Revista Estrutura - edição 1 - page 30

REVISTA ESTRUTURA
| JULHO • 2016
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tal da capital, com espaços para pedestres
e inclusive ciclistas. Essa foi uma chance
perdida para sempre.
ABECE
– O concreto auto-adensável já
é uma realidade nas obras?
VASCONCELOS
Um exemplo bom
para dar aos construtores é o concreto
auto-adensável. Eu escrevi um artigo
Vi-
brador para concreto é coisa do passado
mostrando que daqui a pouco não vai
mais ser usado vibrador de concreto.
Hoje o aditivo fluido utilizado ainda eleva
o preço do concreto. E como as empre-
sas estão trabalhando no limite, ainda
não estão enxergando isso. Mas a vanta-
gem desse concreto auto adensável é tão
grande que, no computo geral, fica mais
barato, pois reduz muito a mão de obra, o
prazo de escoramento da obra. São van-
tagens de todo os modos. Mas o pessoal
não conta isso ainda como diminuição de
preço, acham que só aumenta o preço.
Mas na hora que o pessoal se conscien-
tizar e começar a utilizar em maior esca-
la, o preço do aditivo cai. Nas fábricas de
estrutura pré-moldadas, hoje em dia, o
concreto auto-adensável é utilizado em
quase 100% da produção.
ABECE
– Como o senhor analisa evolu-
ção do mercado?
VASCONCELOS
Com outras mudanças
novas tecnologias surgirão. Além disso,
outras que hoje ainda são caras com o
tempo estarão mais competitivas. Quan-
do a indústria progredir e oferecer novos
compostos surgirá novos interesses. Eu,
por exemplo, uso o Google para todas
as minhas pesquisas. É muita facilidade.
Nós estamos vivendo uma época que
não existia. Quem disse que isso ia ser
possível algum dia, falar com alguém no
Japão, sem usar a companhia telefônica.
ABECE
Qual argumento utilizar para
convencer os construtores sobre a ne-
cessidadede se evoluir constantemente?
VASCONCELOS
E muito duro conven-
cer uma pessoa que já está acostumada
com uma determinada rotina que exis-
te algo melhor que aquilo. Ele vai dizer:
“eu não quero nada melhor do que isso;
desse jeito está bom; qualquer coisa me-
lhor é supérfluo; eu não vou gastar meu
tempo em aprender uma coisa nova”, e
assim vai. Mas quem fizer seu raciocínio
dessa maneira, esta perdendo uma óti-
ma oportunidade de evoluir. Essa pessoa
nunca vai evoluir na vida. Vai ficar sempre
naquela rotina. E com o passar do tempo,
as coisas vão mudando, e a pessoa não
vai se adaptar a nova situação, pois não
se preparou, em tempo, para enfrentar
os problemas novos. Sendo assim, não
deixe de se atualizar, pois sempre have-
rá coisas novas para aprender, qualquer
que seja o ramo, a atividade, a formação,
você sempre vai se deparar com uma coi-
sa nova, que você não vai aceitar e ao não
aceitar, você tem que resolver. No caso
dos construtores mais ainda. Eles usam
uma mão de obra que já está tão acostu-
mada a fazer algo de uma maneira, que
não aceitam mudar. Não se iludam, para
convencer um operário é mais difícil do
que convencer um colega.
ABECE
– Os profissionais de engenha-
ria que estão chegando ao mercado
estão sendo bem preparados?
VASCONCELOS
Todo aluno que está
fazendo curso necessita de um conhe-
cimento prático num escritório. É con-
veniente que ele procure no último ano
um estágio num escritório para aprender
algo que a escola não ensina. O médico
tem de fazer a residência para receber
os ensinamentos. Para o Engenheiro não.
Devia existir alguma obrigatoriedade
nesse sentido. Todo aluno necessita de
estágio. Nem todos fazem, porque não
aceitam ganhar pouco. Mas ele precisa
vivenciar as questões e levar ao profes-
sor. É muito importante que as escolas
pensem nisso. A Abece poderia organizar
algum programa para incentivar os alu-
nos a procurar alguma atividade dentro
do escritório de cálculo.
E as perguntas são tão numerosas para
um estudante, que nem da para fazer
uma lista:
- dosagem do concreto?
- maneira de compactar o concreto?
- quanto tempo deve fazer a vibração?
- como deve escorar?
- quanto tempo deve ficar escorado?
- quais são os cuidados que se deve na
estrutura ao escorar?
- quais os cuidados a ter ao tirar as es-
coras?
- em que ordem deve-se retirar as esco-
ras?
- por quanto tempo devem ficar?
- atrapalham o movimento lá embaixo?
Por quanto tempo e quais são aquelas
que são retiradas e aquelas que de-
vem permanecer?
As respostas para todas essas perguntas
não são aprendidas na escola. O estu-
dante precisa aprender isso no estágio.
É a lei da vida, ninguém faz nada sem o
aprendizado. A criança só evolui com os
estímulos. Ninguém tem estímulo inato.
Os alunos precisam ser estimulados.
ABECE
– Qual a mensagem que o Sr da-
ria aos profissionais que estão inician-
do na carreira?
VASCONCELOS
O que eu dou é o se-
guinte: não sabemos nada, mas havere-
mos de saber alguma coisa. Portanto,
não deixe de pesquisar, de se interessar
pelas novidades que estão surgindo e
procure colaborar com tudo que possa
a parecer de novo. Mesmo que seja algo
que pareça banal, ou óbvio. Entra naqui-
lo. Porque pode não ser algo tão banal
assim. As coisas boas estão surgindo.
E elas surgem quando se nega o óbvio,
nega que você já sabe. Trabalhe em cima
de qualquer oportunidade que aparece,
qualquer oportunidade aparece uma só
vez na vida. Não desanime, admita que
não sabe nada, mas que pode vir a saber.
NOSSO CRAQUE
| AUGUSTO CARLOS DE VASCONCELOS
Nunca deixe de
se interessar
pelas novidades
que estão
surgindo
e procure
colaborar
com tudo que
pareça novo
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