REVISTA ESTRUTURA
| MAIO • 2019
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APRENDENDO COM OS ERROS
| POUCA DISCUSSÃO ENTRE AS EQUIPES
U
ma ponte de uma importante
rodovia construída nos meados
da década de 90 foi projetada
com vão único de aproximada-
mente 32 metros de comprimento ven-
cido com vigas T de 1200mm de altura,
pré-fabricadas e protendidas. Essas vigas
eram simplesmente apoiadas em apare-
lhos elastoméricos, instalados em duas
vigas T invertido nos encontros da ponte,
que também funcionavam como uma pe-
quena estrutura de contenção (cortina).
Um espaço de 50mm foi previsto entre o
fim das vigas T e a alma das vigas cortinas
no encontro. As vigas cortina (T inverti-
do) nos encontros da ponte funcionavam
também como sapatas corridas apoiadas
em uma estrutura de contenção em solo
reforçado com geossiténtico cuja altura
variava de 8 a 11 metros.
Essa rodovia precisava ser ampliada
com duas novas faixas de rolamento
a serem adicionadas à ponte, uma de
cada lado.
A premissa principal do projeto era am-
pliar a ponte de forma tal que os novos
elementos estruturais deveriam ter com-
portamento semelhante aos existentes
com o objetivo de reduzir movimentos
diferenciais nas juntas do tabuleiro. Du-
POR DAVID OLIVEIRA
INFLUÊNCIA DO ESTADO
LIMITE DE SERVIÇO NO
MODELO ESTRUTURAL
COMO A FALTA DE ENTENDIMENTO OU CONSIDERAÇÃO DO
COMPORTAMENTO GEOTÉCNICO DAS FUNDAÇÕES E DO ESTADO LIMITE
DE SERVIÇO PODE AFETAR AS PREMISSAS DE UM MODELO ESTRUTURAL
rante o projeto básico detalhado, verifi-
cou-se que as alas do muro tinham sido
dimensionadas para a mesma carga im-
posta pela ponte e poderia desta forma
ser adotado o mesmo conceito estrutu-
ral, adicionando-se duas vigas T em cada
lado da ponte, ampliando-se as vigas cor-
tina e o tabuleiro, sem necessidade de
grandes alterações ou adições à estrutu-
ra de contenção.
No entanto, no início da construção, as
seguintes observações puderam ser fei-
tas em campo:
y
y
O encontro ‘A’ da ponte apresentava
um desnível indicando recalques de
165 mm.
y
y
O encontro ‘B’ apresentava um des-
nível indicando recalques de 95 mm.
y
y
O encontro ‘A’ indicava movimento
horizontal de 90 mm em direção ao
centro da ponte. O encontro ‘B’ in-
dicava movimento horizontal de 10
mm em direção ao centro da pon-
te. Deformações observadas nos
aparelhos elastoméricos confirma-
vam os movimentos de que os en-
contros se moveram na direção do
centro da ponte
y
y
O espaço inicial de 50 mm entre
as vigas cortinas e as vigas T, em