REVISTA ESTRUTURA
| JULHO • 2016
18
INTERNACIONAL
| COCHABAMBA
COLAPSO DE
UM VIADUTO
EM ARCO EM
COCHABAMBA
(BOLÍVIA)
POR: CARMONA SOLUÇÕES DE ENGENHARIA
1. PONTES EM ARCO
Construções em arco vêm auxiliando os
engenheiros estruturais a vencer seus
desafios há milhares de anos. Segundo
Torroja 1991, civilizações antigas contam
sobre lendas que atribuem a construção
dos arcos ao demônio.
Sua grande vantagem vem da possibli-
dade de vencer grandes vãos mobili-
zando esforços preferencialmente de
compressão no arco (figura 1), para os
quais sempre houve certa “facilidade”
em se obter materiais competentes
para absorvê-los, tais como, pedras, ar-
gamassas, alvenarias ou concreto.
Homens engenhosos notaram e utiliza-
ram as virtudes do arco a partir do es-
tudo de funículos (cabos). Antonio Gaudí
(1852 – 1926) construiu modelos físicos
reduzidos utilizando cordas com massas
suspensas para definir a geometria dos
arcos das cúpulas da igreja da Sagrada
Família em Barcelona, Espanha (figuras 2
e 3). Invertendo a geometria das cordas,
Gaudí os transformava em “arcos anti-
-funiculares” transformando esforços de
tração em esforços de compressão de
mesmo módulo (figura 4).
No Brasil, esse partido estrutural é
encontrado com frequência em obras
de infraestrutura viária e são, em ge-
ral, constituídas por arcos de concreto
armado e tirantes rígidos também de
concreto armado ou pendurais metáli-
cos (figuras 4 a 8). A necessidade de se
transferir as cargas aplicadas sobre o
tabuleiro para o arco por meio dos ti-
rantes da forma mais distribuída possí-
vel (não pontual), evitando assim o sur-
gimento de esforços de flexão no arco,
conduz a tensões relativamente baixas
nos tirantes.
Em obras estaiadas, a inclinação dos ca-
bos em relação ao plano horizontal leva
a esforços elevados nesses elementos,
FIGURA 1. PONTE EM ARCO EM SANDÖ NA SUÍÇA,
TIAGO GARCIA
CARMONA
ANTONIO CARMONA
FILHO
THALES GARCIA
CARMONA
THOMAS GARCIA
CARMONA
