 
          
            REVISTA ESTRUTURA
          
        
        
          |  OUTUBRO • 2018
        
        
          
            34
          
        
        
          res de deslizamento inferiores ao limite
        
        
          máximo de 0,10 mm. As amostras que
        
        
          estavam em desacordo com as normas
        
        
          supracitadas tiveram seus procedimentos
        
        
          de ensaio baseados no Método 2 de en-
        
        
          saio, ou seja, utilizaram transdutores indi-
        
        
          viduais para a medição do deslizamento,
        
        
          medido ao final de três ciclos de carrega-
        
        
          mento. Os valores finais de deslizamentos
        
        
          obtidos, muito diferentes, evidenciam, cla-
        
        
          ramente, eventuais problemas em relação
        
        
          à instrumentação utilizada.
        
        
          Considerando que o tipo de instalação
        
        
          dos transdutores, conectados individual-
        
        
          mente à barra emendada, é o mesmo nos
        
        
          Métodos 1 e 2, pode-se concluir que este
        
        
          tipo de conexão pode estar sujeito a even-
        
        
          tuais movimentações dos transdutores ao
        
        
          final de cada ciclo de carga. Já os ensaios
        
        
          pelo Método 3, empregando aparato es-
        
        
          pecial para medição dos deslizamentos,
        
        
          resultou em valores de idênticos de des-
        
        
          lizamento ao final de cada ciclo de carre-
        
        
          gamento da barra emendada. Este resul-
        
        
          tado só seria possível, caso não existisse
        
        
          nenhuma movimentação dos transduto-
        
        
          res ao final de cada ciclo de carga, o que
        
        
          pode comprovar a eficiência do Método 3
        
        
          de ensaio proposto.
        
        
          CONCLUSÕES
        
        
          1. Em conformidade com os resultados
        
        
          do programa experimental desen-
        
        
          volvido nesta pesquisa, entende-se
        
        
          que as emendasmecânicas por luvas
        
        
          de rosca cônica e parafusadas esta-
        
        
          riam aptas a serem utilizadas como
        
        
          solução para prover continuidade e
        
        
          integridade estrutural em constru-
        
        
          ções de concreto armado, uma vez
        
        
          que seu comportamento atendeu
        
        
          a todas as prescrições normativas
        
        
          pré-estabelecidas. É importante re-
        
        
          gistrar que essas constatações são
        
        
          limitadas ao experimento realizado
        
        
          e aos materiais empregados nesta
        
        
          pesquisa. A generalização das con-
        
        
          clusões só é possível com a conti-
        
        
          nuidade dos estudos, envolvendo
        
        
          obviamente outros tipos de luvas de
        
        
          aço disponíveis no Brasil (prensada,
        
        
          rosca paralela, soldável, etc.).
        
        
          2. Apesar de não ter sido um parâme-
        
        
          tro de avaliação neste trabalho, é
        
        
          de suma importância que o compri-
        
        
          mento efetivo de ensaio da amostra
        
        
          emendada seja baseado no tipo de
        
        
          emenda a ser avaliado, ou seja, no
        
        
          caso de emendas com luvas deve-se
        
        
          considerar o comprimento da luva
        
        
          e o diâmetro da barra de aço. Por-
        
        
          tanto, propõe-se que procedimento
        
        
          similar ao da ISO 15835 (2009) seja
        
        
          devidamente apreciado e posterior-
        
        
          mente implementado na futura revi-
        
        
          são da ABNT NBR 8548 (1984).
        
        
          3. O uso de extensômetros elétricos
        
        
          em vários pontos da amostra foi de
        
        
          grande importância para registro
        
        
          das leituras de deformação e, con-
        
        
          sequentemente, de garantia de com-
        
        
          portamento mecânico adequado, na
        
        
          pretendida avaliação de desempe-
        
        
          nho do sistema de emenda mecâni-
        
        
          co de barras de aço para concreto.
        
        
          4. O procedimento de ensaio denomi-
        
        
          nado neste trabalho como “Método
        
        
          3”, com instrumentação baseada
        
        
          em Haber et al. (2015) e Nguyen &
        
        
          Mutusuyoshi (2015), mostrou-se
        
        
          bastante eficiente para a obtenção
        
        
          dos parâmetros de interesse: resis-
        
        
          tência à tração e deslizamento. Com
        
        
          a inserção de quatro extensôme-
        
        
          tros elétricos, sendo dois nas barras
        
        
          de aço e outros dois nas luvas de
        
        
          emenda, além dos transdutores de
        
        
          deslocamento, em grupo de 3 e co-
        
        
          nectados a um aparato especial, foi
        
        
          possível monitorar minuciosa e de-
        
        
          talhadamente deformações e desli-
        
        
          zamentos nas amostras ao longo de
        
        
          todo o ensaio.
        
        
          5. Quanto ao número de ciclos de carga,
        
        
          a constância nos resultados de des-
        
        
          lizamento, ao final de cada um dos
        
        
          três ciclos, obtidas para o Método 3
        
        
          de ensaio, pode indicar a suficiência
        
        
          de apenas 1 ciclo de carga para a
        
        
          obtenção do deslizamento final. En-
        
        
          tretanto, este fato deve ser melhor
        
        
          avaliado em trabalhos futuros, onde
        
        
          outros tipos de emendas mecânicas
        
        
          e outros diâmetros de barras emen-
        
        
          dadas devem ser ensaiados.
        
        
          6. De maneira efetiva, a norma ABNT
        
        
          NBR 8548 (1984) está defasada e
        
        
          necessita de revisão quanto aos
        
        
          processos de ensaio e parâmetros
        
        
          de interesse a serem obtidos. Re-
        
        
          comenda-se, portanto, considerar
        
        
          em seu escopo todos os métodos e
        
        
          tipos de emenda de barras de aço
        
        
          em estruturas de concreto armado
        
        
          disponíveis no cenário nacional, in-
        
        
          cluindo em uma futura revisão, o
        
        
          parâmetro deslizamento e seu res-
        
        
          pectivo método de ensaio.
        
        
          Conclusivamente, este artigo possui,
        
        
          portanto, a intenção de contribuir com o
        
        
          conhecimento das premissas e requisitos
        
        
          necessários para o desenvolvimento de no-
        
        
          vos estudos experimentais que envolvam
        
        
          as emendas mecânicas, além de oferecer
        
        
          subsídios para discussão de procedimentos
        
        
          de avaliação de desempenho e instrumen-
        
        
          tação de luvas de aço nas futuras revisões
        
        
          da norma brasileira ABNT NBR 8548 (1984).
        
        
          REFERÊNCIAS
        
        
          ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
        
        
          TÉCNICAS NBR 8548 – Barras de aço des-
        
        
          tinadas a armaduras de concreto armado
        
        
          com emenda mecânica ou por solda – De-
        
        
          terminação da resistência à tração, Rio de
        
        
          Janeiro, 1984.
        
        
          ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
        
        
          NICAS NBR 6152 – Materiais metálicos –
        
        
          Ensaio de tração à temperatura ambiente,
        
        
          Rio de Janeiro, 2002.
        
        
          ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
        
        
          NICAS NBR 7480 – Aço destinado a arma-
        
        
          duras para estruturas de concreto arma-
        
        
          do - Especificação, Rio de Janeiro, 2007
        
        
          ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-
        
        
          NICAS NBR 9062 - Projeto e execução de
        
        
          estruturas de concreto pré-moldado. Rio
        
        
          de Janeiro, 2017.
        
        
          ELETROBRÁS ELETRONUCLEAR - Docu-
        
        
          mento n° DS-G-6647-029202, 2000, 25 p.
        
        
          HABER, Z.B., Saiidi, M.S., Sanders, D.H. Beha-
        
        
          vior and simplifiedmodeling of mechanical
        
        
          reinforcing bar splices. ACI Structural Jour-
        
        
          nal March/April 2015, 179-189 pp.
        
        
          INTERNATIONAL ORGANIZATION STANDA-
        
        
          RIZATION. Steel for the reinforcement and
        
        
          prestressing of concrete - Test methods -
        
        
          Part 1: Reinforcing bars, wire rod and wire.
        
        
          ISO 15630-1. Genebra, Suiça, 2009.
        
        
          INTERNATIONAL ORGANIZATION STANDARI-
        
        
          ZATION. Steels for the reinforcement of con-
        
        
          crete—Reinforcement couplers for mecha-
        
        
          nical splices of bars —Part 2: Test methods.
        
        
          ISO 15835-2. Genebra, Suiça, 2009.
        
        
          LENTON Taper Threaded Rebar Splicing Sys-
        
        
          tems, Cleveland, EUA, 2011, 20 p.
        
        
          LENTON LOCK Especificação Técnica Cleve-
        
        
          land, EUA, 2011, 1 p.
        
        
          NGUYEN, D. P., MUTSUYOSHI, H. Influence
        
        
          of Quality of Mechanical Splices on Beha-
        
        
          vior of Reinforced Concrete Members. Re-
        
        
          search Report of Department of Civil and
        
        
          Environmental Engineering, Saitama Univ.,
        
        
          Vol.41, 2015, 32-43 pp.
        
        
          
            ARTIGO TÉCNICO
          
        
        
          |  AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DE LUVAS PARA EMENDAS MECÂNICAS