Revista Estrutura - edição 1 - page 46

REVISTA ESTRUTURA
| JULHO • 2016
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diferença entre as resistências dos con-
cretos do pilar e laje é pequena.
Aos modelos reduzidos VI e VII foi adicio-
nada uma armadura na região do pilar
com concreto de resistência menor e que
não contava com o confinamento da laje.
A resistência do concreto do pilar do mo-
delo VI foi 42% maior que a da laje e do
modelo VII 40% maior. O modelo VI teve
nove barras de diâmetro 5,0 mm funcio-
nando como armadura e o modelo VII um
terço desta armação, ou seja, três barras
de 5,0 mm. Sendo assim o primeiro deles
apresentou uma perda efetiva de resis-
tência na casa de 13% e o modelo VII algo
em torno de 16%, bem abaixo da perda
apresentada pela segunda série do mo-
delo V de 38%. Estas perdas, porém, são
superiores àquela devida somente a es-
beltez. Conclui-se, então, que mesmo
com reforço de armadura compensando
em parte a falta da laje, ainda assim, a
perda efetiva é significativa quando ine-
xiste confinamento do concreto em duas
das faces do pilar na faixa que o mesmo
apresenta concreto de resistência menor.
Pode-se concluir, portanto, que até um
certo limite de resistência maior do pilar
quando comparado à da laje, o confina-
mento dado pela laje presente em ape-
nas duas faces do pilar seja suficiente,
porém, com os resultados dos modelos
reduzidos VI e VII nota-se que este limite
é inferior ao de 40% proposto pela maio-
ria das normas e pesquisadores. Ana-
logamente ao que foi feito para o pilar
central sugere-se uma redução da curva
proposta por Gamble e Klinar, 1991, que
cubra esses resultados. Essa correção
está mostrada pela equação 6.
Foram analisados pelo método dos ele-
mentos finitos os casos de pilares inter-
nos rodeados apenas por vigas, ou seja,
sem a presença de laje. Algumas normas
e pesquisadores, como é o caso do ACI-
318, sugerem que o modelo em questão
seja tratado semelhantemente ao mo-
delo com laje nas quatro faces, impondo
apenas a condição que as vigas tenham
aproximadamente a mesma altura. Con-
trariamente concluiu-se que as vigas,
sendo largas ou estreitas, não propor-
cionam o mesmo confinamento que uma
laje proporcionaria. Notam-se regiões,
figura 28, onde aparecem tensões de tra-
ção no pilar onde o concreto tem menor
resistência que correspondem exata-
mente àquelas onde este não está con-
finado por ausência de material ao redor.
No caso de vigas estreitas essas regiões
são maiores e no caso das vigas largas,
com a largura igual à da face do pilar, es-
sas regiões se encontram nos cantos do
mesmo. Nesses dois casos a tensão mé-
dia de confinamento resulta nula e o au-
mento de resistência por consequência
também. Uma estrutura composta por
laje mais viga pode ter a resistência efe-
tiva melhorada quando comparada com
outra composta somente por laje, esse
estudo, porém, não foi realizado nesta
pesquisa.
Este estudo abordou alguns casos de pi-
lares sob parâmetros que foram fixados
de forma a se aproximarem da realidade
de projeto e viabilizarem esta pesquisa.
Existem, porém, outras variáveis que
também podem ser consideradas como,
por exemplo: cargas excêntricas em pi-
lares, solicitação à flexão do pilar, cargas
aplicadas nas vigas e lajes que o rodeiam,
variações na forma dos pilares, lajes e
vigas e nos valores das resistências dos
concretos utilizados, pilares de borda
com apenas uma das faces sem confina-
mento, que sendo essa mais alongada
pode reduzir significativamente a resis-
tência final do conjunto, seções diversas
de pi- lares, retangular ou circular; outros
tipos de reforços de armadura, talvez
em espiral, entre outros. Fica a sugestão
para novos estudos sobre esse assunto
ainda pouco pesquisado para se conhe-
cer melhor o comportamento dessas in-
terfaces com pilares.
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ARTIGO TÉCNICO
| CONFINAMENTO DADO POR LAJES E VIGAS
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