Revista Estrutura - edição 7 - page 37

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bem assim. Um construtor que faz casas
térreas no interior do país e que não tem
blocos de qualidade perto pode optar
por essa forma mais simples de produzir,
mesmo gastando mais argamassa, por-
que não tem problema de mão de obra
e a conta final é favorável a esse produto.
O objetivo deste artigo é propor critérios
a serem seguidos na análise de viabilidade
de sistemas construtivos alternativos para
a estrutura de concreto. Nas diversas eta-
pas de projeto, deve-se analisar o que pre-
cisa ser definindo para evitar surpresas e
prejuízos para a real viabilidade do sistema
e para o desenvolvimento do projeto.
Obviamente, a melhor etapa de proje-
to para se analisar e definir um sistema
construtivo alternativo é na etapa de
Definição do produto, mas nem sempre
essa análise é feita nesse momento. Pre-
tendemos mostrar também quais os pre-
juízos de uma decisão tardia no processo
de desenvolvimento do projeto e no de-
sempenho da solução alternativa.
Usaremos, como exemplo nesta análi-
se, a introdução de um sistema alternati-
vo de Laje Plana Protendida numa cons-
trutora acostumada a fazer estruturas
convencionais de pilares, vigas e lajes.
Vale ressaltar que as recomendações e
conclusões apresentadas valem também
para o estudo de viabilidade de outros
sistemas.
O SISTEMA CONSTRUTIVO
VARIANTE ANALISADO
Estruturas convencionais são compos-
tas por lajes, vigas e pilares, cada um com
suas funções básicas de ajudar a levar os
carregamentos verticais para a fundação,
ou seja, lajes recebem algumas vedações,
além de revestimento e sobrecargas de
serviço e transferem o carregamento
para vigas. Estas, por sua vez transferem
esse carregamento e mais o das veda-
ções, diretamente sobre elas, para os
pilares. As vigas, associadas aos pilares,
formam também pórticos que são res-
ponsáveis por suportar a ação do vento e
garantir a estabilidade da estrutura.
Outro sistema, a Laje Plana Protendi-
da (“laje cogumelo” com protensão) se
caracteriza por não ter vigas (ou ter ape-
nas algumas), fazendo com que a laje seja
responsável por conduzir todo o carrega-
mento diretamente para os pilares.
Essa é a função básica, um tanto sim-
plista, que pode conduzir a decisões er-
radas, afinal as vigas (aqui eliminadas) e a
própria laje, tem outras funções que não
podem ser negligenciadas.
Inicialmente temos que entender como
a resistência à ação do vento e a estabi-
lidade global da estrutura são garantidas
nos diversos modelos:
Para conferir estabilidade à estrutura
temos 3 maneiras:
Pórticos de Pilares e Vigas: É a forma
mais eficiente que confere rigidez e me-
nor deformação com seções menores de
pilares, conforme figura da direita
Pilares Paredes Isolados: Funcionam
basicamente como uma empena em
balanço com a deformação diretamente
proporcional à sua rigidez, conforme fi-
gura da esquerda.
A terceira maneira é uma combinação
dos dois modelos, que é o que temos
normalmente em nossas estruturas.
A Laje Plana sem vigas funciona basi-
camente com pilares-parede isolados e
tem uma pequena contribuição da laje
para a estabilidade global e capacidade
resistente ao vento.
Desta forma, as vigas e lajes tem outros
papéis na estrutura além de conduzir
carregamentos...
As Vigas
As vigas, além de conduzirem os carre-
gamentos verticais para os pilares, têm
as seguintes funções:
y
y
Ajudar no contraventamento da es-
trutura, viabilizando a estabilidade
global, quando ligadas aos pilares
formando pórticos;
y
y
Ajudar na redistribuição de esforços
e conferir robustez à estrutura no
caso de situações adversas;
y
y
Arrematar vãos de portas e caixilhos
na maioria das arquiteturas.
As Lajes
As lajes também têm outras funções:
y
y
Compartimentação de fogo e acústi-
co entre pavimentos;
y
y
Alojamento das tubulações de elé-
trica e algumas vezes de hidráulica
(quando sistema pex) na maioria
das construções;
y
y
Acomodação das maiores furações
para shafts e passagens de tubula-
ções.
Assim, o sistema construtivo de Laje
Plana Protendida, ao eliminar as vigas,
precisa resolver as questões de:
y
y
Estabilidade Global e capacidade re-
sistente ao vento sem a colaboração
de vigas;
A Estabilidade Global da
Estrutura e a Resistência à Ação
do Vento
FIG.1 – DEFORMADAS DA ESTRUTURA – PILARES PAREDES ISOLADOS E PÓRTICOS DE PILARES
E VIGAS
1...,27,28,29,30,31,32,33,34,35,36 38,39,40,41,42,43,44,45,46,47,...68
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