REVISTA ESTRUTURA
| MAIO • 2019
30
PONTES E ESTRUTURAS
| DEBATE
O
debate técnico sobre alguns
episódios recentes de colap-
sos estruturais em pontes
e viadutos, com ênfase na
ruptura de parte de um viaduto da pis-
ta expressa da Marginal Pinheiros, na
zona Oeste de São Paulo, em novembro
de 2018, não deve priorizar a busca por
culpados, mas sim estar focado nos pro-
blemas efetivos para se tirar lições, de
maneira a prevenir eventos semelhantes
no futuro. De forma resumida, essa foi a
principal conclusão de uma mesa-redon-
da promovida pela ABECE e IBRACON*
em fevereiro deste ano na Escola Politéc-
nica da Universidade de São Paulo.
Denominada
“Obras-de-arte (pontes e
viadutos) em São Paulo”,
a mesa-redonda
contou com palestras e exposições dos
mais respeitados e experientes profissio-
nais da área de engenharia estrutural do
país e atraiu a atenção de 150 pessoas
entre especialistas da área de pontes
e viadutos, engenheiros de estruturas,
acadêmicos, técnicos do setor público e
privado, lideranças setoriais dos segmen-
tos de engenharia e construção, além de
estudantes.
Juntamente com aprofundadas análises
técnicas sobre alguns colapsos registra-
UM VIADUTO
E MUITAS LIÇÕES
MESA-REDONDA PROMOVIDA PELO SEGMENTO DE ENGENHARIA COLOCA
EM EVIDÊNCIA A NECESSIDADE DE ATUAÇÃO HARMÔNICA DAS ESFERAS
PÚBLICA E PRIVADA PARA UMA AÇÃO MAIS EFETIVA EM CASOS DE
ACIDENTES EM ESTRUTURAS DE OBRAS-DE-ARTE
dos, o debate no encerramento do encon-
tro levou a diversas reflexões sobre: inexis-
tência ou insuficiência de banco de dados
sobre o histórico das estruturas existentes
no Brasil; judicialização dessas questões,
com consequentes atrasos na execução
de serviços de manutenção; necessária
alocação de recursos destinado especifi-
camente para vistorias e até a criação de
programas perenes de manutenção pre-
ditiva, corretiva e rotineira. As recomen-
dações incluíram até um debate sobre as-
pectos éticos e culturais da relação entre
as várias instâncias da engenharia.
“Essa mesa-redonda nos revelou uma
sinergia que eu diria histórica entre os
profissionais da engenharia e os repre-
sentantes dos poderes públicos em to-
dos os níveis no tocante a forma de pre-
servar ao máximo as características das
nossas obras-de-arte”, constatou Vitor
Levy Castex Aly, titular da Secretaria de
Infraestrutura Urbana e Obras do muni-
cípio de São Paulo. “Uma coisa nós que
atuamos na engenharia não podemos
fazer é abaixar a cabeça e ficar com senti-
mento de inferioridade. Esse acidente do
viaduto na Marginal Pinheiros nos ensi-
nou várias lições para evitarmos repetir
os problemas no futuro”, acrescentou.
