REVISTA ESTRUTURA
| JULHO • 2016
26
NOSSO CRAQUE
| AUGUSTO CARLOS DE VASCONCELOS
O ETERNO
ESTUDANTE
O MESTRE VASCONCELOS APONTA OS PRÓXIMOS AVANÇOS DA ENGENHARIA E,
AOS 93 ANOS, PESQUISA E TRABALHA EM BUSCA DE NOVIDADES E INOVAÇÕES
O
professor Augusto Carlos de
Vasconcelos é uma referência
na construção civil brasileira.
Maior nome do país na área de
concreto, ele é o primeiro entrevistado
da série Nossos Craques. E fala nesta
entrevista, concedida a Abece sobre Ma-
temática, Cálculo Estrutural, Concreto.
Mas, sobretudo, passa uma mensagem
aos leitores, principalmente aos que
estão iniciando sua formação ou tra-
jetória profissional. “Estudem, tenham
interesse sobre qualquer assunto, pois
nele pode estar uma coisa nova”. Aos 93
anos, Vasconcelos é um leitor e pesqui-
sador voraz, ainda a cata das inovações
da Engenharia. A cada descoberta, ele
escreve um artigo. Sua inspiração? Con-
tinuar contribuindo para o desenvolvi-
mento técnico do setor.
Aprendeu a utilizar o Google e vários
recursos da computação e faz um aviso
aos companheiros: “É preciso se atuali-
zar constantemente para não ficar para
trás. Hoje em dia, tudo é diferente do
que foi no passado. E no futuro, tam-
bém, será diferente de hoje. Por isso, é
preciso ter interesse em acompanhar as
inovações e mudanças que surgem na
construção. Temos que admitir que não
sabemos de nada, pois assim podere-
mos vir a saber das coisas”. Vasconcelos
faz questão de falar sobre debates no
campo das Conjecturas Matemáticas,
que ainda não têm emprego prático.
“Mas podem vir a ter”. E nesta entrevis-
ta, extrapola o âmbito profissional para
repassar lições de vida e de filosofia. “A
cada fase da vida temos um interesse. E
é preciso ir atrás desse interesse naque-
le momento, senão ele se perde e nun-
ca mais volta”. E finaliza. “Esse interesse
não ocorre por dinheiro, mas por desejo
de buscar algo novo e que tenha utilida-
de”. Com a palavra, o mestre Augusto
Carlos de Vasconcelos.
ABECE
–
Professor, o senhor se man-
tém em intensa atividade aos 93 anos.
Ainda escreve artigos?
VASCONCELOS
–
Eu tenho 125 publica-
ções que foram editadas em revistas, sim-
pósios, congressos, no Instituto de Enge-
nharia, no Ibracon (Instituto Brasileiro
de Concreto), e na TQS. Aliás, a TQS está
dispondo um site em meu nome (www.
augustocarlosdevasconcelos.com.br)
com uma série de publicações. São mui-
tos artigos sobre concreto, pré-moldados
e sobre acidentes. Estou escrevendo um
artigo para a TQS intitulado
Conjecturas,
as mais incríveis conjecturas da Matemáti-
ca.
São conjecturas que surgiram há mais
de 350 anos, e algumas nem foram re-
solvidas ainda. Uma delas é a Conjectura
de Fermat (Pierre de Fermat), formulada
em 1637, e que é uma das mais comple-
xas conjecturas, que só foi demonstrada
em 1995 pelo matemático inglês Andrew
Willis. Então os matemáticos são doidos?
Levar tantos anos para demonstrar algo
tão complexo assim? Não é algo tão óbvio
como pode parecer demonstrar essas
conjecturas. A diferença entre uma con-
jectura e um teorema é que o teorema
tem prova. E a conjectura é uma propo-
sição matematicamente consistente, mas
da qual não se tem prova. Pode ser óbvio,
mas é necessário que se tenha prova, aí
sim teremos um teorema. Os navegado-
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