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INOVAÇÃO
| CONCRETO AUTOCICATRIZANTE
RUMO AO
CONCRETO DO
AMANHÃ
POR EMILIO M. TAKAGI – MESTRE E GERENTE
DE PRODUTO – INSTITUTO TECNOLÓGICO DE
AERONÁUTICA (ITA) / MC-BAUCHEMIE BRASIL
MARYANGELA G. LIMA – PROFESSORA DOUTORA
DEPARTAMENTO DE INFRAESTRUTURA AERONÁUTICA
DO INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA (ITA)
PAULO HELENE – PROFESSOR TITULAR E DIRETOR
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / PHD ENGENHARIA
RONALDO A. MEDEIROS-JUNIOR – PROFESSOR
DOUTOR – DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR)
CONCRETO AUTOCICATRIZANTE ‘ENGENHEIRADO’ COM CIMENTO DE ESCÓRIA DE
ALTO FORNO ATIVADO POR ADITIVO CRISTALINO (PRAH 4G)
1 – INTRODUÇÃO
Na última década, uma grande quanti-
dade de artigos de pesquisa dedicou-se a
autocicatrização autônoma “engenheira-
da”, em diferentes direções de investiga-
ção: como a autocicatrização com reforço
de fibras, bactéria produtora de minerais,
polímero superabsorvente, agente cica-
trizante contido em cápsulas, e a adição
do aditivo cristalino (PRAH 4G). No últi-
mo caso, o PRAH em sua quarta geração,
pertence a uma categoria de aditivos
impermeabilizantes redutores da poro-
sidade do concreto, disponível e ampla-
mente empregada como tal no mercado
de produtos químicos da construção, e
classificado como
Permeability-Reducing
Admixtures exposed to Hydrostatic condi-
tions
(PRAH) de acordo com a recomen-
dação técnica americana ACI 212.3R-10
“Relatório sobre Aditivos Químicos para
Concreto” [1].
O consenso alcançado sobre o concre-
to autocicatrizante (CAC), entre a comuni-
dade internacional, resultou no relatório
de estado-da-arte da RILEM “Fenômeno
de autocicatrização em materiais à base
de cimento” publicado pelo comitê técni-
co 221-SHC criado em 2005. Distingue-se
o mecanismo da colmatação “autógena”
(ou natural) como sendo o fechamento
de fissuras devido ao próprio material
componente do concreto; e a autocica-
trização “autônoma” (ou de engenharia)
como sendo o selamento de fissuras e a
restauração de propriedades mecânicas
e de permeabilidade devido tanto ao pró-
prio material componente do concreto, e
principalmente quanto de alguma adição
“de engenharia”, como o cimento de es-
cória de alto forno (EAF), sílica ativa (SA)
e o PRAH [2].
O fenômeno da colmatação autógena
de fissuras em concreto, já teria sido re-
portado pela Academia Francesa de Ci-
ências desde 1836, e atribuída à transfor-
mação do hidróxido de cálcio (Ca(OH)
2
)
em cristais de carbonato de cálcio (CaCO
3
)
como consequência da sua exposição ao
dióxido de carbono (CO
2
) na atmosfera.
Mais tarde, também foram observadas
muitas fissuras cicatrizadas preenchidas
com cristais de silicato de cálcio hidrata-
do (C-S-H), de etringita (C
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ASH
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) e de car-
bonato de cálcio (CaCO
3
) devido ao meca-
nismo da autocicatrização por hidratação
contínua de partículas não hidratadas de
cimento e adições minerais, como cinzas
volantes (CV) e escória de alto forno (EAF)
residuais [3].
EMILIO M. TAKAGI
PAULO HELENE
MARYANGELA G. LIMA
RONALDO A. MEDEIROS-
JUNIOR