma a garantir o total
bloqueio da radiação durante a opera-
ção dos aceleradores.
INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS
Dois fatores determinaram a necessi-
dade de alterar a forma de conexão com
a rede de energia elétrica: o aumento
esperado da demanda e a necessidade
de Instalações de alta disponibilidade.
Com um salto na demanda de energia
previsto de 3 MVA para 15 MVA quando
em plena operação, tornou-se impera-
tiva a Implantação de uma subestação
em 138 kV, em substituição à atual co-
nexão em média tensão (11.4 kV). Ten-
do em vista a alta disponibilidade dos
aceleradores, as duas subestações de
média tensão previstas para esta edi-
ficação operam com circuitos redun-
dantes. Os ramais alimentadores, seus
cubículos de medição, proteção e ma-
nobra até seus transformadores abai-