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gaste de seus componentes mecânicos,
ou por excitações externas propagadas
através do solo ou da própria estrutura
de suporte.
3 – CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
Os efeitos das vibrações sobre o ho-
mem são de ordem fisiológica, os efeitos
significativos sobre as construções têm
início onde as vibrações tornam-se insu-
portáveis às pessoas. Os efeitos sobre as
máquinas e aparelhos são de ordem fun-
cional, ou seja, mecânicos.
Devido à grande variedade de efeitos,
tornou-se necessária a tentativa de se
estabelecer um critério para avaliação
dos danos provocados pelas vibrações.
4 – EFEITOS SOBRE AS
PESSOAS
O corpo humano é o mais completo
e complexo dos sistemas. Os estudos
desenvolvidos até o momento sobre a
atividade elétrica do cérebro mostram,
através de eletroencefalogramas, quatro
tipos de ondas principais denominadas
DELTA, THETA, ALFHA e BETA, nas res-
pectivas freqüências de (O a 4), (4 a 7), (7
a 14) e (14 a 40) ciclos por segundo.
O nível DELTA corresponde ao sono
profundo e até o momento permanece
indecifrável.
As alucinações se manifestam no início
de THETA em torno da freqüência de 5Hz.
Cirurgias sem anestesia podem ser reali-
zadas em torno de 6Hz, onde não temos
consciência de tempo nem espaço.
As visões e estados criativos aconte-
cem entre 6 e 9Hz. O nível ALFHA cor-
responde ao estado de relaxamento
ou sono controlado e é também usado
como tratamento de certas doenças. O
nível consciente exterior, BETA, corres-
ponde ao mundo físico. Com a ajuda de
aparelhos eletrônicos e algumas sema-
nas de treinamento, certas pessoas con-
seguem alcança r perfeito controle sobre
o organismo alterando a freqüência do
corpo para facilitar determinadas tarefas.
As excitações externas modificam a
freqüência humana e, em determinados
níveis, tornam o trabalho ou qualquer ou-
tra tarefa impraticável.
Irritações, tonteiras e vômitos, caracte-
rizam a resposta humana inicial à nocivi-
dade de certas vibrações.
A tentativa de uma classificação dos efei-
tos das vibrações sobre as pessoas tem
sido objeto de estudo por vários pesquisa-
dores. Buzdugan (1) mostra os resultados
obtidos por Dieckmann, Solimam, Reiher-
-Meister, entre outros, onde se nota gran-
de divergência nos valores propostos.
A posição da pessoa, sentada, deitada
ou de pé, aliada à diferente sensibilidade
de cada indivíduo a vibrações, forma a cau-
sa principal da diferença dos resultados.
Assim, a mesma pessoa sente sensação
diversa em posições diferentes, quando
exposta à mesma intensidade de vibração.
Numa grande parte dos estudos efe-
tuados foram usadas as três grandezas
específicas do movimento, aceleração,
velocidade, amplitude, ou ainda grande-
zas compostas, intensidade de vibração,
energia unitária de vibração e energia
cinética, para estabelecer os critérios de
conforto ou de danos.
Modernamente, tenta-se relacionar
quase que exclusivamente os efeitos das
vibrações em função da velocidade das
partículas, pois esta engloba a amplitude
e a freqüência.
A tabela nº 1 foi baseada na obser-
vação de autores diversos e nas expe-
riências vividas pelo autor em centenas
de projetos de fundação de máquinas e
equipamentos nos últimos quinze anos.
Vibrações com velocidade abaixo de
0,3 mm/s podem ser percebidas com as
pontas dos dedos, enquanto que para
leituras acima de 50 mm/s são necessá-
rios equipamentos especiais.
5 – EFEITO SOBRE AS
CONSTRUÇÕES
O Brasil está situado numa zona ter-
restre considerada de baixa sismicidade.
Nossas normas não exigem que as estru-
turas sejam analisadas sob o aspecto de
Terremotos. Entretanto, algumas obras
de caráter especial, como, por exemplo,
Centrais Atômicas, a consideração anti-
-sísmica é obrigatória. O grande proble-
ma que aparece em tais casos é definir
os valores das ações, pois as mesmas
são aleatórias, obrigando uso de dados
estatísticos para conseguir-se estabele-
cer valores razoáveis dos possíveis efei-
tos das vibrações. O efeito do vento já
foi anteriormente abordado pelo autor
(6), enquanto que o tráfego de veículos
somente causa danos a construções an-
tigas, ou muito próximas a vias férreas
onde o isolamento tipo trincheira, cujas
dimensões são estabelecidas em função
do comprimento da onda, pode alcançar
bons resultados. De maior interesse são
os efeitos causados pelas máquinas e pe-
las explosões.
6 – EFEITO DAS EXPLOSÕES
Torna-se cada dia mais freqüente o
emprego de explosivos nos diversos ra-
mos da engenha ria, na tentativa de redu-
ção de custos e prazos.
No passado, as explosões eram usadas
quase que exclusivamente no campo mi-
litar e nas minas, sendo que atualmente
devido aos novos explosivos,
acessórios, maior facilidade
e segurança de manuseio, as
explosões são usadas em to-
dos os lugares onde qualquer
outro recurso técnico teria
menor rendimento.
Em contrapartida, as ex-
plosões, além do barulho e
pressão de ar, provocam in-
desejáveis vibrações as quais
se propagam através do solo
podendo causar danos ge-
neralizados às construções
próximas e desconforto às
pessoas. Surge, assim, a necessidade do
controle das vi brações provocadas por
explosões, um problema aparentemente
simples, mas, até o momento, sem uma
solução teórica satisfatória.
7 – QUANTIDADE DE
EXPLOSIVOS
ários critérios já foram apresentados na
tentativa da predeterminação da quanti-
TABELA Nº 1
RESPOSTA HUMANA A VIBRAÇÕES
Vm m/s RESPOSTA HUMANA TRABALHO
0,3 a 0,5 quase imperceptível
não afetado
0,5 a 1,0 perceptível
não afetado
1,0 a 2,5 nítida
pouco afetado
2,5 a 5,0 suportável
afetado
5,0 a 10 incômoda
muito afetado
10 a 20 desagradável
quase impossível
20 a 35 perturbadora
impossível
35 a 50 insuportável
impossível