Revista Estrutura - edição 1 - page 24

REVISTA ESTRUTURA
| JULHO • 2016
24
INTERNACIONAL
| COCHABAMBA
FIGURA 26. RUPTURA NAS CORDOALHAS E
MARCAS DENTEADAS OCASIONADAS PELAS
CUNHAS.
CONSTRUTORA ALVAREZ LTDA.
6. CONCLUSÕES
O uso de cordoalhas e ancoragens con-
vencionais nos tirantes não é uma op-
ção tecnicamente apropriada. Esse sis-
tema apresenta riscos elevados quanto
ao funcionamento do elemento depen-
dendo exclusivamente da penetração
das cunhas.
Segundo a bibliografia consultada e as
análises realizadas, as cargas aplicadas
antes da injeção da nata de cimento
são consideradas baixas e insuficien-
tes para garantir um adequado dente-
amento e ancoragem das cordoalhas
permitindo a penetração de nata de
cimento entre as partes constituintes
do sistema, prejudicando seu funciona-
mento, tratando-se claramente de um
erro conceitual de projeto.
A falta de denteamento é evidente
pela ausência de marcas nas cordoa-
lhas inspecionadas
in loco
. Tais marcas
foram obtidas em todos os ensaios de
comprovação realizados. Como os aços
de protensão de alta resistência apre-
sentam superfícies demasiadamente
lisas e duras, a cunha necessita de um
grau de dureza adequado para garan-
tir o funcionamento do denteamento.
Alguns autores recomendam a utiliza-
ção de cunhas tripartidas ao invés de
cunhas bipartidas já que as tripartidas
se ajustam melhor no entorno do aço
de protensão. Essa questão foi coloca-
da à prova pelos ensaios realizados que
mostraram desempenho adequado
com materiais idênticos aos utilizados
na obra.
É importante salientar que os especia-
listas que participam dos trabalhos de
avaliação das causas do sinistro não têm
conhecimento de artigos, normas ou bi-
bliografia técnica que referencie o proje-
to ou construção de obras de arte com
o sistema utilizado, ou seja, com tirantes
flexíveis constituídos por cabos proten-
didos convencionais. Assim como em
pontes estaiadas, um adequado sistema
de ancoragem deve prever dispositivos
especiais, tais como o controle rigoroso
de aplicação de cargas nas cordoalhas
em cada fase construtiva e sistemas
de amortecimento que garantam o não
afrouxamento das cunhas pela variação
de tensão nos cabos oriunda das cargas
variáveis sobre o tabuleiro.
7. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
COMITÊ EUROPÉEN DE NORMALISATION.
EN 1993-1-11
. Eurocode 3 - Design of
steel structures - Part 1-11: Design of
structures with tension components.
STEEL BRIDGE GROUP.
Guidance Note
N° 4.05.
Design of structures with ten-
sion components.
LEONHARDT, Fritz.
Construções de
concreto: vol. 5: Concreto Proten-
dido.
Tradução de João Luís Escoste-
guy Merino. Rio de Janeiro: Ed. Inter-
ciência, 1983.
GIAEVER, N. A. Faulty Prestressing caus-
ing local damage to bridges during
construction. In KROKEBORG, J.
Strait
Crossings 2001.
Países Baixos: Swets
& Zeitlinger Publishers, 2001, p. 181-185.
SNIJDER, H. H. et al. Slip in Hanger Cable
Anchorages of Dintelhaven Railway
Bridge Rotterdam.
IABSE Congress
Report,
17th Congress of IABSE
,
Chi-
cago, 2008, p. 96-97.
Thompson, A. G. 2004.
Performance of
cable bolt anchors – An update
. In A.
Karzulovic and M. A. Alfaro (eds.), Pro-
ceedings of the MassMin 2004, Santiago,
Chile, 22-25 August, pp. 317-323. Santia-
go, Chile: Chilean Engineering Institute.
CHACOS, Gregory P. Wedge forces on
Post-Tensioning Strand Anchors. PTI
Technical Notes, Arizona, p. 1-4, 1993.
GANIC, Ejup N.; HICKS, Tyler G. McGraw-
-Hill’s Engineering Companion. New
York: McGraw-Hill, 2003.
FIGURA 27. COMPORTAMENTO DE PENETRAÇÃO DA CUNHA NOS TESTES REALIZADOS.
Carga
aplicada
Porcentagem da
carga de ruptura
Pentração
da cunha
SITUAÇÃO
(kN)
(%)
(mm)
0
0%
0
34
18%
3.5
39,7
21%
4,1
Equivalente a peso próprio tablero
51,1
28%
4,1
87,9
47%
4,9
Carga de serviço relativa ao peso
próprio + carga acidental
119,1
64%
5,3
209,9
113%
7,6
Ruptura da Cordoalha
TABELA 1. FASES DE CARGA APLICADAS NOS TESTES.
1...,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23 25,26,27,28,29,30,31,32,33,34,...68
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