Revista Estrutura - edição 6 - page 55

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hoje demolida5. A concepção simbólica
de cada uma dessas peças é desenvolvida
em seus textos posteriores.
A igreja
Cristo Obrero y Nuestra Señora
de Lourdes
se destaca por sua resolução
criativa estrutural, construtiva, formal e
espacial.
DESCRIÇÃO DA IGREJA
A igreja consiste de um templo, cuja
planta baixa é aproximadamente retan-
gular, um batistério subterrâneo circular
e uma torre do sino cilíndrica, três estru-
turas que foram construídas com cerâmi-
ca reforçada, que é um ramo da alvenaria
reforçada, onde as unidades são tijolos
cerâmicos sólidos ou ocos. Os tijolos
são unidos por argamassa estrutural de
cimento e areia. O reforço estrutural do
material composto é feito de barras de
aço colocadas nas juntas da argamassa.
Não foi encontrado o conjunto com-
pleto das plantas baixas originais da
construção. Portanto, não existem infor-
mações sobre alguns elementos estrutu-
rais. A descrição a seguir é baseada em
relatórios escritos ou orais de Dieste, nas
narrações do engenheiro Marcelo Sasson
(o principal assistente de Dieste por oca-
sião da obra), e em desenhos, fotos e tex-
tos disponíveis, além de algumas poucas
amostras e pesquisas das estruturas.
A CONSTRUÇÃO PRINCIPAL
O templo tem apenas uma nave. Sua
planta baixa, aproximadamente retangu-
lar, tem 33m de comprimento e 16m de
largura. A altura da nave varia entre 7m
nas paredes laterais e 8,40m nos pontos
mais altos do eixo.
Um conjunto contínuo de abóbadas de
dupla curvatura de cerâmica reforçada
forma a parte superior. Essas abóbadas
têm diretriz catenária (curva plana). Seus
vãos livres variam entre 13,20m e 18,80m
e suas elevações entre 0,07m e 1,40m.
Cada abóbada individual (barra) tem 6m
de largura. As cargas verticais das abó-
badas são suportadas por paredes em
ambos os lados. Os impulsos horizontais
das abóbadas são transportados por duas
vigas horizontais curvas (placas curvas),
que são presas à linha da mola das abóba-
das. Ao mesmo tempo, essas vigas curvas
transferem as cargas horizontais às barras
de aço (membros elásticos) que estão alo-
jados dentro das abóbadas, nas catenárias
mais baixas, ou seja, naquelas que têm
as menores elevações. Note que as traje-
tórias desses membros elásticos não são
linhas retas, mas catenárias com elevações
muito pequenas (7cm). Isso assegura que
os membros elásticos permaneçam ocul-
tos dentro da abóbada. Como os impulsos
horizontais simétricos pressionam igual-
mente ambos os lados de cada membro
elástico, um neutraliza o outro.
Três camadas de alvenaria constituem
a espessura das abóbadas. Cada camada
tem seu tipo particular de alvenaria e sua
função. A camada interior (intrados) tem
tijolos sólidos e finos (12cm x 25cm, 2cm
de espessura). A camada intermediária
tem tijolos ocos (25cm x 25cm, 8cm de es-
pessura). Barras de aço reforçado são alo-
jadas nas juntas da argamassa, entre os
tijolos dessas duas camadas. A primeira
e a segunda camadas de tijolos têm uma
finalidade estrutural. As duas são unidas
por meio de uma camada de argamassa.
A camada externa (extrados) tem tijolos
sólidos (12cm x 25cm, 2cm de espessura),
de baixa densidade. Ela opera como iso-
ladora térmica e protetora mecânica. Ela
não tem qualquer papel estrutural.
Na pedra chave na abóbada que coin-
cide com o presbitério um conjunto de
apenas janelas circulares deixam que a
luz natural recaia sobre o altar.
As duas paredes laterais têm 7m de al-
tura. Elas são superfícies lisas niveladas
com o uso de régua, geradas pelo movi-
mento de uma linha reta (geratriz) repou-
sando sobre duas diretrizes: uma diretriz
horizontal em linha reta ao nível do solo e
uma diretriz horizontal ondulante coloca-
da a uma altura de 7m. Essas superfícies
lisas niveladas com o uso de régua têm
uma espessura de 30cm. Elas são for-
madas por duas camadas contíguas de
alvenaria sólida, que são unidas por uma
folha de argamassa estrutural.
As paredes laterais são fundamentadas
sobre pequenos pilares (0,15m de diâme-
tro) concretados
in situ
. Na área superior
das paredes, onde a ondulação é mais
profunda, pequenas janelas retangulares,
com vidros coloridos, levam a luz natural
por todo o altar. A partir da última onda
na parede lateral esquerda, um nicho com
a forma de uma pirâmide truncada é pro-
jetado para fora da construção: a Capela
Nossa Senhora de Lourdes.
As paredes da frente e de trás são es-
truturalmente livres da cobertura e das
paredes laterais. Elas apresentam uma
tipologia variada, com diferentes geo-
metrias. A parede da frente, com a por-
ta principal, tem trechos retos e curvos
localizadas sob o nível do coro (mezani-
no). Nesse nível existem três trechos de
parede com protetores solares que se
alternam com janelas estreitas de ônix,
que permitem a passagem da luz solar do
norte para o templo. Dentro, os confes-
sionários são colocados sob o menciona-
do mezanino, perto da parede da frente.
Uma escada, construída com cerâmica
reforçada, leva ao coro, que tem um guar-
da-corpo de tijolos perfurados.
A parede de trás é, em sua maior parte,
lisa. Sua face interna apresenta tijolos de
tipos diferentes. A área do altar, hierarqui-
zada por um Cristo de madeira entalhada,
é parcialmente circundada por uma pa-
rede baixa de tijolos reforçados. Atrás do
As três estruturas de igreja foram
construídas com tijolos cerâmicos
unidos por argamassa estrutural
de cimento e areia, com reforço
de barra de aço colocadas nas
juntas da argamassa
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