REVISTA ESTRUTURA
| SETEMBRO • 2017
36
conhecimento por parte do engenheiro
de campo e muito menos por parte do
tecnologista de concreto.
Helene (2011, p. 39) relata que, por
essa razão, é possível reduzir o
f
ck
por
dispor-se de um resultado que abarca
maior conhecimento dos “desconheci-
mentos”, ou seja, uma vez que é melhor
conhecido aquilo que foi executado, pois
a amostra extraída vem dele (do execu-
tado). Na prática, significa majorar de
algo o resultado do extraído. As normas
existentes e consagradas divergem sobre
essa “majoração”, a saber:
a) o item
12.4.1
da NBR 6.118 (ABNT,
2014)
com base na segurança:
f
ck
= 1.1
▪
f
ck,est
Onde:
aceitando uma redução de
γ
c
em
nome da maior representatividade
de
f
c,ext
em relação a
f
ck,ef
b) o
ACI 318:2005 Building Code Re-
quirements for Structural Concre-
te
, nos itens
9.3
e
20.2
, recomenda:
f
ck
= 1.06 a 1.22
▪
f
ck,est,eq
c) o
EUROCODE II. EN 1992. Dec.
2004. Design of Concrete Structu-
res. General Rules for Buildings.
Annex A
item A.2.3 – EN 13791 As-
sesment of Concrete Compressive
Strength in Structures or in Structural
Elements. p. 200
, recomenda para
revisão da segurança:
c.1) estrutura bem executada revi-
sar a segurança adotando:
γ
s
= 1.05 (ao invés de 1.15)
γ
c
= 1.35 (ao invés de 1.50)
c.2) a partir de testemunhos extraí-
dos, revisar adotando:
f
cj
= 1,18 *
f
c,ext,j
Para ser conservador e estar em con-
formidade com a NBR 6.118 (ABNT, 2014),
deve-se majorar em apenas 10%, apesar
de que esse coeficiente de correção é
muito conservador e francamente a fa-
vor da segurança e contra a economia, se
comparado a valores de outras normas
consagradas.
6 – CONSIDERAÇÕES
FINAIS
De posse da coleta de dados e das in-
formações da estrutura mencionadas an-
teriormente, parte-se para a elaboração
do Parecer Técnico de entrega ao contra-
tante. Como não existe uma norma brasi-
leira da ABNT específica para a inspeção
de fenômenos patológicos em estruturas
de concreto armado, sugere-se adotar o
que prescreve o item 4.2.2 da ABNT NBR
5.674:2012 (ABNT, 2012, p. 2), que descre-
ve um conteúdo básico do relatório de
inspeção, como segue:
a) “descrever a degradação de cada
sistema, subsistema, elemento ou
componente e equipamento da
edificação;
b) apontar e, sempre que possível, es-
timar a perda do seu desempenho;
c) recomendar ações paraminimizar os
serviços de manutenção corretiva;
Quadro 2 –
Tópicos dos laudos e pareceres técnicos
Item
Conteúdo
Introdução
Identificação do solicitante ou contratante
Classificação do objeto da vistoria: tipologia construtiva,
sistema construtivo, nomes dos setores, objeto, documentação
Localização da obra com mapa e foto aérea (fonte Google)
Data de vistoria e relação da equipe técnica
de inspeção e responsável
Fotografias da obra em várias vistas das
fachadas e áreas internas gerais
Anamnese
Relação das normas consultadas
Listagem dos anexos
Desenvolvimento
do corpo
do laudo
Descrição técnica do objeto da vistoria
Nível de verificação da estrutura
Critério e metodologia de inspeção adotados
Descrição dos elementos construtivos vistoriados,
a localização e seus fenômenos patológicos
Classificação, análise das anomalias e grau de risco
Descrição dos ensaios tecnológicos elaborados
em campo e a conclusão destes resultados
Planilhas com os resultados dos ensaios que
determinaram a resistência fck,pot,est da estrutura
Observações pertinentes às inspeções de campo
Corpo do laudo
Analise de não conformidades
Orientações técnicas preventivas
Lista de prioridades das falhas e anomalias, definição dos
aspectos restritivos e indicação de ensaios complementares
Fornecimento de especificações referentes aos métodos
construtivos e materiais que podem ser empregados
nas obras de recuperação e/ou reforços estruturais
Data, assinaturas dos responsáveis e validade do laudo
Conclusão
Conclusões e considerações finais da segurança da estrutura
Anexos
Fotografias, ARTs, plantas, certificados de ensaios
tecnológicos, tabelas de cálculos e outros documentos
Fonte:
Adaptado pelo autor com base no Decreto Federal n
o
6.795 (2009, p. 25-26)
d) e conter um prognóstico de ocor-
rências”.
A adaptação com mais tópicos para a
emissão de laudos sugerido no Decreto
Federal n
o
10.671 (2009, p. 25-26) é o que
mais se assemelha ao que este autor en-
tende como adequado, como ilustrado
no
quadro 2
acima:
Esse trabalho procurou fornecer sub-
sídios análise de estruturas de concreto
de edifícios paralisadas, e assim como
sugestões para uma futura metodologia
brasileira específica para análise, pro-
teção e recuperação de estruturas de
edifícios residenciais ou comerciais em
ARTIGO TÉCNICO
| INSPEÇÃO EM ESTRUTURAS DE OBRAS PARALISADAS