Revista Estrutura - edição 4 - page 49

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VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
| AS ESTRUTURAS E O ARQUITETO
O ENSINO DE SISTEMAS
ESTRUTURAIS NO CURSO
DE ARQUITETURA
P
arece bastante claro que o ar-
quiteto deve dominar suficiente-
mente os aspectos estruturais do
projeto arquitetônico. De fato, ele
cria formas e divide espaços, tornando-
-se completamente comprometido com
a viabilização de uma estrutura que pro-
porcione tais pretensões e sustente as
cargas daí advindas.
O que, entretanto, resulta numa ques-
tão sobremaneira intrigante e desafiado-
ra é o que seria um conhecimento estru-
tural adequado e suficiente e como deve
o ensino do mesmo ser ministrado nas
escolas de arquitetura.
A consulta pessoal a um número ele-
vado de arquitetos e estudantes de ar-
quitetura me indicou, majoritariamente,
descontentamento com o curso que
tiveram na área estrutural e uma sen-
sação de frustração em relação ao re-
sultado esperado. Creio que a primeira
causa deste problema é a inadequação
do professor de estrutura designado
para tal função. Na sua quase totalida-
de, os professores destas disciplinas
são engenheiros que, independente da
titularidade acadêmica e do grau de co-
nhecimento que possuem do assunto
estrutura, não tem vivência com arquite-
POR JUSTINO VIEIRA
tos, não conhecem suas necessidades e
carências por não conhecer seu proces-
so de trabalho.
Costumo fazer uma analogia: provi-
denciar um professor de estrutura para
o curso de arquitetura é como contratar
um professor para ensinar português no
Japão. Não basta, obviamente, que o can-
didato seja um mestre na língua portu-
guesa. Se ele não souber também, ainda
que um tanto superficialmente, o japonês,
o curso será totalmente inviável. Resumin-
do: creio ser fundamental que o professor
tenha fluência, tanto da linguagem da en-
genharia quanto a da arquitetura.
O segundo aspecto problemático é
mais profundo e conceitual. Vou começar
definindo como vejo a atuação de arqui-
tetos e engenheiros. Enquanto este é um
profissional de análise, que visa conhecer
em detalhe determinado assunto, o arqui-
teto é um profissional de síntese, que deve
ter conhecimentos mais difusos, porém
extremamente abrangentes, de inúmeros
tópicos ligados ao fazer arquitetônico.
Apelando novamente para uma analo-
gia, compararia o arquiteto a um maestro
e o engenheiro a um músico, digamos,
um trompista. Provavelmente poucos
maestros sabem tocar trompa, entretan-
O CURSO DEVERIA PRIVILEGIAR O CONHECIMENTO DAS ESTRUTURAS,
POIS SE TRATA DE FATOR FUNDAMENTAL PARA O BOM EXERCÍCIO DA PROFISSÃO,
ALÉM DE FACILITAR O RELACIONAMENTO COM O PROJETISTA
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