Revista Estrutura - edição 6 - page 31

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ABNT NBR 9062 (2017), recentemente
publicada.
Neste caminho, insere-se o artigo em
questão, detalhando os resultados e
conclusões de uma pesquisa de mestra-
do defendida em Fevereiro de 2018 na
UNICAMP, com o intuito de apresentar
ao meio técnico nacional uma necessária
avaliação de desempenho de alguns ti-
pos de emendas mecânicas em uso pela
indústria da construção civil nacional e,
igualmente, de apresentar subsídios para
discussão de procedimentos (de dimen-
sionamento e de avaliação de desempe-
nho em laboratório) na futura revisão da
norma ABNT NBR 8548 (1984), ao com-
parar procedimentos indicados por esta
norma nacional com os estabelecidos por
norma internacional ISO 15835 (2009).
PARÂMETROS DE
DESEMPENHO DA EMENDA
MECÂNICA
A avaliação de desempenho do siste-
ma mecânico de emenda de barras de
aço no Brasil deve seguir o padrão esta-
belecido pela ABNT NBR 8548 (1984) que,
vale ressaltar, carece de revisão, inserin-
do parâmetros e metodologias de ensaio
de desempenho específico para os vários
tipos de luvas atualmente em uso na in-
dústria da construção civil nacional.
Internacionalmente, dentre as mais uti-
lizadas na avaliação do desempenho de
emendas mecânicas de barras de aço,
encontra-se a ISO 15835 (2009) que, em-
bora bem mais completa que a equiva-
lente nacional, ainda carece de melhorias
no que concerne ao padrão de instru-
mentação dos modelos na obtenção de
parâmetros de desempenho desejados.
Neste sentido, ressalta-se a adaptação
nesse padrão de instrumentação pro-
posta por Haber et al. (2015) e Nguyen &
Mutusuyoshi (2015).
Dois parâmetros de desempenho são
essenciais na avaliação dos sistemas
mecânicos de emenda de barras de aço:
resistência à tração (resistência ao escoa-
mento, fy, e limite de resistência à tração,
fst) e deslizamento relativo entre barra
e luva. O valor mínimo requerido para a
resistência ao escoamento de uma bar-
ra unida por emenda mecânica é aque-
le prescrito pela ABNT NBR 8548 (1984),
que estabelece que os resultados obti-
dos nos ensaios de resistência à tração,
com e sem a aplicação de luvas como ele-
mento de união de barras de aço, deve
atender os requisitos mínimos definidos
pela norma ABNT NBR 7480 (2007), ou
seja, para as barras tipo CA 50, o fy deve
ser de 500 MPa, enquanto que o fst deve
ser 540 MPa (1,08 fy).
Apesar de não especificado no escopo
da ABNT NBR 8548 (1984) e raramente
considerado nos projetos estruturais no
Brasil (exceção às usinas nucleares), o
deslizamento relativo entre barra e luva
é igualmente importante na avaliação es-
trutural, pois serve para aferir a tendên-
cia do deslocamento da barra de aço em
relação à luva em condições extremas
de carregamento e, consequentemente,
a confiabilidade da continuidade estru-
tural. A norma internacional ISO 15835
(2009), utilizada como referência princi-
pal desta pesquisa, recomenda um limite
máximo de deslizamento de 0,10 mm. O
valor limite prescrito para o deslizamento
está relacionado, também, ao controle
da fissuração do concreto na região da
emenda.
PROGRAMA EXPERIMENTAL
O programa experimental desta pes-
quisa teve por premissa a avaliação dos
procedimentos propostos na ISO 15835
(2009) à luz dos procedimentos nacionais
da ABNT NBR 8548 (1984), com instru-
mentação adaptada segundo indicações
constantes em Haber et al. (2015) e Ngu-
yen & Mutusuyoshi (2015), para emendas
mecânicas de barras de aço com luvas
de rosca cônica e parafusadas de 20 e 25
mm de diâmetro.
Os ensaios de caracterização das bar-
ras de aço antes de emendadas, aqui
denominadas “barras de controle” (BC),
foram procedidos no Laboratório de Ma-
teriais de Construção e Concreto do Ins-
tituto Militar de Engenharia (IME) no Rio
de Janeiro. A segunda parte do programa
experimental, e objeto principal desta
pesquisa, foi composta pelos ensaios de
resistência à tração e deslizamento des-
tas mesmas barras emendadas mecani-
camente, e foi procedida no Laboratório
de Estruturas e Materiais da Universida-
de Estadual de Campinas (UNICAMP).
Face ao objetivo deste trabalho de ana-
lisar e comparar, de maneira abrangente,
o comportamento das barras emendadas
por luvas frente a diferentes procedimen-
tos de ensaio e instrumentação descritos
na literatura nacional e internacional,
três métodos de ensaio distintos foram
empregados nos referidos ensaios das
barras emendadas.
DIMENSÃO DAS AMOSTRAS
Para verificação das propriedades físi-
cas e mecânicas das barras de aço em-
pregadas nesta pesquisa, foram seguidas
as prescrições descritas na norma nacio-
nal ABNT NBR 6152 (2002) e ABNT NBR
7480 (2007), inclusive no que diz respeito
ao tamanho das amostras.
A norma nacional ABNT NBR 8548
(1984) especifica que a barra de aço deve
ser separada em três segmentos distin-
tos (l1 e 2l) de acordo com a Figura 1,
devendo-se avaliar o desempenho me-
cânico de barra isolada de comprimento
l1, cuja dimensão minima deve ser 1000
mm, e da barra emendada de compri-
mento 2l. Destaca-se que os comprimen-
tos dos seguimentos de barra indicados
dependem, unicamente, do diâmetro
da barra de aço (d) por avaliar e, desta
maneira, são independentes do tipo de
emenda empregado.
De maneira similar, a dimensão das
amostras de barras emendadas, segun-
do recomendação da norma internacio-
nal ISO 15835 (2009) (Figura 2) deve ser
calculada em função do diâmetro da
barra, d, a ser emendada. Entretanto,
o comprimento da luva (L1) empregada
deve ser considerado no cálculo deste
segmento.
FIG. 1 – AMOSTRA PARA ENSAIO DE QUALIFICAÇÃO DE EMENDAS MECÂNICAS, MODIFICADO DA
ABNT NBR 8548 (1984)
1...,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30 32,33,34,35,36,37,38,39,40,41,...68
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