Revista Estrutura - edição 6 - page 26

REVISTA ESTRUTURA
| OUTUBRO • 2018
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be-se que o atrito lateral tende a ser mo-
bilizado com pequenos deslocamentos,
o que tende a minimizar a grandeza dos
eventuais recalques diferenciais.
Além da abordagem teórica, foram uti-
lizados dados obtidos de ensaios bidire-
cionais de carregamento estático realiza-
dos em estacas próximas, também com
o intuito de atender a norma brasileira
ABNT NBR 6122.
Diferentemente do ensaio estático tra-
dicional, que demanda a execução de uma
estrutura de reação para a aplicação do
carregamento gradual no topo da estaca,
o ensaio bidirecional utiliza a própria esta-
ca como elemento de reação, tornando-se
uma opção interessante para o ensaio de
estacas com elevadas cargas de trabalho.
BOAS PRÁTICAS DE PROJETO
| CAPELA DE SANTA LUZIA
INTRODUÇÃO
A Capela de Santa Luzia foi inaugurada
em 1922 nas dependências do Hospital e
Maternidade Umberto I, antigo Hospital
Matarazzo, localizada entre a Rua Itape-
va e a Alameda Rio Claro, nas imediações
da Avenida Paulista, próximo ao Museu
de Arte de São Paulo-Masp.
A Capela, assim como a Maternidade
Condessa Filomena Matarazzo e edifica-
ções dos Hospitais estão sob o mais alto
grau de preservação de edificações tom-
badas como “bem cultural de interesse
histórico-arquitetônico” em São Paulo. A
preservação das fachadas é integral e in-
ternamente admitida pequenas reformas.
Estas edificações farão parte do futuro
empreendimento Cidade Matarazzo, idea-
lizado pelo empresário francês Alexandre
Allard, dono do grupo Francês Allard.
A Capela será integrada à grande es-
trutura de 8 subsolo, onde serão instala-
das vagas para estacionamento, espaços
de apoio ao Hotel Jean Nouvel e uma tor-
re comercial de 5 pavimentos.
CAPELA E OITO SUBSOLOS
Diante da restritiva condição em utili-
zar os oito subsolos na projeção da Cape-
la foi uma das evidencias estrutural mais
desafiante deste empreendimento.
O autor intelectual dos estudos e con-
solidação da concepção estrutural foi
Prof. Dr. Mario Franco, que arduamente
DESCRITIVO DAS OBRAS
POR MINOR NAGAO E
MARIO FRANCO
desenvolveu este trabalho durante qua-
tro anos, entre 2012 a 2017.
Foi avaliada a solução em executar a
estrutura suporte definitiva e deslocá-la
para outra localidade na própria área
do empreendimento e posteriormente
retorná-la, porém concluiu-se que por
várias questões e principalmente pela lo-
gística e operacional esta foi descartada.
A solução adotada e executada, con-
siste em uma estrutura de transição,
idealizada pelo Prof. Dr. Mario Franco
e pelo Prof. Dr. Carlos Eduardo Moreira
Maffei, da Maffei Engenharia, consultor
em geotecnia.
CONCEPÇÃO DA ESTRUTURA
SUPORTE
Solução adotada:
consiste em estru-
tura de transição projetada no nível do
alicerce que se encontrava a aproximada-
mente 2,00 de profundidade, permitindo
lançar vigas robustas com seguintes ca-
racterísticas:
Duas vigas principais paralelas, dis-
tantes 1,00 m das paredes longitudi-
nais, apoiadas sobre quatro estacas
escavadas ø=1,00, serão lapidadas e
posteriormente transformadas em pila-
res. Estas estacas estão dimensionadas
para suportar apenas peso da Capela
+ transição + peso do pórtico múltiplo
de 5 andares. Após escavação serão
MARIO FRANCO **
MINOR NAGAO *
(*) Minor Nagao: Formado em 1969 - Escola de
Engenharia da Universidade Mackenzie, en-
genheiro da JKMF desde 1971, tornou sócio
em 1980 e atualmente sócio diretor.
(**) Mario Franco: Formado em 1951 - Escola Po-
litécnica da Universidade de São Paulo.
FIG. 3 –
CURVAS “CARGAS X DESLOCAMENTOS” OBTIDAS A PARTIR DO ENSAIO ESTÁTICO
BIDIRECIONAL DO ESTACÃO ET-095, REALIZADO EM UM SETOR PRÓXIMO À CAPELA.
1...,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25 27,28,29,30,31,32,33,34,35,36,...68
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